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Guarda-Redes - A Posição Solitária


Num desporto onde o golo é caro o Guarda-Redes (GR) tem a seu encargo uma das tarefas mais importantes dentro do jogo: negar o golo. A exigência cada vez mais crescente do jogo para com o GR obriga a ter GRs mais capacitados nos vários momentos de jogo. Esta é uma posição diferente das outras: não só por vestir uma camisola diferente, usar luvas e ter regras específicas. A importância que o erro tem no jogo. O erro é cruel e está sempre a nu. Quase como se estivesse sempre a espreitar ao virar da esquina. Pela facilidade em encontrar um culpado simples e declarado para um momento marcante do jogo que move milhões a todos os níveis, a exposição mediática sobre o mesmo é enorme, de fácil julgamento e muitas vezes, para não dizer a maioria das vezes, desprovida de conhecimento, tanto de causa como teórico-prático.

O jogo do GR é um jogo de detalhes, pormenores que no seu conjunto fazem a diferença entre defender uma bola ou levar um golo. Para além de toda a análise detalhada técnico-tática temos de olhar para lá do atleta e chegar ao homem. E esse homem tem emoções, estados de espirito, família e problemas. Como todos os outros. Isto não serve de desculpa para o erro, mas sim para percebermos que não podemos assim tão facilmente julgar o homem. Para analisarmos o rendimento de um atleta temos de o analisar em todas as suas vertentes e sem julgamentos de valor. Em certa parte devemos olhar também o potencial. Quando fazemos uma análise nunca nos poderemos esquecer do ambiente que o rodeia: o chamado contexto. Uma nota importante: não julgar o atleta e o seu rendimento sem conhecimento de causa, principalmente quando o atleta já demonstrou por inúmeras vezes as suas qualidades.



O contexto é muito importante para percebermos que a performance não depende somente do atleta numa vertente técnico-tático-física. Mas talvez e acima de tudo a coordenar tudo o resto: o aspeto mental. A resiliência mental é um aspeto cravado na maioria dos GRs de alto nível. Para lá chegarem passaram por muitos momentos de insucesso, refletiram e cresceram. Adquiriram habilidades mentais que lhes permitem continuar a crescer o seu jogo. Mas de repente tudo muda: saem da zona de conforto. O contexto muda e com ele vem a capacidade de adaptação. E voltará logo a ter sucesso? Serão pedidas as mesmas coisas? É o mesmo “peso”? É a mesma pressão dos média, dos colegas, do treinador, dos adeptos e do clube? 




Como seres humanos sempre tivemos a capacidade de nos adaptar, evoluir e continuar a crescer. Porque a evolução é a dos mais fortes, dos mais capazes. Daqueles capazes de se adaptarem, evoluírem e terem a resiliência de quando falharem, levantar a cabeça, refletir e aprender com os erros. Mais impactantes no jogo e nos resultados o que obriga a formar homens com grande capacidade de sofrimento, um estofo mental acima da média e uma capacidade de trabalho exemplar. Porque será sempre fácil criticar. Mas continuar na luta será somente para os mais fortes e preparados! O GR é um “ser” diferente.



MIGUEL MENEZES

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