Portugal é, de forma incontestável, líder na formação de atletas de futsal e a conquista do Europeu Sub 19 é “apenas” uma confirmação oficial. No entanto há muito mais que pode e deve funcionar como certificação, desde logo no projeto que vem sendo colocado em prática por parte da Federação, liderado por Pedro Dias e que vai tendo os aliados certos do seu lado. É certo que nada é inteiramente perfeito e há sempre por onde melhorar, mas a receita tem de estar certa e todos estes sucessos o comprovam.
Outro
fator determinante são os quadros competitivos, são dos mais bem organizados e
desenvolvidos a nível mundial. Longe vão os tempos em que o Desporto Escolar
era a bandeira do futsal de formação, hoje temos quadros competitivos em
escalões de formação que poucas federações a nível internacional conseguem
apresentar para um escalão Sénior! Aos quadros competitivos há que acrescentar
o crescimento da notoriedade, com os streamings e os canais desportivos que vão
impulsionando a relação do país com o futsal.
Outro
fator interessante e crucial de se falar é a qualidade dos treinadores, podemos
falar daquilo que vem sendo desenvolvido na última década, pessoas como Orlando
Duarte, Jorge Braz (equipa e estrutura técnica incluída) e por aí fora que
foram desenvolvendo as suas escolas enquanto ao serviço da Federação e que
criaram uma identidade de sucesso, que se vem adaptando às mudanças da
modalidade e que se tem mantido no topo. As derrotas acontecem, mas parece-me
que nem são importantes neste momento, pois quando as coisas estão tão estáveis
e estruturadas como estão, o sucesso regressa rapidamente. No entanto, não são
só estes nomes que se devem falar, na verdade os nomes são impossíveis de
enumerar. A qualidade da formação em Portugal, no masculino e feminino, só é
possível graças à paixão, voluntariado e trabalho social de muitos treinadores,
dirigentes e pais. A grande maioria dos treinadores ainda paga para treinar,
não só investem na sua formação como não olham aos custos das deslocações e
muitas outras despesas que acumulam na defesa e promoção da modalidade (quem
fala de treinadores também fala de dirigentes e toda a comunidade que rodeia o
dia a dia de um clube/equipa).
Importa
também falar na qualidade individual, esta geração sub 19 é fantástica! Não só
chega a patamares coletivos que fazem inveja a 95% (que atrevimento real) de
qualquer seleção sénior internacional, como apresentam variabilidade individual
que raramente se tem visto em Portugal. Pessoalmente é algo que me alegra,
gosto de futsal de ataque, atrevido e imprevisível, fico feliz que o mesmo
esteja de volta e com futuro (tem andado muito cinzento e tático, venham estes
desbloqueadores).
Por
último gostaria de falar nas escolas de treinador, estando fora sou várias
vezes questionado que “treinador” somos nós, Portugueses, se somos escola Brasileira
ou escola Espanhola. Fico contente que, finalmente, se comece a referir a
escola Portuguesa, somos criativos e importa que assim continuemos, isto de
estar por cima apenas requer maior criatividade! Dissecando rapidamente e de
forma simplificada, há liberdade para com o jogador de futsal, um pouco como a
escola Brasileira, mas há uma mistura daquilo que é a escola Espanhola, com
organização e estrutura de jogo (qb para não restringir o impacto individual
dos jogadores como vimos nos vizinhos do lado), principalmente em momentos de
reposição.
Portugal
está de parabéns, a Federação e a sua aposta está de parabéns! Todos vocês que
lavam os equipamentos, pegam na carrinha e andam com os cartões dos jogadores
no porta luvas estão de parabéns! E por último, aos jogadores que levantaram a
Taça, além de agradecer a entrega e intensidade que empregam por Portugal, um
obrigado por voltarem a trazer um futsal atrativo ao palco internacional, que
esta tenha sido a primeira de outras três taças que vos espero ver erguer:
Campeão Europeu (Sénior), Campeão Mundial e, por último, Campeão Olímpico (lá
chegará, não?).
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