“What is defending? In Barcelona we won the CL and 4 Ligas with Koeman and Guardiola as defenders. Now if there are two examples of players who cannot defend its those two. But they did play in the heart of defense. So what is defending? Defending is about space. If I have to defend this whole garden, I’m the worst defender. If I have to defend this small area, I’m the best. It’s all about meters. That’s all.”
Johan
Cruyff, defende desde logo um princípio básico do que é o melhor defender.
A zona. O espaço. E a bola, claro. A bola, como primeira referência, indica
depois o espaço essencial que deve ser defendido. Se há muitos adversários
longe da bola e da baliza, que sentido fará marcá-los? São inofensivos, mas é
isso que manda a defesa homem vs homem e que, parecendo que não, ainda tantas
equipas seguem.
"Cada
vez penso mais e corro menos", autor desta frase, Carles Puyol. O seu
conteúdo leva-nos a refletir sobre a inteligência do jogo. Dominar e
controlar os espaços mais importantes do terreno de jogo de uma forma
inteligente é sintoma de uma equipa evoluída.
Na
entrevista a Puyol, o próprio refere que "agora preocupam-se mais com o
espaço do que com a bola". A noção de controlo e domínio dos espaços é
fundamental para um jogador e para uma equipa inteligente. No entanto, existem
espaços mais "críticos" do que outros. O espaço destinado aos defesas
centrais é fulcral na organização de uma equipa. Quando estão a defender, as
equipas revelam preocupações em fechar o corredor central, sendo os defesas
centrais aqueles que devem guardar os espaços que estão imediatamente à
frente da sua baliza. Começo por referir, "guardar espaços", porque para
mim é uma característica importantíssima para definir um bom defesa central. Existem
defesas centrais que são apelidados pelos adeptos de autênticos
"guerreiros", que "vão a todas", que não largam os
avançados... Entendo este ponto de vista, mas não é o meu. Muito mais importante
do que perseguir o adversário e fazer carrinhos nas laterais, é o defesa
central saber guardar o seu espaço e não permitir
que qualquer adversário (não só os Avançados) possam entrar
nessa zona para fazer golo. O mais óbvio dos pontos estratégicos será
o arrastar os defesas centrais para fora do seu espaço, de forma a que outros
jogadores possam entrar por esse canal. Então os defesas centrais nunca
"abandonam" o seu espaço?? Podem fazê-lo, mas segundo a minha
perspetiva apenas com duas possibilidades: terem a certeza de que vão
"encostar" num adversário que estava prestes a receber a bola num
espaço importante e que poderia colocar em perigo a equipa se a bola fosse rececionada
(se mesmo assim este ganhar a bola, devemos forçá-lo a jogar para fora deste
espaço); terem a certeza absoluta de que o espaço abandonado vai ter uma
eficiente cobertura.
O
futebol evoluiu, antes não existia uma forma de jogar à zona. Um defesa central
marcava o avançado e o outro jogava nas dobras. As equipas começaram a
organizar-se com os defesas centrais a jogar cada um na sua zona. Com o passar
dos anos, o jogo evoluiu para defesa "zona pressionante". Uma forma
de jogar implica jogar em rede, todos dependem de todos, defendendo espaços em
coordenação coletiva!
Para
esta posição procuro sempre ter jogadores que para além de reunirem um conjunto
de características individuais necessárias, saibam jogar em
coordenação com a equipa no seu todo, com a linha defensiva no seu
conjunto (incluindo o Guarda Redes), mais pormenorizadamente com o seu parceiro
do eixo central (quase como uma união que se assemelha a um casamento), também de
forma muito próxima com o seu defesa lateral do seu lado, assim como assegurar as
distâncias para os jogadores do meio campo.
Existe
uma característica que para mim é fundamental... a capacidade de
antecipação. Para mim esta características
está intimamente ligada com a inteligência do jogador. A forma como antecipa o que vai acontecer no jogo em cada instante,
realiza-se em eficiência Defensiva e Ofensiva! A forma de dar sequência ao jogo
após cortar a bola influencia de uma forma construtiva a sua fluidez e
velocidade de jogo.
O
facto de estar numa linha recuada deve também ser aproveitado para darem
feedbacks importantes aos seus colegas de forma a estarem em equilíbrio
defensivo permanente. Estes equilíbrios são extremamente dinâmicos e
requerem concentração e comunicação.
Jogar
com "agressividade" e fortes nos equilíbrios, tentando sempre jogar
em antecipação para rapidamente ficar em posse de bola e evitar que tenham que
defender perto da sua área. Assim os jogadores do meio campo e ataque não têm
que correr grandes espaços: A equipa faz correr a bola.
No
fundo, quem quer atacar bem, tem de ter elementos atrás que saibam atacar bem.
É tão simples quanto isto. Quem não os tem, corre sempre o risco de começar a
jogada com um passe efetuado em condições adversas, "chutões" para a
frente que tornam aleatório o rumo da jogada ou, pior, perdas de bola em zona
proibida.
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