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O Futebol não se ensina, aprende-se.


O futebol deixou desde a formação de ser ócio para ser negócio. Estamos no desporto uns pelo Futebol, outros pelo Rugby, mas sobretudo, pela paixão do desporto em si e não pela paixão do dinheiro. Será a falta de valores? Talvez... Tudo terá uma ordem lógica para nos podermos organizar e gerir, não podemos só querer enriquecer à custa dessa paixão pela qual outros se movem...E depois vem o Futebol, por último...
Hoje fala-se de tudo menos do próprio jogo. Na televisão, nos estádios, nos campos, na nossa zona... Todos "sabem" de futebol, desde Dirigentes a Pais pois, estamos no meio, direta ou indiretamente, como tal sabemos de tudo, nem que seja por contato... Há uma pressão muito forte da sociedade que depois se reflete nos dirigentes e treinadores. No meu tempo havia poucos Reis e muitos Príncipes, mas acho que os Príncipes da minha altura seriam Reis hoje em dia. Creio que antes havia mais jogadores apaixonantes, mas felizmente hoje em dia já há mais gente a ter noção de que é preciso estimular o desenvolvimento individual e não o comprometer. Esse futebol morreu, o que andamos a fazer? O problema não é só do futebol, mas de uma sociedade em constante mudança, fruto de uma evolução que promoveu o imediatismo como norma. A essência pela qual as coisas se faziam perdeu-se. No meu tempo tinha de passar por muito para ter dinheiro para comprar uma caderneta de futebol. Hoje, compram-se os cromos todos da caderneta de uma vez só, para despachar. Queremos tudo para ontem, tudo rápido e sem paciência, sem percorrer o trajeto. Perdeu-se algo pelo caminho… O processo.


Poderá ser uma autocrítica, ou mesmo uma forma de estar generalizada, que já venho a fazer há algum tempo de forma a melhorar a intervenção como treinador, tanto em treinos como nos jogos.  
Cometemos erros inconscientemente que podemos corrigir quando tomamos consciência da forma e frequência desse mesmo erro. Essa evolução acontece pela constante superação do erro. O treinador que comanda verbalmente as ações dos jogadores constantemente, que parece que usa um comando de uma consola, pode ser a meu ver feita na fase inicial no futebol de formação, mas não mais que isso. E porquê? Porque vai claramente condicionar o desenvolvimento da autonomia decisional (a chamada tomada de decisão) do jogador. Se nas aprendizagens não for concedida a oportunidade de ler o jogo e atuar em função das possibilidades existentes, nunca estes conseguirão lidar com os verdadeiros obstáculos que o futebol lhes apresenta. É sem dúvida um dos problemas do futebol de formação.  
Existe como em tudo na vida uma dose certa para tudo, como tal, não devemos ser radicais na forma de intervir ou não nos treinos/jogos. Temos saudades do Futebol de Rua pois, não existiam adultos a intervir nos jogos das crianças e esta é umas das valências do jogo informal, do treino livre.
Os miúdos desorganizam -se e organizam-se, jogam e aprendem, mas não aprendem só sobre o jogo!
Uma visão mais liberal do processo formativo do atleta. Não devemos é pensar que isto só existe no clube A. B ou C, quando nenhum de nós está imune a este tipo de comportamento temos é que saber quando o fazer, para depois irmos aos poucos libertando e dar a "dose" de criatividade necessária para fazer deles atletas organizados e autónomos nas suas decisões. 
Deixar os miúdos jogar e praticarem as situações de treino propostas, o mais próximas do jogo, que se assemelhem àquilo que provavelmente se irá encontrar e que deem repetições e contextos suficientes para que em jogo exista a "sensibilização" para esses mesmos estímulos, utilizando as suas capacidades cognitivas e motoras.

Bruno Rodrigues

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