Olha, o futebol
voltou!
Esperava há umas
semanas para poder dizer isto, mas depois fui ouvir a entrevista do Rui Costa
ao MaisFutebol e lá estava o homem com uma frase fantástica “Os jogos
voltaram, mas o futebol ainda vai demorar”. Já não chegava jogar muito,
perceber muito… agora também tem de ser poeta. Antes de outra coisa vou
levantar-me e fazer uma vénia porque quando o Rui fala, fala o futebol na sua
essência e excelência.
Uma nota para os 20
anos do MaisFutebol. Que continue por muitos mais 20 porque marca pela
diferença.
Foi uma semana de
emoções misturadas. Sim, houve bola a rolar, mas daí a dizer que houve futebol
já vai uma distância pelo menos tão grande como aquela que os clubes grandes
teimam em criar para os demais…, mas já lá vamos a essa parte.
Voltando ao regresso.
Valeu por podermos ouvir o Cláudio Ramos a organizar a defesa do Tondela… que
patrão. Também valeu, pelo “estou aqui puto“, ou “vai meu puto”,
utilizado pelo Max de cada vez que o Eduardo Quaresma tocava na bola. Sempre de
elogiar um “puto” falar para o “seu puto“. Há coisas estranhas
nesta língua Portuguesa, mas talvez seja eu a ficar velho para tudo isso. Para
os “meus putos” a ler esta crónica, eu estou aqui para vocês, como o Max estava
para o Eduardo Quaresma.
Por falar em Max,
para além dessa deambulação pelos meandros da língua Portuguesa, também deixou,
mais uma vez, clara a sua personalidade. Falhou no lance do primeiro golo do
Vitória, mas não foi por isso que tremeu. Tem perfil, feitio e personalidade de
campeão e, os campeões falham como todos os outros. Aqui no nosso balneário,
acreditamos que os Max do futebol podem falhar, aprender e crescer… e esta
hein? Já dizia o grande Fernando Pessoa algo que se mantém tão atual
infelizmente.
Não menos relevante,
o L’ Equipe achou que devia fazer primeira página com o Portimonense - Gil
Vicente, enquanto nós por cá, andámos mais entretidos com outras coisas. Isto
do futebol jogado é uma chatice e o bom é deixar essas coisas boas para os
estrangeiros. Ao L’ Equipe, deixo o Trés Bien.
E a bola já rola?
Não que tenha sido mau, mas terá sido, no limite, estranho. Não concordam?
Vamos olhar para o Vitória - Sporting. Um jogo daqueles, com 4 golos marcados e
um Estádio cheio, teria sido um espetáculo absolutamente fantástico, como
tantos outros que assistimos no D. Afonso Henriques. Sem os adeptos, foi tipo
um jogo de treino, daqueles que os clubes fazem na pré-época, antes dos jogos a
sério… de pré-época. Aqueles que sabemos que existiram, mas ninguém viu.
É giro ouvir os
jogadores, é giro ouvir os treinadores, e muitos dos diálogos… mas ao fim de
algum tempo, afinal já é menos giro, e já só quero ouvir o Estádio a saltar.
Continua a ser
estranho para mim, que o Bruno Nogueira possa ter 2000 pessoas a assistir a um
evento e que o futebol tenha de esperar. Tu queres ver que o Vírus para além de
forte, também é seletivo e culturalmente inculto? Não quer saber de coisas
culturalmente ricas, mas já gosta de ir à bola, onde só há gente que não sabe
ler nem escrever e que por isso não entendeu as regras de distanciamento social.
Fica para análise, que eu não percebo nada de vírus e muito menos de Cultura.
Voltando aos jogos,
parecem-me mais lentos, com menor intensidade e que se partem demasiado cedo. É
tipo futebol brasileiro, mas com menos gente nos Estádios e sem dribles e
cuecas. Ou seja, ficámos só com a parte má da coisa.
Continua
interessante de ver que o fator casa, tem tido um peso muito menos relevante. O
Portimonense, Famalicão e o Santa Clara venceram, sendo que o Santa Clara nem
sequer jogou mesmo em casa. Pode ser algo contextual, ou pontual, mas ninguém
me convence que esta coisa do décimo segundo jogador que se fala há tantos
anos, afinal possa ser mito. Não sendo, e já existindo rumores que podemos
voltar a ter adeptos a meio gás...não será isso “injusto” para quem teve de jogar agora em casa, sem adeptos? Haverá de fazer alguma diferença não? Fica mais uma para análise. Já vos
consigo imaginar a pensar “Tão mas eu venho aqui ler no Futebol Apoiado, e este
homem só me deixa tópicos para análise?”. É verdade, eu sou um malandro que
acha que as coisas devem ser analisadas e não só consumidas.
Por fim e, porque
acima de tudo, eu gosto mesmo é de futebol, deixo três grandes notas:
1) Que grandíssimo golo no Portimonense, para nos devolver a magia do futebol;
2) Obrigado Varela, por continuares a jogar e a lutar e ainda nos presenciares
com grandes momentos;
3) Obrigado B SAD por terem tomado parte na luta contra o racimo. Gostava de
ter visto mais clubes, em Portugal, a fazer o mesmo, mas mais vale um do que
nenhum.
O desporto, e o
futebol têm de ser parte da solução, e usar a imagem desta indústria para
demonstrar que qualquer tipo de discurso divisionário é errado e deve ser
abolido. Mas isso, não é mais do que a minha opinião, claro.
Para quem, como eu, sente falta do futebol, fica “Cheiro do Balneário“,
para continuarmos a equipar juntos.
Um grande abraço!
Rui Pedro Silva |
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