Está de volta o futsal nacional (embora a Liga Placard apresente uma paragem para seleções já na próxima semana) para uma época que promete emoções pouco vividas anteriormente.
Parece
vir aí um ano de emoções fortes, com um Braga em afirmação definitiva, um
Benfica com futuro, depois de uns meses de adaptação ao novo treinador e, por
último, um Sporting que parece em renovação e com dificuldades em encontrar
substitutos no imediato para a qualidade que Guitta, Erick e agora Cavinato
ofereciam.
O Sporting
aproxima-se do final de um longo ciclo de sucesso e isto parecia estar bem
planeado com o desenvolvimento de novos líderes e referências, Zicky, os irmãos
Paçó e Hugo Neves, uma segunda época de um adaptado Sokolov e um regresso de
Taynan para preparar um adeus a Merlim. No entanto, as saídas de Guitta e
Erick, para já, não apresentam substitutos à altura o que piorou com o castigo
e rescisão de Cavinato. Há muita juventude e qualidade (Diogo, Macedo e Wesley
a adicionar aos anteriormente mencionados), mas parece curto para o crescimento
dos rivais. Fica a curiosidade para as adaptações táticas sem Guitta, que
oferecia qualidade ofensiva, mas também uma cobertura defensiva que é difícil
de igualar.
O Benfica
vem para uma época em que pela primeira vez nos últimos anos apresenta a quase
obrigação de ser campeão, não só pela aparente quebra do Sporting, mas também
pela qualidade individual que apresenta e depois de um final de época em que
pôde já adaptar-se ao novo treinador (como se tivesse sido uma pré-pré-época).
Tem um trio de Pivots da seleção brasileira, mais do que habituados a Benfica e
à realidade da Liga Placard, tem jovens que apresentam o futuro de Portugal
(Kutchy, Lúcio e Carlinhos), tem muito Benfica em Sobral, Afonso e Bruno Coelho
e muita qualidade nos seus jogadores internacionais. O Benfica terminou a época
passada com um estilo de jogo um pouco confuso, parecia querer desprender-se do
passado, mas sem conseguir encontrar um caminho, esperava que este início de
época fosse mais evidente esse novo caminho, mas a pausa para as seleções
parece, para já, limitar esse aparecimento. A meu ver, é, no entanto, o
principal candidato ao título.
O Braga
vem aí para a luta e não seria uma surpresa se realmente acontecesse, isto
porque, o crescimento que se vê na quadra, foi igualado fora da mesma,
oferecendo hoje condições que, talvez, nem o Benfica e Sporting ofereçam.
Depois de um ano de crescimento óbvio, as contratações foram cirúrgicas, jogadores
com experiência e qualidade para diferentes momentos táticos de jogo e
rotações. Pela negativa, e apenas em opinião pessoal, vem a saída de Ruben
Santos, um jogador que aparecia nas horas certas na época passada e que
apresentava uma verticalidade e simplicidade que parece não ter sido
substituída.
Quanto
aos restantes, e com o devido respeito, não me querendo alongar para o tamanho
de um livro, vemos um Caxinas a dar um salto importante, aliando
elementos experientes e cheios de qualidade a uma juventude que apresenta uma
maturidade e ambição que pode tornar qualquer jogo em três pontos. Adicionar
Márcio, Amílcar, Renan e Tiaguinho a um grupo de jovens liderados por Raul
Moreira (que líder) com tanta qualidade e ambição foi um ato de mestre. Além
disto tudo, o Caxinas apresenta um excelente treinador, o exemplo de que o
perfil é importante quando se tenta perceber o que é um projeto. Uma última
referência ao Evan, pivot indonésio com uma capacidade técnica aliada a uma
componente física muito evoluídos, resta saber se consegue adaptar-se aos
requisitos táticos, assim sendo, temos aqui uma fera. O Fundão continua
na sua trajetória estável, teve duas saídas importantes (Thales e Bebé) mas na
teoria também se reforçou bem, faltando saber se o impacto imediato de alguns
dos reforços estrangeiros assegura resultados. Na mesma dinâmica estão o Leões
de Porto Salvo, Quinta dos Lombos e Elétrico, tendo todos perdido
uma ou duas peças importantes, mas tendo ido ao mercado com uma intenção
clara de não perder qualidade. Destes destaco as perdas de Wesley (Leões),
Rodriguinho (Quinta dos Lombos) e Daniel Airoso e Ygor Mota (Elétrico) mas as
entradas de Ruben Góis e Peixinho (Leões), Tomás Colaço (Quinta dos Lombos) e
Garrincha e Léo Santana (Elétrico). Neste
grupo de equipas que apresentam estabilidade posso, também, adicionar o Ferreira
do Zêzere, embora me pareça que tenha procurado dar um salto qualitativo
relativamente às saídas que apresenta, as entradas de João Miguel (outrora
melhor marcador do campeonato e que nas últimas duas épocas teve experiências
na Liga Espanhola e Italiana) e de Natan (ala jovem, mas que já merece
respeito), entre outras, parecem um passo em frente relativamente às saídas que
apresentam.
Olhando para os promovidos, temos um candidato a top 6, que é o Torreense e um Belenenses que parece capaz de lutar pela manutenção, embora tenha iniciado a época já com uma mudança de treinador. A equipa de Torres Vedras abriu as portas da saída a 13 jogadores (incluindo Rafa Félix para o Sporting como substituto de Erick) mas viu entrar 12 jogadores, quase todos com experiência de Liga Placard e com algo a provar (Leandro, Ruben Santos, Miranda, Junior e Fábio Lima têm muita qualidade) mas também internacionais como São Pedro com tanta qualidade e provas dadas. É claramente aposta de manutenção, Playoffs e competitividade em todos os jogos. O Belenenses apostou na continuidade, mas perdeu logo o treinador, parece ter qualidade e experiência para a manutenção, mas a concorrência parece estar uns degraus acima. Por último, fica o Candoso, que infelizmente parece sofrer de um desinvestimento forte e assim não ter armas comparáveis aos restantes clubes.
JOÃO ALMEIDA |
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