“Estrutura de um clube deve ser moldada à filosofia do treinador” - José Mourinho.
Hoje,
muito se fala em estrutura no sucesso de uma equipa de futebol, seja ela
amadora, profissional ou de formação. Apesar de muito se discutir este tema,
ele sempre esteve inserido no sucesso de uma estrutura desportiva,
independentemente do desporto em questão. O que contribui e se afinal tem
mais ou menos peso que a liderança e o papel do treinador. A discussão não é
nova, mas cada vez que um treinador sai como campeão e o clube continua ou não
continua como campeão, a discussão aparece de modo mais veemente. Podemos ver
noutro âmbito, se não ganha, se não alcança os objectivos é nomeadamente
"culpa" dos treinadores e jogadores? Falta de qualidade, competência?
Muito redutor só falarmos de futebol, quando o sucesso de uma estrutura começa
muito antes do jogo e da conquista desse mesmo projecto!
Ou
então, porque um clube consegue manter os títulos independentemente do
treinador que está ou que sai. "Um estudo elaborado analisou os
campeonatos regulares e destacou alguns indicadores interessantes para
quem gosta de gestão desportiva, organizações, treinadores e lideranças. Convém
relembrar os mais distraídos que em 40% dos campeonatos, os três denominados
grandes não ocuparam as três primeiras posições. Às vezes esquecemo-nos de que
há "vida" para lá dos grandes. Mas voltando ao estudo, o que nos deram
esses campeonatos? Para quem gosta mesmo desta discussão da estrutura e o papel
do treinador, os dados são muito explícitos: a estrutura contribui bastante
mais para manter o sucesso (e neste estudo o sucesso seria atingir os objetivos)
do que o treinador. "
O
que é a estrutura? A estrutura é a permanência das condições que permitem ou
são necessárias para que uma equipa consiga ter sucesso: organização,
autonomia, transparência, condições físicas, staff, apoio organizacional,
liderança, o mesmo presidente, etc...
Há
exceções? Sempre e em qualquer lado claro. Poucas regras não apresentam exceções.
Mas esta regra do peso da estrutura vs treinador deixa poucas margens de
fundamentação. Pelo que considero bem mais pertinente tentarmos perceber o que
é de facto uma estrutura com sucesso verticalmente falando e que requisitos um
treinador necessita para se adaptar à estrutura e conseguir aportar todo o seu
conhecimento e experiência. As gerações não se repetem, mas a genética
sim. Não é necessário negociar a natureza para isso. É necessário negociar a
cabeça que aplicará essa mesma natureza.
Mas,
quando falamos de formação, falamos em algo muito mais abrangente que o próprio
futebol, sinto-me mais do que “treinador” ou “mister”, vejo-me muito mais como
um professor, alguém que está dia-a-dia a trabalhar para que, além das ações
coordenativas que esperamos que aprendam, da introdução das regras do futebol e
do objetivo gradual de evoluírem do “1×1” para “7×7” e finalmente para o
futebol de “11×11”, também possam aprender regras e valores que são muito
importantes nesta fase de crescimento.
Não
falamos, portanto, de um “regime militar” mas sim de um aquisição de normas que
devem ser seguidas para que todos se sintam parte de um grupo, de uma equipa.
São regras simples e de fácil perceção para as crianças, fazendo com que se
sintam adultas ao mesmo tempo que implantamos alguma autoridade e controlo
entre eles, pois reservo-lhes o poder de me chamar também a atenção se eu
desrespeitar alguma das regras.
Outra
coisa, a importância da derrota e o saber perder também está incutido no
espírito dos treinadores: mentalizar desde cedo que os homens se veem nas
derrotas torna qualquer criança mais forte e mais sensível à humildade na hora
de saber ganhar.” É importante perceber que falo apenas do futebol de formação,
pois a base piramidal continua a ser aquela que move e moverá o futebol e o
desporto no geral: uma grande base cria as condições para aqueles que realmente
num futuro tenham apetência e condições claramente superiores possam, talvez,
singrar e serem jogadores de um outro patamar.
E
nisto olhamos para as equipas em redor das nossas cidades e deparamo-nos com
duas tristes realidades: equipas que não aceitam certos meninos com mais
dificuldade pois o lema é “ganhar e golear a todos custo” e vemos outras que
não conseguem sequer formar um escalão por falta de jogadores. Ir para um clube
de uma dimensão um pouquinho menor, mas jogar o dobro ou o triplo do tempo e
assim equilibrar o acentuado diferencial que vemos entre certas equipas?
É melhor ganhar que perder, é certo, mas existem valores bem maiores que esses. Os Pais, muitas vezes, demasiadas vezes o problema na formação. Como em tudo, existem exceções, e ao longo destes anos tenho lidado com Pais/Mães fantásticos mas também “apanhei” pessoas egoístas, más por natureza e sem qualquer sentido de responsabilidade perante a formação, mas este é um problema que só terá solução quando existirem condições como nos grandes clubes: os Pais não podem assistir aos treinos, e nos jogos caso levantem demasiados a voz no sentido de melindrar a dignidade de alguém, são proibidos de frequentar as instalações desportivas desse mesmo clube. É o melhor caminho? Podemos sempre ter a regra da consciência e da mentalidade para conseguirmos Formar Homens amanhã e "educar" os Pais de hoje!
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