É um sub-10, podia ser um sub-11
ou sub-12, apenas serve para criar uma fronteira de discussão. A verdade é que esta
questão é passível de ser discutida, não parecendo haver a certeza entre o dar
condições a um jovem atleta para que ele progrida nas diferentes bases ligadas
ao Futebol e, o aliciar cabalmente jogadores oriundos de outros clubes. Ainda
assim, os dias em que cada Treinador de Formação trabalhava com os jovens que
apareciam nos clubes estão terminados.
Senhoras
e senhores estamos na “Era do apaparicanço”. Quero deixar aqui a nota que em
nenhum momento na escrita deste artigo me vou colocar a favor daqueles que
aliciam jovens jogadores, nem contra, apenas tecer algumas considerações sobre
o que se pratica por aí. A “Era do apaparicanço” não mais significa do que
apaparicar o papá, apaparicar a criança, beber café com o papá, ir a casa da
família do craque, prometer mundos e fundos ao papá e à criancinha, quiçá
cortar nas mensalidades, transporte assegurado… Se o leitor Futebol Apoiado já
me acha contra estes costumes pelas palavras utilizadas anteriormente
desengane-se. É só para tornar a discussão mais acesa.
Com
efeito, aqueles que são da opinião de que o Treinador de Formação deve
trabalhar com os atletas que aparecem na Escola/Clube de Formação são poucos e
cada vez menos. Os clubes também demonstram uma falta de brio notável a este
ponto, dando bónus a Treinadores que consigam aliciar jovens a entrar no clube
e condenando aqueles que procuram “roubar” os que a casa já tinha. Mas estes,
que são da opinião que referi no início deste parágrafo travam uma luta que não
podem vencer.
O certo
é que do ponto de vista do Treinador há algumas ilações a retirar: primeiro,
todos os Treinadores gostam de trabalhar com ex-atletas, já que o fator
familiarização Treinador-Atleta está, à partida, ultrapassado ou praticamente
garantido. Segundo, todos os Treinadores gostam de trabalhar com atletas de
reconhecida qualidade, critério assente para o aliciamento acontecer. Ainda
assim, tudo na vida me parece poder ser feito com alguma classe, ou com muita
falta dela. Agora deixo as seguintes perguntas: O Treinador A, B ou C tem
qualidade porque tem a capacidade de garantir muitos jogadores de qualidade
para a sua equipa, beneficiando do seu nome, nome do clube e respetivas
condições, construindo uma boa equipa e amealhando bons resultados, ou por ser
um bom formador capaz de potenciar o talento que tem em mãos? Ou, ao invés, o
Scouting de jovens talentos é algo sob o qual o Treinador já deve ser avaliado,
como uma das suas valias? Entendo serem perguntas interessantes de se fazer e
de se responder.
Fazendo
um breve apanhado daquilo que eu acho, não me colocando do lado dos que apoiam/fazem
o aliciamento nem dos que não apoiam/fazem, entendo que cada vez mais os Pais
devem ouvir os seus filhos. Porque realmente quem pratica são os filhos e eles
têm inteligência e capacidade para perceber em que realidade se sentem melhor. Outra
certeza que tenho é que antigamente era fácil saber quem eram aqueles que eram
realmente os bons Treinadores. Hoje não sabemos se os melhores são os que
ganham ou os que formam, porque normalmente os que formam, formam para os
outros ganharem.
Pedro Cardoso
0 Comentários