A Defesa de Baliza continua a ser um dos momentos mais cruciais para um
Guarda-Redes (GR) num jogo de futebol. Hoje em dia queremos GRs que dominem o
espaço e que joguem bem com os pés, mas sabemos que os momentos decisivos são
os momentos de Defesa de Baliza. Devemos procurar GRs completos e que dominem
os vários momentos e contextos de jogo, mas na base tem de estar uma grande capacidade
de defender a baliza. É esse o momento onde se decidem jogos.
Quanto ao treino é importante percebermos que neste contexto, somente
dominar a técnica não chega. Aliás em todos os contextos assim o é. Mais
importante, diria eu, do que o domínio da técnica é o domínio da técnica
contextualizada, mesmo que não seja tudo realizado com uma técnica perfeita. E
esta é uma questão que cada vez mais vemos na elite: GRs a resolver os problemas do jogo e muitas
vezes sem a técnica a ser perto de perfeita. Daí começar por dizer que não
devemos procurar a perfeição técnica. Depois depende do escalão e patamar
competitivo do GR, mas devemos acima de tudo procurar levar as decisões
técnicas para contextos táticos. E aqui, no contexto de Defesa de Baliza, o
posicionamento é essencial. A singularidade de cada lance e a importância de
fomentar em treino situações onde trabalhemos as várias nuances, tanto de
distância, como de zona de remate e do tipo de remate. São esses pormenores (ou
por maiores?!) e essa leitura da jogada que irá fazer o GR posicionar-se bem e
assim facilitar a sua ação técnico-tática. Jogamos sempre um jogo de
probabilidades entre as possibilidades de remate e as várias possibilidades de
defesa. E aqui volto atrás: é importante trabalhar tecnicamente, mas de forma
contextualizada (englobado num momento e num contexto de jogo).
Abaixo deixo uma tabela com várias situações no contexto de Defesa de
Baliza e as possibilidades de respostas táticas (quanto ao posicionamento).
Esta é uma visão particular baseada na experiência e no que acredito no treino
de GR.
(NOTA: agradecer aqui ao meu amigo e companheiro de profissão
Carlos Rúben Araújo pela ajuda na elaboração da seguinte tabela).
Concluir este texto salientando que para o mesmo problema existem
diferentes respostas. Respostas essas que são baseadas na leitura que o GR faz
da situação de jogo assim como nas suas capacidades individuais. Serve o
presente texto para ilustrar a importância de procurar respostas padrão para
contextos padrão e não quero com isto dizer que somente uma resposta se adeque.
Os “problemas” do jogo por muito que sejam treináveis têm características
únicas e singulares. A nós Treinadores de Guarda-Redes fica a responsabilidade
de recriar no processo de treino “problemas” onde possibilitemos uma gama de
respostas variadas e específicas fomentando a capacidade dos nossos GRs
realizarem as leituras corretas. Acima de tudo, e aqui falando em alta
competição, o que interessa é que a bola não entre. Portanto primeiro queremos
ser eficazes e depois, se possível, eficientes. Deixo uma questão no ar quanto
à temática: será que o GR tem de sempre estar colocado na bissetriz? Espero
pelas vossas respostas e pelo vosso feedback do quadro.
Juntos somos mais fortes,
Miguel Menezes |
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