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O Guarda-Redes Joga Mal com os Pés e a Culpa é do Treinador?


Que ouvir e ver programas desportivos em Portugal é algo que não se coaduna com quem gosta da verdadeira essência do desporto e do Futebol em específico, já não é novidade. Novidade é ouvir barbaridades como ouvi por aí, num desses famosos programas, com os artistas da bola. O Rio Ave põe-se a jeito, pois o seu guarda-redes joga mal com os pés, é obrigado pelo seu Treinador a fazê-lo e, como tal, coloca-se a jeito para sofrer golos. Então e o resto?!
Depois de mais uma bela partida do Rio Ave, com uma demonstração cabal de força e qualidade frente ao TetraCampeão Benfica que lhe valeu apenas um ponto, em vez de realçarem a qualidade e atitude implementada através do seu Modelo de Jogo, estes “gurus” do Futebol vêm falar que o guarda-redes vila-condense joga mal com os pés??? De certeza que não houve mais nada digno de registo e destaque para esses “entendidos” que habitam nesses programas “sobre” Futebol?
Já há alguma melhoria dentro do meio, mas continua-se a dar importância aos faits divers e pouca importância ao estilo, à análise, às novas ideias esculpidas pelos Treinadores da nova geração portuguesa. Porque só se dá valor quando o escultor é elogiado lá fora, longe da nossa atenção…
E, mais do que elogiar a qualidade evidenciada pela equipa de Miguel Cardoso, é, para mim, essencial perceber o tipo de futebol que tanto apaixona os adeptos e começa a ser falado, ao contrário da gonorreia debitada num desses programas desportivos, como de costume.


Não sou um claro defensor de um só género estilístico dentro do jogo, nem é isso que pretendo demonstrar neste artigo. Gosto de enfatizar quem traz novas ideias e tem convicções importantes para dentro da comunicação intrapessoal com os seus atletas. E, será nesse sentido, que sou convicto em afirmar que é, nos dias de hoje, uma grande vantagem a utilização clara do guarda-redes como mais um elemento para a manutenção da posse de bola e criação de perigo para a equipa adversária e que será um exemplo a ser claramente implementado na nova filosofia dentro dos variados estilos.
É certo que nem todos têm a qualidade desejada para o fazer, mas é hoje um método cada vez mais procurado pelos Treinadores e, por quem observa, pois traduz-se claramente num benefício para a equipa dentro do terreno de jogo. Se um guarda-redes não estava habituado a utilizar os pés, pois o seu Treinador pretendia não correr riscos na primeira fase de construção, é por isso que se torna mau com os pés? Se não estamos no trabalho diário realizado nas sessões de treino, poderemos chegar ao ponto de idealizar que o guarda-redes é mau quando falha um passe na primeira fase e criou perigo para a sua equipa? Então e todos os passes em que conseguiu ajudar a ultrapassar a primeira linha de pressão do adversário e assim ficar mais próximo do objectivo do jogo, o golo? Não conta?
Recordo-me de ver o jogo Rio Ave vs Benfica e, na primeira parte, assistir a uma quantidade assinalável de vezes em que Cássio ultrapassou a primeira barreira de pressão do Benfica através da qualidade de passe para as zonas laterais, conseguindo criar perigo a partir daí. Terei sido só eu?
É, de facto, um grande risco jogar curto, mas acredito e observo que as equipas que melhor sabem sair de zonas de pressão e encontrar as soluções necessárias são as que mais perto estão dos seus objectivos. Se o Guarda-Redes é, como sempre me ensinaram, o único atleta de frente para o jogo todo, quem melhor para encontrar todas as soluções necessárias dentro do terreno de jogo? É difícil consegui-lo, mas tudo se trabalha, assim como o jogo de pés do guarda-redes… 

                                                                      Ricardo Carvalho

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