Sabemos que nos últimos 15/20 anos, a velocidade da informação, aliada com as novas tecnologias e globalização, possibilitou uma oferta abundante de metodologias de treino, na modalidade de futsal. Essa informação de métodos sempre existiu, mas atualmente o acesso a ela é muito mais fácil.
Sendo mais específico, e falar de camadas jovens/formação no futsal,
temos a dificuldade em identificar uma metodologia de treino perfeita, ao longo
da história. O que podemos identificar, são algumas características no atleta. Se
é um jovem habilidoso, de drible fácil, de soluções criativas dentro do campo,
e também identificamos inúmeros formatos para se chegar a esse atleta.
Nos tempos mais antigos, os treinos, tinham na sua estrutura um “triângulo”.
A parte física, a técnica e a tática, normalmente faziam uma unidade de treino.
Com o passar do tempo, a primeira parte do “triângulo” a cair foi o aspecto
físico, que praticamente desapareceu dos treinos, como uma valência isolada. É
óbvio, que todas as equipas têm em conta a parte física, mas ela é
desenvolvida, não como uma parte isolada, mas dentro das necessidades e
especificidades do que a equipa e o atleta necessita.
Será possível treinar a parte física, numa vertente mais á “antiga”?
Corridas longas, exercícios sem bola, trabalhos em salas de musculação? Sim,
claro que sim! É o método mais correto? Talvez não.
A prática dos fundamentos, esteve sempre presente dentro do treino do futsal. Passe, remate, receção, etc, são elementos que praticamente todos os treinadores colocam nas tarefas dos seus atletas, nas unidades de treino.
Os conceitos mais modernos trazem uma abordagem nova, que é o treino
sistêmico. O termo sistêmico é definido como, a compreensão das partes
particulares de um sistema, por meio da compreensão de seu todo conceitual.
Opõe-se ao analítico.
Nos últimos anos, e ainda na mesma linha do que foi feito com a questão
física, os treinos mais “modernos”, usando a abordagem sistêmica, englobam a
maioria das partes do jogo, em um modelo de treino único, que prima pela parte
tática, seja ela individual ou coletiva, e que A TOMADA DE DECISÃO feita pelo
jogador, ganha uma enorme importância.
Temos então outro termo relativamente moderno, TOMADA DE DECISÃO, que
podemos relacionar com o nível de capacidade de compreensão do jogador, ao
escolher qualquer ação dentro do jogo.
Nos últimos anos, adoptou-se a prática de introduzir mini jogos, nos
treinos, com o objetivo de fazer com que o atleta exercite todas as possibilidades
que pode encontrar no jogo real. A expectativa é que, com esse método, seja
possível dar resposta a todas as necessidades do atleta. Voltando ao exemplo
que falamos da parte física, o treinador consegue trabalhar tudo no método
sistêmico? Sim! É a melhor forma? Talvez não …
Mini jogos, ou jogos condicionados, trazem um exemplo de atividade excelente para o treino, intenso, com a participação de vários jogadores ao mesmo tempo. Mas não responde a todas as necessidades do jogador. Podemos entender que esses jogos, são uma evolução do ensino da tática dentro do futsal e precisamos evoluir também o ensino da técnica, para que esteja dentro da realidade do jogo, sendo assim, útil para aquele grupo de atletas.
Tomada de decisão é tão importante, como ter uma alta qualidade de passe, de drible, como entender uma linha de desmarcação e executar uma jogada ensaiada de canto, por exemplo.
Compreendo que o retrocesso á valorização da técnica no futsal, usando
tudo que temos de mais moderno para o treino, seja crucial para que seja
possível termos melhores atletas, principalmente nas camadas jovens. Uma ótima
relação ensino-aprendizagem, com o olhar direcionado para o desenvolvimento dos
elementos técnicos, com exercícios contextualizados, em alta intensidade e com
correções atentas á capacidade motora do jogador, é um caminho para termos um
atleta muito capaz tecnicamente.
Mas não queremos ter um jogador bom tecnicamente que não saiba decidir
corretamente na hora do jogo! Perfeito! E também não queremos ter um atleta que
decida bem, mas execute mal! Futsal é muito mais do que teoria…
É impossível ter um modelo de treino perfeito, mas podemos ter um modelo
equilibrado, que vá de encontro com as necessidades do grupo de atletas e do
clube. E o equilíbrio surge do olhar do treinador para trabalhar todas essas
valências, da melhor forma.
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