É sempre bom
quando um dos nossos tem sucesso e consegue deixar a sua marca, ainda para mais,
na liga mais competitiva do mundo do Futebol, a Liga Inglesa. E, já é seguro
dizermos que Carlos Carvalhal deixou a sua marca, quer no Championship
(referente à Segunda Divisão inglesa) ao serviço do Sheffield Wednesday, quer
agora na Premier League, tirando um aflito Swansea City da lanterna vermelha
até à tona de água (acima dos lugares de despromoção).
E porquê à
tona de água? A utilização desta expressão metafórica já pode ser considerada
como uma cartada à Carvalhal. Com efeito, o bracarense tem sido um protagonista
tanto dentro como fora das quatro linhas. Dentro com a transformação do jogo
dos Swans, fora pelas inéditas conferências de imprensa, onde a gargalhada está
quase sempre presente… onde já houve partilha de gastronomia portuguesa (no
caso, pastéis de nata), juntamente com uma constante partilha de episódios
cómicos da carreira de Carlos Carvalhal, mas sempre com uma mensagem importante
adjacente à comicidade.
A chicotada é
obviamente um corte radical com os hábitos e as práticas que se vêm tendo
no campo de treinos e nos jogos de um certo clube. Na maioria das vezes, a
causa é a falta de resultados desportivos. Esta chicotada foi apelidada de
psicológica, nunca de chicotada tática, nem chicotada técnica, quanto muito
chicotada física… A chicotada é e sempre foi psicológica. E como mandam as
regras, desde cedo Carvalhal deu a entender que o primeiro passo para o sucesso
deste Swansea seria fazer com que os jogadores acreditassem que a missão
impossível se tornaria, através do empenho de todos, possível. A primeira
tarefa do Treinador escolhido para que se desse a chicotada psicológica foi
trabalhar o psicológico da sua equipa.
Numa
destas conferências de imprensa, atentei a uma pergunta que me pareceu bastante
interessante. A rigor, trata-se da conferência de imprensa em que os
jornalistas britânicos certamente ganharam um gosto mais adocicado pelos
pastéis de nata oferecidos por Carvalhal. A pergunta foi a seguinte: se os
resultados desportivos positivos contribuíam para aquele ambiente quase festivo
na abordagem à imprensa, ou, se aquela abordagem à imprensa, aquele bem-estar
revelado pelo novo Treinador ajudava a equipa a alcançar esses resultados.
Pareceu-me um bom tópico de discussão.
Mais
importante que revelar a resposta dada por Carvalhal, entendo ser vital
percebermos uma coisa: é certo que os jogadores atentam ao que o seu Treinador
diz à imprensa, se não o fazem bem deviam. E dei por mim a pensar… Será que
nesta tentativa de trabalhar o perfil psicológico da sua equipa, a criação de
um ambiente positivo no dia-a-dia “swanseano” não beneficiará a equipa? E terá
sido a criação deste ambiente deliberada ou as conferências de imprensa de
Carvalhal dignas de um óscar para melhor ator, tudo em prol da sua equipa?
Depois conclui: a criação deliberada de um ambiente propício a um contexto
melhor, sendo o Treinador igual a si mesmo.
E
o quão me agrada ver um Treinador que em Portugal não lhe foi dado o devido
valor, singrar na Premier League. O quão me agrada ver a felicidade de
Carvalhal quando questionado pela convocatória de Mawson para a Seleção Inglesa.
E o quão fico triste de em Portugal se darem hipóteses sem conta a Treinadores
que nada de novo trazem ao Futebol, enquanto obrigamos os Carvalhais desta vida
a emigrarem para mostrarem a sua qualidade.
Pedro Cardoso
0 Comentários