É
uma forma diferente, mas, por vezes, mais atractiva de seguir os jogos e
perceber o que se passa dentro deles. Detectando talento é o principal sinal
para se detectar uma boa equipa, mas nem sempre funciona assim quando o
colectivo, por razões mais globais, perde a consistência.
O
que pode confundir uma equipa é o... Jogador. Um talento hoje indefinido que
tem de jogar sobretudo... sem bola pois, é nos seus movimentos de recuo,
arrastando marcações para outros entrarem desde trás, que está a sua principal
missão, quando ele próprio é que podia ser, o maior criativo da equipa jogando
apoiado e expressando o traço do passe.
Verificamos
que não é fácil conciliar jogadores de perfil táctico-técnico tão diferente na
ligação entre a primeira e segunda linha do meio-campo e o Treinador tem de
encontrar forma de conciliar estas duas expressões de bom futebol. É nesta
contradição que caem por vezes várias equipas, o que em campo se traduz na
incapacidade de ganhar uma identidade clara.
Tudo
depende sempre mais das dinâmicas pois, os sistemas não têm, por si só, vida
própria, mas a verdade também é que é exactamente a melhor aplicação delas que
fica em causa quando se muda o posicionamento (o sistema) dos jogadores nos
quais se começa a jogar (a meter dinâmica o jogo). Nenhuma equipa joga melhor
em cima de dúvidas.
É
verdade que se criaram oportunidades e bastaria uma ou outra ter entrado para
tudo ser diferente. Pura ilusão. Seria diferente o resultado, sem dúvida. Não
seria a encruzilhada mental de abordagem ao jogo.
"A tomada de
decisão com base nas emoções não é uma excepção, é a regra" (Damásio,
1994). O futebol, tem regras de acção que ditam o aproximar mais ou menos da
vitória. E consoante essas regras, quem cumpre, com elas… esses são os
melhores. Porque jogam o jogo como deve ser jogado. Tal como no xadrez, o
melhor é o que joga o jogo melhor. Porque podes até ter, ocasionalmente
uma vitória ou outra, mas a longo prazo, ganha
o que melhor jogar o jogo. E o que é melhor a jogar o jogo? É cumprir com os
princípios fundamentais de jogo? Sim, talvez...
Agora pensem naqueles treinadores que investem horas de
treino naqueles exercícios padronizados, sem oposição, em que a tomada de
decisão do jogador está completamente ausente, em que este não tem que analisar
o contexto e escolher o melhor caminho em função deste.
O futebol joga-se “aparentemente” com os pés, mas
essencialmente com o cérebro. A partir do conhecimento específico (conhecimento
táctico), surgem os processos cognitivos de compreensão que os jogadores
utilizam para dar resposta às diferentes situações que o jogo apresenta. A
tomada de decisões rápidas e tacticamente exactas constitui-se numa das mais
importantes capacidades do atleta e determina muitas vezes os sucessos dos
jogos técnico-táticos, sendo frequentemente responsável pelas diferenças de
desempenho individual.
Por
isso, nesta fase a questão é só uma: Decidir como quer jogar; jogadores para o
interpretar. Viver no meio de dois sistemas só leva a perder identidade e
colocar-se na dependência da bola bater no poste ou entrar.
O
futebol em vez de ser o jogo de “sorte ou azar” a que muitos gostam de resumir,
é antes um jogo de pensamento táctico e estratégico. E ganha quem o pensa
melhor (tem é de ter uma identidade, uma ideia clara do que quer fazer). Sem
isso, nada faz sentido….
Bruno Rodrigues |
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