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Três Dicas para Melhorar a Comunicação dos Guarda-Redes


A Comunicação é, a meu ver, uma das características essenciais para performances de qualidade superior nos Guarda-Redes. É normal, tanto ao nível da Formação como ao nível Sénior, vermos os Treinadores a pedirem/exigirem aos seus Guarda-Redes para comunicar. A questão essencial é: Comunicar o quê? Quando? Como?
É importante referir que a Comunicação (para o objectivo deste texto focamos só a comunicação verbal) é um processo complexo que exige que haja pelo menos 2 interlocutores: um emissor que emite a mensagem e um receptor que descodifica a mensagem. A mensagem normalmente é passada num ambiente com muito ruído (subentenda-se ruído como interferências no Processo de Comunicação). Num jogo de Futebol este ruído é ainda maior, pois não se trata apenas de barulho externo, mas também de todo o processo cognitivo envolvido no jogo, normalmente referido como leitura de jogo. É essencial frisar a importância da descodificação da mensagem por parte do receptor (em cada contexto) e da capacidade de leitura de jogo porque são, na minha opinião, conceitos que se relacionam e que são importantes para melhorar a comunicação do Guarda-Redes. 


DICA 1: Intensidade

A Comunicação deve diferir nos vários momentos e ritmos de jogo e do contexto específico de cada jogada. Um exemplo simples de um contexto com acção do Guarda-Redes será uma bola aérea dividida: o Guarda-Redes tem de comunicar de forma intensa e forte, mostrando presença, comando e domínio do espaço e até alguma agressividade (para intimidar). Um exemplo da Comunicação com colegas de equipa pode ser uma situação de saída de bola: se existe ou não pressão, um simples “tens homem” pode significar coisas diferentes dependendo da intensidade que dermos à nossa voz pela carga emocional associada, pois se for de uma forma intensa e forte o colega fica mais atento e desperto e é porque provavelmente o homem está muito perto. Por sua vez, se for de forma mais suave o colega sabe que está a chegar homem, mas que ainda tem algum tempo.

DICA 2: Duração

O jogo é rápido e não há muito tempo para pensar e decidir, até porque a concentração do atleta tem de estar no jogo, tanto na leitura do jogo como nas várias acções técnico-tácticas que acontecem em simultâneo. Para um Guarda-Redes, quando comunica com os seus colegas, isto é importante, pois as suas palavras em jogo corrido têm de ser fáceis, rápidas e perceptíveis de entender à primeira. Portanto um “tens homem” é totalmente diferente de “homem”. É só uma palavra, mas faz diferença assim como em outras expressões.

DICA 3: Especificidade

A Comunicação para os colegas de equipa, principalmente quando o Guarda-Redes está a “comandar as tropas” no processo defensivo, tem de ser precisa e não pode permitir mal entendidos. Em termos práticos, o que acontece muitas vezes quando começamos a dar mais ênfase à Comunicação é que o Guarda-Redes comunica algo deste género: “olha aqui”, “olha ali”. Isto acontece muito frequentemente. E apesar do Guarda-Redes estar a comunicar, o conteúdo da mensagem é basicamente nulo. A estratégia passa por dar indicações precisas “direita”, “esquerda”, “costas”, “meio”, etc. E, quando possível especificar, o nome do colega. 


A Comunicação Verbal na Formação não é um processo fácil. Porquê? Porque, tal como referi anteriormente, para comunicar com qualidade é necessário capacidade de ler o jogo, aliando depois esta acção à capacidade de antecipar o que vai acontecer de seguida (sem contar com as acções técnico-tácticas, como, por exemplo, o posicionar-se). Outra noção importante é que a Comunicação é associada muitas vezes (no Guarda-Redes) à sua presença na baliza. O meu conselho para os Guarda-Redes passa por trabalharem bastante a Comunicação, uma vez que isso vai permitir-vos estar mais dentro do jogo e vai torná-los melhores Guarda-Redes (nem que seja só para quem vê de fora…).
O contexto de equipa é extremamente importante na Comunicação “Guarda-Redes – Equipa”, pois existe uma linguagem comum (no contexto) que permite uma maior capacidade de entendimento entre os vários intervenientes no processo de Comunicação (todos têm de falar “a mesma língua”).
Para os Treinadores de Guarda-Redes é importante fomentar o Guarda-Redes a comunicar, começando logo no treino específico e depois no treino integrado (essencial). Depois explicar as dicas acima descritas. Um grande problema para os Guarda-Redes é muitas vezes o que dizer? O que falar? Explicar aos Guarda-Redes quando falar, o que falar e o porquê de falar é muito importante. O melhor processo será quase como trocar de posições com o colega de campo. Peçam aos vossos Guarda-Redes para se colocarem na pele do colega de equipa. O que eu gostaria que me dissessem em determinado momento do jogo?

Juntos somos mais fortes.

                                                                       Miguel Menezes




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