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Permita-me a ousadia: É um All-In


    Rúben Amorim foi apresentado na passada quinta-feira como novo treinador do Sporting C.P. Após esta estreia vitoriosa frente ao Desportivo das Aves por 2-0, não podemos atender àquilo que a equipa leonina foi capaz de demonstrar devido ao rumo que o jogo tomou com duas expulsões antes dos 20min de jogo, fazendo com que o jogo se transformasse num treino de organização ofensiva, com 9 elementos dos visitantes no primeiro terço do campo, do clube de Alvalade. Mesmo neste contexto perceberam-se as imensas limitações do plantel do Sporting, algo que o treinador Amorim não encontrou em Braga. Mas já lá iremos…
             Sendo ousado, direi que este é definitivamente um all-in. Um risco total, e uma última decisão, ou não, de Frederico Varandas. E como tudo, os resultados dirão se é a última decisão ou não. Não estou a falar financeiramente, até porque se formos por aí um artigo de opinião não chegaria para justificar as inúmeras contradições do projeto desta direção que investe 12M€ num treinador com 13 jogos na primeira divisão portuguesa e prescinde de Nani e Bas Dost para sobreviver.
                Com efeito, parece quase caso de estudo como é que o Sporting prescinde tão facilmente de treinadores e jogadores, ou como tal facilmente muda o seu projeto desportivo. Como se pode explicar a uma massa adepta um projeto desportivo assente num treinador que há três meses atrás não tinha feito qualquer jogo na Primeira Liga? Então, podemos daqui deduzir que o projeto desportivo, se é que o havia, desde o momento em que Varandas venceu as eleições até aqui é um fracasso total? Um desnorte? Ou a “herança” explica tudo isto?
                Amorim inicia o seu percurso no Sporting com o seu 3x4x3. Três centrais, laterais bastante abertos e profundos no terreno, onde os extremos jogam praticamente no corredor central, entregando a largura aos laterais. Aqui pode-se debater imediatamente a questão do treinador, do seu modelo e do seu sistema. Parece claro que o novo treinador do Sporting quer ensinar o seu modelo e o seu sistema aos seus jogadores e não adaptar as ideias ao plantel que tem. Faz sentido, porque me parece que deste plantel muitos poucos serão aqueles que ficarão para o próximo ano. O que é certo é que na atual conjetura é difícil imaginar o Sporting jogar com três centrais, quando Mathieu não estiver apto, o que pode acontecer já em Guimarães.


    Do ponto de vista da tomada de decisão, também é bastante questionável esta escolha de Amorim. Percebemos pelo seu discurso e pela forma como gere os jogos (já que não tem problemas em retirar um jogador aos 25’ de jogo se isso beneficiar a equipa e assim é que deve ser), que é um treinador com ideias fixas e que as quer levar a bom porto. Mas no S.C.Braga tinha melhor equipa para isso, menos pressão, e um grupo de jogadores bastante mais disponíveis para darem tudo por ele lá dentro. Atentemos na reação de Ristovski à sua saída de campo… é difícil perceber que perante um Desportivo das Aves reduzido a 9 elementos, a equipa beneficiaria de um jogador de características ofensivas naquela posição? Não me parece, mas o ego de um atleta do Sporting não será o mesmo que o ego de um do S.C.Braga.
                Estamos perante um projeto de grau de dificuldade bastante elevado para Rúben Amorim, e se ultrapassar este desafio, aí sim podemos estar perante um treinador a ter em conta a nível internacional. E esta ida de Amorim para o Sporting só pode acontecer perante promessas de um plantel renovado e reforçado para 2020/2021 pelo que o novo Sporting será uma das curiosidades da próxima temporada. E veremos o que jogarão Plata, Camacho, Jovane (demonstrou ao seu treinador todas as dificuldades técnicas que o seu jogo tem), Wendel, Sporar… entre outros.

Pedro Cardoso

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