A retoma das várias Ligas de Futebol, um pouco por todo o Mundo, tem
trazido consigo muitos erros e golos, até em certa parte estranhos e bizarros. Quanto aos Guarda-Redes (GRs), estes não têm
estado fora dos holofotes. Pelas piores razões, na maioria dos casos,
infelizmente. Bem sabemos que nesta posição única, qualquer erro normalmente
custa golo, ou seja, grande peso no resultado final. Têm existido muitos erros, às vezes fazendo as
pessoas questionarem-se da qualidade dos GRs e até mesmo dizerem “até a minha
avó defendia aquilo”. Estes na maioria dos casos são GRs que já mostraram em
mais do que uma vez toda a sua qualidade. A pergunta que me tenho vindo a
colocar é o porquê? O porquê de tantos erros? Que tipos de erros têm
acontecido? O que será que aconteceu aos GRs durante a pandemia?
Para começar é importante referir que a resposta será multifatorial. Certamente
diferente de caso para caso e de golo para golo, mas há alguns traços comuns.
Primeiro é a paragem. Muito longa e de trabalho em casa. E todos sabemos que em
casa não é no campo. Se foi possível manter um mínimo de condição física, a
realidade é que no caso específico dos GRs se diluíram tantas outras coisas. E
começo por aqui, não acho que os erros que têm vindo a acontecer aos GRs tenham
sido por falta de condição física (salvo exceções). Então o que será que anda a
afetar os Guarda-Redes?
Quem foi GR sabe o quão especifica é esta posição. E sabe o quanto uma
paragem custa. E não estamos a falar somente da capacidade física. Falamos de
uma readaptação que o corpo tem de voltar a fazer, começando logo pelo mais
simples: cair ao chão. É a vida dos GRs! E isto perde-se. Mas a questão vai
mais além através da sua especificidade e complexidade da própria posição.
Estamos a falar de um jogo cada vez mais rápido e exigente para o GR, exigindo
a este uma capacidade de leitura, quer do jogo, quer da bola (trajetórias),
muito alta, uma velocidade de execução alta em curtos períodos de tempo, uma
velocidade de reação contextual e, acima de tudo, tomadas de decisão de alta
complexidade em contextos de jogo. E, aqui na minha opinião, em tudo o que
acabei de enumerar, foi onde houve as maiores perdas e talvez aquelas mais difíceis
de voltar a ganhar forma. E depois estendemos ao resto, às
rotinas do jogar, à confiança que só o jogo transmite e a toda
envolvência coletiva e sectorial.
Sabemos como foi a retoma do Futebol, o processo todo de voltar aos
treinos, os treinos individuais e só depois os coletivos. E aqui podem residir
diferenças no tipo de trabalho que foi realizado tanto em termos específico
como integrado. Que tempo foi dado aos GRs com a equipa, que situações de jogo
se confrontaram. As situações jogadas são de extrema importância. O treino
integrado com a equipa (no nosso jogar ofensivo e defensivo) é muito
importante. Acima de tudo, o GR passar pelo processo de Leitura, Interpretação,
Decisão e Execução. E isto parece simples, mas é o grande desafio do processo
de Treino.
Quero acabar este texto de opinião abrindo o jogo convosco. O que acham
que levou a tanto erro dos GRs nesta retoma do campeonato? Deixem-me as vossas
opiniões nos comentários.
Juntos somos mais fortes,
Miguel Menezes |
2 Comentários
Boa tarde,
ResponderEliminarGostei da análise efectuada mas não considero que tenham existido mais erros que o habitual. Existem é menos jogos por dia e durante todos os dias da semana, o que faz com que se possa analisar melhor todos os jogos e reparar no que de melhor ou pior aconteceu.
Quanto à complexidade da posição estou completamente de acordo com o que diz, e que a perca de rotina nalguns aspectos, possam comprometer as suas actuações.
Abraço!
Obrigado pelo seu comentário. Não tenho essa estatística mas pelo menos a tipologia de golos sofridos e dos erros que têm acontecido foram estranhos. Agora estamos a normalizar. Mas no inicio, e não só em Portugal, aconteceram muitos golos de erros até certa parte estranhos. Daí basear o texto nesse pressuposto. Mas quanto ao que diz é verdade, também agora temos mais tempo para ir à procura dos erros e os descortinar. Continue a acompanhar. Cumprimentos, Miguel Menezes (Futebol Apoiado)
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