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Ganhar é vital, mas treinar bem é fundamental!

 

Quando se fala sobre o futebol de formação e o desenvolvimento dos jovens jogadores é quase impossível não se falar da exigência competitiva a que cada jovem está sujeito. Os estímulos, quer ao nível do treino quer do jogo terão sempre de ser os mais indicados, os que mais favorecem a aprendizagem do jovem jogador. Só garantindo, entre outros fatores, uma exigência adequada se torna possível, que o jovem jogador evolua o máximo que for exequível. Os treinadores de formação devem cada vez menos pensar no resultado de cada jogo e na classificação no final da época, concentrando-se apenas na evolução dos seus jogadores, para que estes, no futuro, sejam capazes de ter todas as ferramentas necessárias para triunfar. Tudo isto é bonito de se pensar, mas na prática um treinador vive de resultados e o futebol é...Ganhar! E somente isto é avaliado e identificado, tudo o resto é supérfluo... Deverá ser sempre assim? Claro que não, tudo tem um termo e não existe regra sem exceção, para isso tem de existir sempre mais formação e inteligência de quem gere e lidera, sem intervenção de protagonistas egocêntricos e profissionais fora das respetivas áreas... Cada um no seu papel, ou de Pai, Dirigente, Massagista, etc... Tudo terá uma razão de ser... Tudo terá o seu tempo... A qualidade é como o "algodão" não engana! 

Voltando ao que nos faz evoluir, o treino... Ninguém é mais transparente e sincero que os miúdos, e quando não gostam de algo, neste caso de um exercício no treino, podem não o dizer diretamente, mas dificilmente o conseguem esconder. Nota-se pela maneira como encaram o exercício, se estão ou não a gostar do que estão a fazer, e se acham útil fazê-lo. A concentração e motivação que os miúdos têm em cada exercício é reveladora do que estão a sentir em relação ao que lhes foi proposto pelo treinador. No decorrer dos exercícios, vários são os erros que os miúdos desta idade cometem, na maioria, erros técnicos, como por exemplo um passe pouco preciso ou uma recepção mal feita, mesmo tratando-se de exercícios de pouca complexidade. Perante este tipo de erros, aparentemente evitáveis, o treinador "culpa" os jogadores, referindo-se à concentração com que estão a executar o que lhes foi pedido. 

O que muitos treinadores de formação não conseguem entender, é que esses erros, muitas vezes são culpa do próprio exercício. Isto é, o exercício é tão aborrecido, tão descontextualizado do que é o jogo, que os miúdos não conseguem manter os níveis de concentração altos, e com isso cometem erros. Erram, mesmo tendo qualidade suficiente para fazer um simples passe ou uma recepção, porque aquele tipo de exercício já não é desafiante para eles. Obviamente que nem sempre a culpa está relacionada com os exercícios, mas no caso dos jogadores mais evoluídos tecnicamente, quando erram tanto em exercícios simples, quase sempre a culpa é do tipo de exercício e da exigência do mesmo. 

Exercícios sem oposição, estáticos, em que a única coisa que lhes é pedido é passar para o colega, sem sequer terem de pensar para qual deles passar, são completamente desmotivantes e descontextualizados e isso reflete-se no rendimento dos miúdos, não porque não tenham qualidade para fazer o que lhes é pedido, mas porque não conseguem encontrar motivação e concentração para fazer algo que consideram aborrecido e demasiado fácil.



Podemos também falar das “jogadas padronizadas”, que pode ser uma das principais razões para a falta de ideias da equipa. O tornar "automático" este momento de jogo faz com que se mate a criatividade dos atletas e torna a equipa mais previsível. O avançado recebeu a bola e jogou no médio, mas este não consegue abrir na faixa ou colocar na profundidade. E agora? O que faz o médio? O que fazem os restantes jogadores? Vai o médio passar para trás para tentar novamente a jogada que treinaram centenas de vezes? E se desta vez nem no avançado conseguirmos jogar o que se faz?

Sabem o que acontece muitas vezes quando o que o jogo pede é um passe entre linhas, com possibilidade do jogador nessa zona enquadrar com a baliza, de frente para a linha defensiva, no corredor central? O médio opta pelo passe para o corredor lateral. Sabem porquê? Foi automático. Mesmo que não tenha sido automático, é aquilo que o treinador lhe pede, é aquilo que ele deve fazer. Isto explica muito das más decisões tomadas pelos jogadores.

No meu entender, o trabalho do treinador no momento ofensivo passa por dar à equipa o máximo número de linhas de passe (em rutura, apoio e cobertura), proximidade entre os atletas, exploração do espaço entre linhas com muitos jogadores nessa zona e deixa-los decidir consoante aquilo que o jogo pede no momento.

Já no que diz respeito ao momento defensivo é totalmente o oposto. Deve existir um padrão consoante o "problema" apresentado. A equipa deve reagir toda de forma coordenada e saber a posição que cada um deve ocupar (mesmo não sendo a sua posição - permuta) em relação à zona da bola. 


Qual é a vossa opinião acerca das jogadas padronizadas no momento ofensivo? Com que frequência o fazem? Conseguem ter sucesso ou dão uma "segunda via" aos jogadores?

Deve-se colocar padrões, mas de forma aberta, isto é, padronizar o movimento inicial para garantir linhas de passe a quem tem a bola. Sabemos que não devemos jogar sempre do mesmo lado, certo? Mas nunca robotizar, os padrões servem para dar mais liberdade a quem tem a bola, para este depois decidir, conforme o posicionamento da equipa adversária. Eu penso que também depende da qualidade das decisões que os nossos jogadores tomam. Se tomarem más decisões com muita frequência, padronizar facilita esse processo.

O fomentar da inteligência do jogar, por oposição à formatação. Porque, o que é necessário é cativar os atletas através do treino e torná-los curiosos quanto ao jogo, e como em qualquer outra modalidade tem de ser "ensinada" e o erro é o motor da aprendizagem. Os atletas precisam de saber que determinada ação funciona ou não por si próprios e não só porque o treinador lhes diz para não fazer.



BRUNO RODRIGUES

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