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"10" DO FUTEBOL ATUAL



Einstein personificou a genialidade como Físico. O futebol actual está cheio de génios. Mas, tudo é relativo. Einstein ficou famoso pela Teoria da Relatividade. Um génio, por definição, é algo que vai muito além da expressão extrema de talento. O critério para o julgar é subjectivo. Nem se evidencia em todos locais ou circunstâncias. Os génios que o futebol hoje produz são quase todos relativos a uma jogada ou jogo específico. Ou vivem numa equipa, ou fazem parte dela indirectamente.  Nem respiram noutra forma. São expressões de talento circunstancial. Seria a altura ideal para criar a teoria da relatividade do talento futebolístico, para quem realmente percebe de futebol, pois não basta assumir só posições. 

Podem existir outras formas de descrever a descoberta de um talento, mas nenhum pode ter sempre o mesmo impacto. O grande segredo para a expressão do talento está em desejá-lo fundir com a própria vida…
Os "10" no futebol estão a acabar? Se calhar taticamente até já acabaram mesmo. A preponderância física do meio-campo em detrimento da técnica e da fantasia. Aquele jogador que jogava solto entre os médios-defensivos e o ponta-de-lança, fazendo jogar toda a equipa, pautando os ritmos de jogo agora foi transformado no interior, o box-to-box como se diz em Inglaterra…
Os treinadores preferem? Também podem não preferir, mas temos cada vez menos, esse "Mágico". Temos sim, um médio estilo “Pitbull” a jogar a 8, que recupere bolas, que “coma” metros em progressão, que queime linhas de passe ao adversário, que seja regular, seja um pêndulo da equipa, desviando os criativos para a ala, que para equilibrar a equipa taticamente, são colocados na linha, onde podem fazer movimentos diagonais, entrando por dentro, para o interior do relvado, abrindo a ala para o lateral entrar nas costas, cruzando de primeira, proporcionando profundidade à equipa, enquanto o criativo arrasta o lateral que o cobre fora de posição, o 6 adversário também tenta fechar, abrindo espaço para a entrada do médio-interior na área, beneficiando do “cair” na ala do ponta que ocupou o lugar do criativo que fletiu… Dirão que na faixa fogem mais às marcações. Não pensem nisso…
Com este tipo de jogadores, são os adversários que devem pensar em como os travar e não tanto eles, em como se colocar para lhes fugir. Esta parte é lhes natural. Como a amplitude periférica de ação e campo de visão dever ser sempre o maior possível.





Esse tipo de efeito só este estilo de jogador 360º consegue ter, jogue perto ou longe da baliza. Ele desfaz o conceito de ser defensivo ou ofensivo porque transforma tudo o que faz numa mescla de tudo que o jogo esconde. Pode ser mais lento ou já ter sido mais rápido. Isso é importante, claro. Mas, na cabeça, a sua velocidade não mudou. E a bola continua a correr da mesma forma…
Muito se deve à mentalidade de quem lidera nos tempos de hoje, em que esta mudança de mentalidade dos treinadores, sobretudo europeus, é que se o lateral, central e médio de cobertura souberem anular o criativo da equipa, não há mais ninguém para desequilibrar, perdendo profundidade, criatividade, imprevisibilidade, ganhando músculo, rigor tático, equilíbrio, mas fica uma equipa sem chama, sem imaginação, sem maneira de furar a organização defensiva do adversário.
Os jogadores que são mais fortes na posse são recuados para 6, para serem os primeiros a iniciar a transição ofensiva, tendo à sua frente duas “carraças” para ganharem bolas. À frente do 6 de construção, posse e primeiro passe, estão normalmente dois jogadores, que servem preferencialmente para roubar bolas, esticar o jogo da equipa a nível de condução e fecharem os espaços para os médios e alas contrários, através de uma leitura de jogo acima da média. É inconcebível, no futebol atual, ter um jogador no centro do terreno, alheado das tarefas defensivas, que não desça, que não encurte o espaço, que não tenha reação à perda, que apenas jogue e decida no último terço. Vários jogadores sofrem muito com esta mutação do futebol, são desviados para uma ala para fazer o movimento para dentro, mas não era essa a sua raiz de jogo.  O "Dez" gosta de mostrar o seu futebol sem se preocupar com o “correr para trás”, dando aos outros a incumbência de serem os primeiros a fechar o meio, recuperarem a bola e entregarem-na “limpa", para que este crie de frente para o jogo.
Uma metamorfose tática que revolucionou a maneira como os treinadores da nova geração lêem o futebol. Fazem do meio-campo uma trincheira, onde a capacidade de choque, de elevação, de bloqueamento de espaços e de coberturas… Onde andam os criativos?!


Bruno Rodrigues

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