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Vamos Brincar (com) aos Directores (os Treinadores) de Futebol?


Que o Futebol em Portugal não tem rei nem roque e que anda pelas ruas da amargura no que toca à gestão desportiva de alguns clubes, penso que já todos sabíamos disso. Mas eis que as últimas semanas vieram demonstrar que ainda não havíamos visto de tudo ao longo desta época desportiva. 
Já não bastava a pandemia e todas as restrições (bem) impostas pela mesma, já não bastavam as dificuldades habituais e inerentes a um futebol onde as receitas televisivas são distribuídas de forma desigual, já não bastavam os péssimos espectáculos proporcionados pela grande maioria das equipas cujos treinadores pensam apenas no “pontinho” e nos “autocarros” que os podem a vir a salvar miraculosamente no final da época, agora também temos um retrocesso em termos de gestão desportiva, especialmente no que à escolha do treinador diz respeito.  
Para que possam perceber o meu ponto de vista, deixo-vos um pequeno quadro com dados relativos à época 2019-2020... 

Benfica: Bruno Lage  Nélson Veríssimo 
FC Porto: Sérgio Conceição 
Sporting CP: Marcel Keizer  Leonel Pontes  Silas  Rúben Amorim 
SC Braga: Ricardo Sá Pinto  Rúben Amorim  Custódio  Artur Jorge 
Rio Ave: Carlos Carvalhal 
FC Famalicão: João Pedro Sousa 
Vitória SC: Ivo Vieira 
Boavista: Lito Vidigal  Daniel Ramos 
Moreirense: Vítor Campelos  Ricardo Soares 
Santa Clara: João Henriques 
Gil Vicente: Vítor Oliveira 
Belenenses SAD: Silas  Pedro Ribeiro  Petit 
Marítimo: Nuno Manta Santos  José Gomes 
Paços de Ferreira: Filipe Rocha  Pepa 
Vitória FC: Sandro Mendes  Julio Velázquez  Albert Meyong  Lito Vidigal 
CD Tondela: Natxo González 
Portimonense: António Folha  Bruno Lopes  Paulo Sérgio 
CD Aves: Augusto Inácio  Leandro Silva  Nuno Manta Santos 



O que dizer perante isto? Que comentários merecem estes dados, estas escolhas, este caminhar erróneo, triste e ridículo por parte de alguns clubes? É, no mínimo, patético! No mínimo dos mínimos, pois facilmente constatamos a precariedade inerente ao papel de treinador principal no futebol profissional. E embora, em alguns casos, os treinadores sejam, de facto, os principais responsáveis, também não deixa de ser verdade que, nos restantes casos, a culpa é de quem dirige os clubes. 
Não existem projectos futebolísticos em Portugal, ao contrário do que muitos propagam e defendem. Não existem ideias que procurem criar, desenvolver e consolidar uma identidade competitiva nos clubes. Existem apenas interesses, jogos de bastidores, SAD’s, malabaristas e curiosos que, por terem acesso a um punhado de contactos que, ainda que possam perceber algo sobre gestão financeira (e até mesmo nesse campo ainda existe muito por provar), pensam que podem aproveitar-se disso para conseguir provar que são bons gestores desportivos. 
De tudo o que podemos analisar no quadro que vos apresento acima, gostaria de destacar três casos... 


O Vitória Futebol Clube é paradigmático. Anos e anos a fio de más escolhas, desde o modelo de gestão desportiva à escolha dos treinadores e, consequentemente, dos jogadores. Há quantos anos o Vitoria FC não realiza uma época tranquila e condigna com o seu palmarés e historial? Até quando vamos ter um Vitória FC a cometer sempre os mesmos erros?  
O SC Braga esta época é, a meu ver, a maior vergonha nacional em termos de gestão desportiva. Tudo por causa dos resultados. Anedótico...António Salvador já deveria saber mais e melhor do que isso, mas pelos vistos ainda não percebeu o caminho que deve traçar. 
Por último, SL Benfica e Luís Filipe Vieira. Os méritos já alcançados e a recuperação de um clube que estava “às portas a morte” são um legado que ninguém pode apagar. A vários níveis, a gestão de LFV foi benéfica e revitalizadora para o clube da águia, mas isso não serve de atenuante para aquilo que temos visto nos últimos anos. 
A tão propagada hegemonia do futebol nacional resultou, nesta década, e com a mais do que provável conquista do actual campeonato por parte do FC Porto, com 5 campeonatos nacionais conquistados contra 5 do seu maior rival. Que hegemonia é esta que não lhes permite dar provas de sustentabilidade desportiva a nível nacional e, mais importante ainda, a nível europeu? 
Que o Futebol em Portugal não tem rei nem roque e que anda pelas ruas da amargura no que toca à gestão desportiva de alguns clubes, penso que já todos sabíamos disso. Mas eis que as últimas semanas vieram demonstrar que ainda não havíamos visto de tudo ao longo desta época desportiva. Vieram demonstrar que qualquer um pode brincar de faz de conta...Faz de conta que somos todos bons directores e podemos andar a brincar com os treinadores... 

Laurindo Filho

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