A “família” dos Guarda-Redes (GR), como muitas vezes é apelidada, tem
dinâmicas diferentes no tipo de relacionamentos criados entre os seus membros
(GRs e Treinador de Guarda Redes (TGR)). Isso acontece pela especificidade da
posição e pelo sentimento único e diferente dos restantes jogadores do que é
ser GR. São emoções e situações únicas pelas quais o GR passa. E como
normalmente se diz: “só porque quem lá anda é que sabe o que por lá se passa”.
Dentro desta dinâmica distinta é importante haver um bom ambiente grupal, como
costumo dizer e, como já escrevi aqui, a gestão de um microgrupo dentro de um
grupo maior (a equipa). Com isto quero já esclarecer que apesar de algumas
dinâmicas diferenciadas e de ser um grupo dentro de um grupo, não devemos ser
ilhas isoladas. Pelo contrário! O que quero enfatizar são as distintas dinâmicas
dentro do grupo de GRs.
Para além do senso comum, as evidências científicas mostram que um bom
(positivo) ambiente trabalho é meio caminho andado para o sucesso. As razões
são múltiplas, mas quero destacar a satisfação dos indivíduos na sua tarefa
(sentirem-se valorizados e acarinhados, serem parte do processo, etc.) que faz
com que o rendimento individual suba e, por consequência, o rendimento de grupo
aumente. Isto coloca-nos mais perto do sucesso, das vitórias, esperamos
nós, mas sucesso e vitória são coisas diferentes (tema certamente para outro
texto). Para isto devemos procurar como gestores do microgrupo de GRs, criar
estratégias para promover o bom ambiente entre todos.
É importante estar claro desde inicio que tipo de relação vai haver entre
TGR e GRs. Os princípios de carácter são fundamentais de ambas as partes. O
homem antes do atleta. A honestidade, o respeito, a coerência, a justiça e o
equilíbrio são fundamentais. Não podemos esquecer que a competitividade nunca
deve ser perdida! Mas sempre fundamentada com o que são bons princípios de
carácter. Se forem como eu, vão gostar de promover a envolvência de todos no
processo, e isto quer dizer choques uns com os outros, rematar uns aos outros,
etc. Ou seja, vamos pedir que haja confronto direto. E aqui não pode haver azia
/ mau estar para com o colega. Facilmente não havendo bom ambiente, este tipo de
situações em treino, não vão correr bem. Para isso acho fundamental a escolha,
sempre que possível, primeiro analisando o homem e depois o atleta.
Outras estratégias mais grupais ou até mesmo individuais, por exemplo o
tipo de feedback, vão ajudar a um sentimento positivo pois, sabemos que cada
indivíduo/atleta vai reagir de forma diferente. E nós, desde início, devemos
procurar conhecer a fundo o nosso atleta, mas também o homem que está à nossa
frente. Importante criar laços, com isto não digo que tem de ser uma amizade,
mas sim haver a preocupação pelo bem-estar do homem para promover o rendimento
do atleta. Saber coisas simples, como a família e a envolvência do dia a dia é
fundamental. Isto promove-se em vários momentos, antes ou pós treino em
conversas informais. Quanto ao grupo porque não organizar uns almoços/jantares de
GRs? São nestes momentos que muitas vezes vamos descobrir coisas que nem imaginávamos
sobre os nossos GRs. O importante é definir os limites do que são momentos de
lazer e momentos de trabalho!
O TGR deve promover a proximidade
aos seus atletas, primeiro porque são poucos e torna-se mais simples essa
proximidade e segundo porque pode ser uma porta de entrada para o grupo de
trabalho (a certa altura os GRs ganham confiança para nos falar do que se passa
com/no grupo). Definir este balanço entre trabalho e lazer é o ponto que faz a
diferença. Uma ideia simples a utilizar pode ser a criação de alguns jogos que
ao mesmo tempo promovam a competitividade, mas também a parte lúdica, ao mesmo
tempo que se trabalha a técnica. Por exemplo jogar ao “bola na trave”, futvolei,
etc. E depois vamos rodando as duplas, vamos testando as dinâmicas entre eles e
vamos criando desafios diferentes. Sabemos que lá dentro, no dia de jogo, só há
um GR mas os outros podem e devem ter um papel fundamental em todo o processo!
Para finalizar, não queria deixar de refletir sobre a importância da
parte relacional sobre a parte técnica. Temos de saber equilibrar as duas
porque só assim vamos conseguir extrair o melhor dos nossos GRs.
E vocês que tipo de estratégias usam para promover o ambiente de grupo de
GRs? Que dificuldades têm vindo a encontrar? Têm outros aspetos que acham
importante trabalhar? Passo a bola para vocês.
Juntos somos
mais fortes.
Miguel Menezes |
1 Comentários
gosto de promover sempre desafios de aremates e chutes na trave entre nossos GRs.
ResponderEliminare tambem em cobranças de penalidades ...