A época que se avizinha prepara uma Liga BPI com mais 8 equipas, dando
oportunidade a perto do dobro do número de jogadoras, de jogar na maior
competição de futebol feminino em Portugal. Dando continuidade ao crescimento
dos últimos anos, muitas serão as atletas a conseguir contrato profissional
junto de clubes com uma estrutura preparada e capacitada para as receber. No
entanto, ainda são muitas as jogadoras que trabalham e preparam paralelamente o
seu futuro, estando a grande maioria ainda a estudar e/ou trabalhar. Por tudo
isto, e num meio cada vez mais bem preparado e mais próximo do profissional, a
questão que deve ser levantada por todas as que se pretendem manter neste
patamar competitivo é: O que posso eu fazer para me preparar para jogar contra
as melhores equipas portuguesas?
A Liga BPI é uma liga amadora que contém equipas profissionais e esse é o
primeiro ponto a ser esclarecido. Apesar de todo o crescimento, a 1.ª Liga Feminina ainda não é uma liga de futebol profissional, uma vez que a grande
maioria das equipas presente na mesma, é amadora. A partir do momento em que
uma equipa é constituída por jogadoras que não têm contrato profissional, então
a equipa será considerada amadora, independentemente das jogadoras da mesma
poderem auferir algum tipo de “salário” (sem tetos, porque todas as casas
começam a ser construídas pelo chão), que normalmente, mais que não é do que
ajudas de custo (pagamento de transportes necessários para comparecer ao
treino, pagamento de combustíveis ou até o pagamento da renda de uma casa/quarto).
Hoje, mais do que nunca, é necessário e de extrema importância a
existência de um bom departamento médico, que contenha todos os recursos
necessários para o acompanhamento e a recuperação da atleta, o que nem sempre
acontece nas equipas amadoras. A esta questão alia-se também e, de modo geral,
a falta de um ginásio que permita não só a recuperação da forma física no caso
de lesão como simplesmente a manutenção da mesma. Ainda assim, e como os
pequenos também se podem fazer grandes, é perfeitamente possível que uma atleta
amadora, que jogue numa equipa amadora, consiga ter boas performances e
excelentes resultados.
A definição de um objetivo é o primeiro passo e, na verdade, quem quer
ser realmente ATLETA consegue, tal como conseguem muitos atletas olímpicos de
modalidades que não têm o apoio e impacto que o futebol tem na sociedade.
Porque não serão só jogadoras de futebol na hora do treino e do jogo! O acompanhamento nutricional, o treino complementar, a prevenção de lesões, as
horas de sono são os pequenos grandes fatores que irão e poderão fazer a diferença.
Porque quando se está no relvado em dia de jogo, serão as atletas a ponta do
glaciar… no entanto, tudo o que está submerso e foi trabalhado durante toda a semana
fará a diferença.
Efetivamente, nenhum obstáculo é grande o suficiente para impedir alguém
de vingar e deixar a sua marca. As dificuldades podem e devem ser encaradas
como mais uma motivação para se querer ser, todos os dias, melhor, seja onde
for que se jogue. Quem sabe trabalhar com pouco só poderá ser melhor quando
tiver “muito”.
Daniela Costa Juliana Almeida
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