Considero o "banco" como a minha segunda casa. A casa da Tática pois, é lá que dou continuação ao meu trabalho ao fim de semana. Alegria quando marcamos, a tristeza quando sofremos, é ali que partilhamos todas estas emoções...Tudo começa e acaba ali mesmo...Incrivelmente ou não, não me sento no "banco", prefiro estar de pé, em contacto com o jogo, como se desta forma estivesse a participar nele, não só de forma verbal ou gestual.
Curioso é, se olharmos para o
relvado, existem muitos diferentes perfis de futebolistas. Mas se olharmos para
o "banco", não existem assim tantas classes distintas de treinadores.
Claro que mudam ideias de jogo, filosofias, táticas, capacidade de relações
humanas, comportamentos... Mas a diferença entre eles (nós) é redutora. Temos
os que ganham e os que perdem. Temos o sucesso e o fracasso. Somente os dois
mundos, na qual vivemos alternadamente...
No mundo do futebol o mais
preocupante é a velocidade com que fazemos essa "viagem", podendo
fazê-la na mesma época... Uma das armadilhas do futebol...
A fórmula será igual para todos:
Sucesso + Fracasso = Treinador
Resta-nos sempre ganhar o mais
vezes possível e tentar nunca perder, acreditando sempre no nosso trabalho e
daqueles que trabalham connosco todos os dias, traçando objetivos claros,
caminhos por onde percorrer e metas para atingir!!! Sem nunca esquecer, Ser
Feliz a fazer o que mais gostamos, é uma das essências da nossa vida.
Os jogadores são a matéria-prima do futebol, sem
eles não há jogo, não há espetáculo. É por eles que os adeptos enchem os campos
e é neles que os mais novos se revêm, quando sonham com uma carreira de
sucesso. Os jogadores são os protagonistas, mas são os treinadores que os
comandam. Passa por meter-se um bocadinho na cabeça daqueles que lidera, porque
noutras alturas também já fomos liderados. Temos que planear, organizar e
perspetivar, mas para além do trabalho de teorização, temos de conhecer os
aspectos práticos. A nossa experiência pode-nos ajudar na antecipação e na
previsão de problemas. O relacionamento com o grupo de trabalho é fundamental
para o sucesso nos treinos e nos jogos.
A função de um treinador é muito
mais que as questões técnicas e táticas do jogo. Um treinador é um líder, um
gestor, por vezes um psicólogo e também um amigo para os jogadores.
Um agregador! Tem a seu lado a responsabilidade dos fracassos das equipas que
lidera pois, quando tem sucesso, os ídolos são os seus jogadores. O treinador
não faz mais do que a obrigação de pôr a sua equipa a jogar bem e a ganhar. Não
basta saber daquilo que é especificamente de futebol para se ser um bom
treinador. Deve-se saber de futebol na prática, porque quem não pratica não
sabe. Só se sabe verdadeiramente aquilo que se vive. A teoria não chega. Quem
só teoriza não sabe, e quem só pratica repete.
Existem neste mundo três qualidades inatas nesta profissão: Ser líder; ter uma boa leitura do jogo e ter uma boa comunicação para saber motivar. Sim uma sensibilidade especial para saber estar e saber fazer para além daquilo que é normal. Transmitir paixão pelo futebol, sim paixão... gosto, orgulho por aquilo que se faz, pois é por esta multiplicidade de coisas que se fazem um todo, um objetivo comum, um grupo, uma equipa… um modelo. Quando falamos em modelos, temos antes demais associar o talento do treinador para....
Quando consideramos o talento
de um professor ou treinador, podemos usar o mesmo tipo de reflexão e abordar
os mesmos aspectos, embora de forma diferente. Daniel Coyle (“O Código do
Talento”), o autor lista as quatro maiores virtudes dos grandes treinadores.
Essas qualidades são decorrentes de observações feitas a uma série de
treinadores, não sendo apenas treinadores desportivos. Na opinião de Coyle, “A
habilidade de ensinar excecionalmente bem é um talento como qualquer outro:
parece algo mágico quando na verdade é uma combinação de habilidades.”. A esse
conjunto de habilidades Coyle chamou “As quatro virtudes”.
A primeira virtude constitui-se
no “software” do treinador, ou seja, naquilo que ele armazenou ao longo do
tempo: a sua memória, o conhecimento, a experiência.
A segunda virtude é a
perspicácia. O treinador não apenas vê, mas esmiúça, decifra, identifica,
reconhece, atribui uma lógica para o que está a acontecer! Os grandes
treinadores “ficam a observar demoradamente, sem sequer piscar os olhos.”.
Conseguem ver aquilo de que precisam e veem também o que não estão à espera de
ver.
A terceira virtude, a que ele
chama “O reflexo GPS”, é a capacidade de o treinador fornecer dicas que
conduzem o atleta à execução ideal. Se necessário, o treinador muda o tipo de
informação que emite até conseguir o efeito desejado. Para Coyle, “Quando o
plano A não surtia efeito tentavam o B e o C. Quando o B e o C falhavam, ainda
tinham todo o resto do alfabeto à disposição.”. Demonstrações de paciência e
persistência integram esta virtude.
A quarta virtude identificada
foi a “honestidade teatral”. Trata-se da virtude de o treinador encontrar a
forma de comunicar mais adequada para cada atleta, cada situação: encorajando,
variando o tom e a velocidade da voz. O segredo chamado de Adaptação.
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