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Como criar um aquecimento de jogo para o Guarda-Redes?

 


Num jogo cada vez mais exigente a todos os níveis para os guarda-redes o aquecimento de jogo é a etapa final da preparação do jogo. O aquecimento serve como forma de adaptação ao esforço e às necessidades que o guarda-redes vai encontrar em jogo. Será necessário o guarda-redes passar por todos os contextos de jogo? Fisicamente quais os pontos essenciais a abordar? De que forma progride o aquecimento? Na formação e a nível sénior o aquecimento é igual? Quais as vantagens e desvantagens de um bom aquecimento? Estas são algumas das questões que vou de seguida dar resposta.

Cada contexto e cada guarda-redes têm as suas necessidades específicas. Quanto ao contexto, a forma como a equipa e o adversário joga influenciam onde focar o aquecimento. Quanto à individualidade temos de perceber que tipo de guarda-redes e de pessoa é. Gosta de desafios? Está confortável? Está com pouca confiança? Em guarda-redes de nível mais avançado devemos questionar sobre o “seu” aquecimento padrão de jogo. Quanto maior o nível, mais os guarda-redes têm enraizados os seus hábitos e rotinas pré-jogo, portanto, mesmo que por vezes não concordemos a 100% com tudo, devemos deixar o guarda-redes sentir-se confortável. O jogo é já ali e queremos que este se sinta bem.

Deve o aquecimento ser sempre igual e padronizado? Depende. Na minha opinião, a padronização do aquecimento tem as suas vantagens ao nível mental pois não obriga o guarda-redes a estar demasiado focado em apreender a tarefa. Eu gosto dessa rotina. Apesar disso, é sempre bom repetir por vezes um comportamento ou outro que sentimos mais necessário para aquele jogo, qualquer que seja o contexto de jogo. Podemos ainda mexer com o volume e também com a intensidade. Podemos facilitar ou dificultar determinada tarefa simplesmente mexendo nas variáveis do exercício.

Podemos definir um aquecimento padrão para o nosso grupo de guarda-redes, mas temos sempre de ter em conta a individualidade de cada guarda-redes. Até pode acontecer cada guarda-redes ter o seu aquecimento de jogo e nós treinadores, em função do guarda-redes que joga, variar esse aquecimento. O que interessa acima de tudo é o conforto e a confiança que o guarda-redes sente durante e após o aquecimento. Quanto maior o nível, mais autonomia os guarda-redes têm. É normal a mobilização articular e até partes do aquecimento serem controladas pelo guarda-redes. O nosso papel como treinadores é sermos mediadores dos conteúdos por isso é importante o atleta assumir parte da responsabilidade.

Um dos princípios do aquecimento é a progressão tanto de intensidade como de complexidade ao longo do aquecimento. Devemos começar de forma leve e ir aumentando progressivamente. Pessoalmente gosto de começar de uma forma mais tranquila e ir progredindo tanto ao nível da intensidade quanto ao nível da complexidade das tarefas (do mais fechado - analítico, para o mais aberto – variável). Quanto aos contextos cada um escolhe o que pretende do aquecimento. Eu acho que devemos passar, nem que seja brevemente, pelos vários contextos de jogo para permitir ao guarda-redes executar as técnicas, os posicionamentos e as leituras. 

Quanto à duração do aquecimento não existe tempo ideal. O contexto e a individualidade ditarão o tempo. O que a restante equipa faz no aquecimento influencia muito do tempo que o guarda-redes tem para o seu aquecimento específico. Não esquecer a importância das condições atmosféricas, tanto no que diz à duração do aquecimento (muito calor ou muito frio ou de chuva), quanto à necessidade de o guarda-redes se adaptar às mesmas condições (relvado molhado/seco; vento –trajetórias; etc.). 



Deve o guarda-redes participar na finalização da equipa? Normalmente esta é uma das últimas coisas que a equipa trabalha. O guarda-redes terá de sair mais cedo o que muitas vezes nem faz coincidir com a equipa. Mas se coincidir fica ao critério do guarda-redes. Eu não sou muito a favor porque como é numa fase final o guarda-redes, para além de ter uma grande intensidade, irá passar por momentos em que o sucesso da ação será diminuto. Não podemos dar confiança à equipa e ao guarda-redes ao mesmo tempo. Mas reconheço o valor dessa finalização realista e aproximada ao jogo.

Fisicamente o essencial é perceber que o tipo de ações predominantes em jogo no guarda-redes são as ações explosivas. Para isso devemos fomentar esse mesmo tipo de ações, desde saltos, acelerações e quedas. Precisamos de o fazer de uma forma descontextualizada? A meu ver não. Numa fase inicial, após a mobilização articular, pode ser um trabalho preparatório. Importante ressalvar que não é preciso grande volume de execuções. Quanto à mobilização articular relembrar a importância dos ombros, anca e tornozelos para uma otimização física.

A meu ver o aquecimento de jogo deve ter decisões. Como falei anteriormente, progredindo do fechado para o aberto e do simples para o complexo. O guarda-redes exercitar no seu espaço de jogo (a área e a baliza), passar por trajetórias de jogo, tanto ao nível dos cruzamentos quanto dos remates é importante. Uma dica: utilizar vários tipos de remate (do chão, do ar, a ressaltar, em força, em arco, etc.). E utilizar diferentes ângulos de remate. Quanto aos cruzamentos a mesma coisa (variar zonas e tipo). Isto são somente dois exemplos, mas que são fundamentais. Quanto às trajetórias relembrar o quão importante é na adaptação o guarda-redes receber bolas ressaltadas no relvado para a análise de trajetórias.



Por fim comparar e diferenciar o que é a formação e o futebol sénior. Os exemplos que fui dando ao longo deste texto são focados numa componente de rendimento e de futebol sénior. Na formação é pertinente existir uma estrutura pré-definida. Pode ainda ser mais um momento de aprendizagem para os guarda-redes. Se não existe treinador de guarda-redes e são os guarda-redes que dão o aquecimento é fundamental a existência de um padrão/rotina pré-definida e aí a responsabilidade passada aos guarda-redes. Será essencial trabalhar por exemplo cruzamentos na iniciação? É uma ação que acontece em jogo? O que quero dizer coincide com o descrito antes: adaptar o aquecimento ao contexto.

O aquecimento é uma fase fundamental da preparação para o jogo. Queremos guarda-redes preparados para a ação logo nos primeiros minutos de jogo. Para isso ressalvar a importância da preparação e predisposição para a tarefa tanto a nível físico, técnico, tático e mental. É um todo a funcionar. Um bom aquecimento irá preparar os guarda-redes para um grande jogo para além de prevenir lesões. Um mau aquecimento pode levar a uma performance abaixo do esperado. Se és treinador de guarda-redes ou guarda-redes, usas alguma estratégia específica no teu aquecimento? Conta-me mais sobre as tuas experiências!


MIGUEL MENEZES

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