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2ª Jornada - LIGA BPI


Nova jornada e demonstração de que teremos um campeonato mais agitado e surpreendente do que seria de esperar antes do início do mesmo. Resultados surpreendentes e bons valores a emergir, tudo isto numa Liga BPI bastante equilibrada nesta jornada. 

 

Clube Albergaria 2–1 SF Damaiense


A 2ª Jornada abriu com um jogo escaldante. Escaldante essencialmente pela temperatura que se fez sentir e que se fez notar em campo e no desempenho de algumas jogadoras. Nota para a não inclusão no 11 de Summer Green (condicionada) e Kiki no Albergaria.

Uma primeira parte que ficou logo marcada pelo primeiro golo do Damaiense a surgir através de um passe errado/má receção em frente à área (de costas para o jogo, sem scan…) que sobra para Melany Fortes, que frente à guarda-redes não facilita e coloca logo a sua equipa em vantagem. A partir daqui e até fim da primeira parte denotou-se um equilíbrio grande com pendor para o Damaiense que parecia ter o jogo controlado, ainda que sem criação de grandes oportunidades para golo. Destaque para o lance de possível golo anulado a Healy. Bem anulado.

Na segunda parte o Albergaria veio determinado em dar a volta ao jogo. Debaixo de um intenso calor, Sofia Lewis aproveitou o espaço entre central-lateral e arrancou isolada para agarrar o passe cruzado efetuado por Andreia Freitas e assim marcar o golo do empate para o Albergaria. Entrada a todo o gás! Sofia Lewis viria a ser uma autêntica dor de cabeça para a defensiva adversária e em conjunto com Erin Healy viriam a desgastar imenso toda a linha defensiva adversária. Com o Albergaria a mudar a estratégia e a tentar o pressing a todo o campo, o Damaiense sentiu muitas dificuldades. Dificuldades essas, sentidas ainda mais depois da saída de Melany Fortes, que assim deixava o Damaiense sem solução para esticar o seu jogo de forma a arranjar espaço para respirar e empurrar o seu adversário para trás. Sem o arrastar da defesa contrária e com Paula Ruess a dominar e a não permitir espaços à defesa contrária, não seria de admirar que o Albergaria chegasse mesmo ao segundo golo. Assim aconteceu quando Letycya Bonifácio não mediu a intensidade no passe para Dani (que era a última da linha defensiva), que com uma má receção deixou Healy isolada e esta a não perdoar a dar a vantagem à sua equipa. O coroar de um bom início de época para a avançada.

Destaques claros para Sofia Lewis e Healy pelo que trabalharam e ofereceram à sua equipa no último terço, Andreia Freitas pela boa ligação meio-ataque e Paula Ruess no domínio da defesa do Albergaria. Do lado do Damaiense, sem grandes destaques deixam novamente boas indicações Melany Fortes e Raquel Ferreira.


FC Famalicão 2-0 CA Ouriense


Numa das partidas que abria a segunda jornada, assistimos a uma vitória sem grande surpresa por parte do Famalicão. Sem surpresa principalmente por aquilo que se assistiu durante o jogo, ainda que se esperasse mais de um Ouriense que vinha motivado por duas vitórias consecutivas frente ao Albergaria.

Um Famalicão que se apresentou em 1-3-5-2 com Regina Pereira a jogar como DC do lado esquerdo e que melhorava bastante a construção de jogo da sua equipa, além de dar outro tipo de eficácia defensiva à sua equipa, diria que foi uma aposta ganha. O Ouriense também surpreendeu ao apresentar-se num 1-3-4-3, que a defender tentava fechar num 1-5-4-1. E parece-me claro que foi por aqui que começaram os problemas da equipa de Ourém! Ao longo de toda a primeira parte nunca conseguiram encontrar a forma de pressing correta e isso deixava a equipa de Famalicão a jogar com bastante à vontade, dominando o meio-campo a seu belo prazer. Para isto contribuíram as boas exibições de Pavlovic, Negrão e Vanessa Marques, sempre disponíveis para receber bola e a darem linhas de passe, sendo que o pivôt defensivo também contribuíu bastante para a recuperação da bola no momento de perda. Naturalmente com tanta bola, Matilde Figueiras apareceu imensas vezes no último terço do seu corredor, dando uma boa solução para a variação do centro de jogo. E, assim, nasce o primeiro golo por Érica Bispo numa boa assistência de Sara Brasil, que com uma carambola não deu hipótese de defesa a Ana Rita Oliveira.

Já na segunda parte o Ouriense alterou o seu sistema tático, fez substituições e a equipa ficou naturalmente mais próximas daquilo a que as jogadoras estão habituadas. Estas alterações tornaram o encontro mais equilibrado, o meio-campo com Godói como tampão, deu outro tipo de consistência e as facilidades já não foram tantas. Ainda assim, numa tentativa de alívio, Susana Silva bateu contra Érica Bispo e esta ficou isolada, entregando a bola a Sara Brasil que não perdoou e faturou contra a sua antiga equipa. A partir daqui o jogo estava resolvido, ainda que o Ouriense tenha conseguido numa bela cabeçada de Lorena obrigar a guarda-redes a uma bela defesa e Godói numa perda de bola à entrada de área depois de um pontapé-de-baliza levou a que Ana Rita Oliveira dissesse presente e evitasse o dilatar do resultado.

Destaques para Brasil com um golo e uma assistência, Vanessa Marques a distribuir o jogo, Negrão com uma ótima exibição e Pavlovic no centro do terreno com a consistência habitual. Matilde Figueiras também com boa nota, essencialmente por aquilo que produziu na primeira parte. Do lado de Ourém, sem grandes destaques positivos, bons apontamentos de Godói no meio-campo, que dará mais uma boa solução para o futuro.


Racing Power 0–2 SC Braga



Um dos jogos grandes da jornada, entre duas equipas que apontam ao topo da tabela. Uma primeira parte com um início de jogo embrulhado, com as duas equipas a procurarem encaixar uma noutra e com muita disputa pela posse da bola. Enfrentam-se dois estilos de jogo completamente diferentes, apostando o Racing Power num jogo mais direto, vertical, mas também muito físico enquanto o Braga, desta vez em 1-3-5-2, procurava estar coeso defensivamente, procurando não dar o espaço nas costas que o adversário tanto pretendia e procurar chegar à baliza através de saídas rápidas enquanto o jogo não assentava, estabilizando-se depois através de um jogo mais apoiado e seguro quando o resultado lhe sorria. Na primeira parte depois do aviso de Ana Rute num livre direto e já depois de um lance caricato que daria em golo ser anulado pelo VAR, a vantagem viria mesmo a chegar perto do final da primeira parte. Jennifer Vetter apareceu isolada, mas Patrícia Morais saiu-se bem e segurou o nulo. Como quem não marca, sofre, logo de seguida, Ana Rute bateu um livre que viria a ser desviado e daria a vantagem ao SC Braga. Fica a ideia de que a GR poderia ter feito mais. Logo de seguida, depois de um corte fora da área da Patrícia Morais (a controlar bem a profundidade), Quintana rematou em balão e quase marcou um golo de antologia.

            Na segunda parte, o jogo viria a manter-se equilibrado. O SC Braga procurou dar ainda maior equilíbrio no meio-campo com a entrada de Miller (excelente entrada) e Baldwin, enquanto o Racing Power procurou sempre chegar através da “baixinha” Jennifer Vetter que veio sempre a dar muito trabalho à defesa bracarense. Idoko que vinha a ser importante nas suas ações 1x1 em que aproveitava a sua velocidade, também veio a perder gás ao longo do jogo e assim o Racing Power apostou muito mais nas bolas longas. Kala Daniel desta feita a jogar como DC aproveitava a sua capacidade técnica para lançar bolas para as suas avançadas, que não davam o seguimento devido aos lances. A experiência de Patrícia Morais e da equipa bracarense também se viria a revelar decisiva ao longo da segunda parte, tentando sempre resfriar o jogo e procurar segurar o resultado com tranquilidade. Já perto do fim, num livre que até parecia ir para fora, lance de penalti a favor do SC Braga que Vitória Almeida viria a converter e assim, selar a vitória para a sua equipa.

Destaques para as exibições de Patrícia Morais, Ana Rute e Maria Miller do lado do SC Braga e Jeniffer Vetter e Kala Daniel do lado do Racing Power.

 

SL Benfica 5-0 CS Marítimo Madeira



Jogo de sentido único. Esperava-se um Marítimo que viesse dar luta frente ao Campeão Nacional, mas a verdade é que desde cedo se percebeu que isso não iria acontecer. A equipa de Telma Encarnação foi completamente engolida pelo jogo do Benfica, nunca conseguindo lidar com a metamorfose do 1-3-5-2 para um 1-3-4-3 com as caraterísticas de Norton e Kika a levarem a que isso acontecesse, estando constantemente entrelinhas a solicitar bola e a transformar a ofensiva do Benfica num ataque móvel. Falcón acelerou várias vezes e criou inúmeros desequilíbrios no corredor esquerdo, enquanto Lúcia deu continuidade ao bom momento que vive.

Antes do 1-0 já o Benfica e Marta Cintra tinham desperdiçado algumas boas ocasiões, mas aquilo a que se assistiu ao longo de todo o jogo foi um festival de oportunidades criadas e desperdiçadas. Kika Nazareth assumiu o jogo da sua equipa e marcou um hattrick, tendo Marta Cintra marcado na recarga a uma bola cabeceada à barra por Norton e Lúcia Alves a coroar a sua exibição com um golo já depois de ter assistido as suas colegas para golo.

O Marítimo deu uma pálida imagem da real valia da equipa e não conseguiu por nenhum momento entrar no jogo.

Destaques para o lado do Benfica com Kika a dar um festival e a juntar golos à exibição, Falcón a ser uma locomotiva na esquerda, Lúcia a servir muito bem as suas colegas e a juntar-se como uma verdadeira extrema, tendo Norton dado um festival de bom futebol e a conseguir aparecer em todo o lado.


LANK Vilaverdense 0–2 SCU Torreense



Jogo que evidenciou melhorias significativas na equipa do LANK, agora mais composta com alguns reforços, mas ainda assim longe do nível demonstrado no passado. Também evidente fica a incapacidade do Torreense em jogo posicional e em jogos que tem de assumir o jogo.

O LANK que faz uma primeira parte bastante positiva com várias incursões à baliza adversária e um domínio de maior tempo da posse de bola, enviou mesmo uma bola na barra através de um remate de fora de área pela Gabi (teve um início de jogo cheio de energia). A resposta do Torreense surgiu num mau atraso da defesa do LANK que isola Lara Pintassilgo, que sozinha depois de ultrapassar a GR não conseguiu finalizar com sucesso. O LANK ia controlando o jogo, tentou adaptar-se ao que o jogo ia pedindo (p.e. passagem da Gabi para a lateral esquerda de forma a impedir as incursões de Rafa Sudré), mas numa boa troca posicional que iludiu a sua defesa, Rafa Sudré aparece isolada através de um bom passe em profundidade, que deu ao lado para Maria Ferreira inaugurar o marcador.

A 2º parte tornou-se ainda mais equilibrada. Com as duas equipas a apresentarem-se com 3 defesas conseguiu, ainda assim, o LANK superar a inferioridade numérica a meio-campo, servindo para isso uma ótima prestação de Pâmela Dutra, bem auxiliada por Laura Marin. O Torreense procurou controlar com bola e conseguiu ir diminuindo o ritmo de jogo, conseguindo ainda uma ou duas boas ocasiões de golo antes de encerrar finalmente a partida com um bom passe de Maria Malta para Janaina finalizar e meter o marcador no 0-2, dando assim a vitória à sua equipa.

Destaques para as exibições de Gabi e Pâmela Dutra e os bons apontamentos de Laura Marin e Ema Cruz do lado do LANK, enquanto do lado do Torreense a inevitável Rafa Sudré foi dominando no corredor e levando a sua equipa para a frente, sendo acompanhada por uma boa exibição Ellie Walker na defesa, controlando com e sem bola.


Valadares Gaia FC 2–0 Sporting CP



 Este foi o jogo da jornada. Não por aquilo que se jogou, mas sim pelo concretizar de uma surpresa por parte de uma equipa de quem se espera muito esta época, o Valadares Gaia.

Esta derrota do Sporting (podem questionar-se algumas escolhas) parece-me, no entanto, fruto de alguma eficácia ofensiva e falta de imaginação coletiva em desenhar lances de real perigo, ainda que a quantidade de lances de finalização criados fosse mais que suficiente para alcançar outro resultado. Na primeira parte, as tentativas de Jacynta e Diana Silva não lograram o golo que lhes permitisse chegar à vantagem desde cedo. O Valadares manteve-se bem posicionado num bloco médio-baixo, coeso defensivamente e sem receios mesmo quando empurrado para o último terço defensivo. Os melhores momentos do Valadares surgiam a partir do corredor esquerdo, com Mégane a envolver-se bem e a aparecer várias vezes vinda de trás a criar desequilíbrios, mas o mesmo não se materializava em reais oportunidades de golo. O Valadares viria a respirar melhor com um ataque rápido a sair dos pés de Da Costa num excelente passe a variar o centro do jogo, onde apareceria Queiroga, que do meio da rua fuzilou a baliza de Jóia, marcando possivelmente um dos golos da época. E que golo!

O resultado de 1-0 ao intervalo premiava claramente a atitude competitiva que o Valadares evidenciou ao longo da primeira parte. A defesa do Valadares ia controlando as operações, o meio-campo susteve o jogo (belíssimas exibições de Da Costa e Barboz) e, na segunda parte, veríamos um jogo muito idêntico. O Sporting ia tentando chegar ao empate, mas o Valadares nunca se encolheu. Num mau passe à entrada da área, Ana Borges entregou a bola a Malu, que num bom remate colocado de pé esquerdo aumentava a vantagem. O escândalo pela forma letal como o Valadares conseguia chegar à vantagem por dois golos estava instalado. O Sporting ainda sonhou com a chegada ao empate (pelo menos) depois de Ver Opal Curless ser expulsa, mas durante o período em que esteve em superioridade numérica o desenho coletivo nunca foi o melhor. Nem com a entrada de Maísa! E, se não parecia fácil o Sporting chegar a outro resultado, Fátima Pinto viria a ser expulsa através de um segundo amarelo numa abordagem infeliz a um lance totalmente controlado. A entrada de Olívia Smith ainda foi mexendo com o jogo, conseguiu mesmo arrancar um penalti que não conseguiria concretizar pois, Erin Seppi adivinhou o lado e agarrou a vitória para a equipa de Gaia. No último lance da partida, Queiroga ainda rematou de livre à trave, lance que premiaria uma excelente exibição por parte da jovem lateral.

Destaques para o coletivo do Valadares. Individualmente Erin Seppi agarrou a vitória da sua equipa com boas intervenções, Queiroga marcou um golaço e susteve Jacynta, Opal ia realizando uma boa exibição até à expulsão, tal como Barge no lado esquerdo da defesa. Mégane envolveu-se bem no ataque sempre que possível e conseguiu fechar o seu lado. Da Costa garantiu o equilíbrio necessário no centro do terreno, enquanto Barboz com um raio de ação maior apareceu em várias zonas não se coibindo nunca de ter bola e Malu consegue um golo para a sua conta na única oportunidade clara de golo. Do lado do Sporting, destaque para Andrea Norheim que tentou sempre ajudar com bola, Cláudia Neto no centro a tentar servir o ataque e de Jacynta que foi tentando desequilibrar no último terço, ainda que sem efeitos concretos.


11 da Jornada:




RICARDO CARVALHO


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