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O Treino de Guarda-Redes: Novo Ano, Novos Hábitos


Chegada a altura do ano em que muitas pessoas começam a pensar e a elaborar promessas para o novo ano sobre mudanças aos mais diversos níveis da sua vida (alimentação, forma física, etc.), também nós Treinadores podemos aproveitar este “timing” para tentar implementar novos hábitos.
Mas afinal o que é um hábito?
“Um hábito cria-se basicamente quando repetimos determinado comportamento um certo número de vezes. Este comportamento, devido à sua repetição, acaba por ser absorvido pelo nosso inconsciente e consequentemente desencadeado sem que nos apercebamos.” (Susana Torres)
Na minha experiência como Treinador de Guarda-Redes existem sempre comportamentos nos meus Guarda-Redes que quero melhorar. Estes comportamentos muitas vezes são “somente” questões técnicas mas também podem ser relativas à postura em treino, a dinâmicas de grupo e por aí adiante.
Como nas “promessas” de novo ano que todos fazemos mas na maioria dos casos não cumprimos, a mudança de determinado comportamento dos nossos atletas também muitas vezes fracassa. E porquê? Os motivos podem ser variados, passo a explicar:
- A mudança pode significar crescimento e consequentemente melhores resultados mas o medo de fracassar estará sempre implícito. Ou seja, sair da nossa zona de conforto (onde existe a mudança) não é fácil.
- É preciso tempo e persistência. A criação de novos hábitos ou mudança dos existentes implica regularidade no estímulo, para uns pode ser uma semana para outros pode ser 1 mês ou mais.
- Os objetivos do treinador podem não ser os do atleta. O atleta tem de se comprometer com o objetivo. Ele tem de saber qual a mudança, o porquê da mudança e o benefício da mudança.


Aprofundando na minha área de competência, o Treino de Guarda-Redes, a questão alonga-se. Cada Treinador procura dar o seu cunho pessoal a cada Guarda-Redes, sendo que cada um tem um estilo próprio de defender (as suas características). Muitas vezes sujeitamos os nossos Guarda-Redes a algo que eles não estão preparados (a tal zona de conforto). Parece que estamos “a partir pedra”, pois o hábito está tão enraizado que criar um novo torna-se uma tarefa quase impossível. Mesmo quando esse hábito é negativo e prejudicial à performance do Guarda-Redes e nós estamos a trabalhar numa forma melhor e mais eficiente essa mudança não é fácil. Aqui devemos voltar ao inicio. Primeiro desconstruir para só depois contruir.
Outras questões colocam-se: Neste processo (que demora) de mudança vai o nosso Guarda-Redes ser menos eficiente? Estamos a mudar para algo melhor? O novo hábito vai dar mais sucesso ao Guarda-Redes?
Estas e outras questões são essenciais compreender. O Futebol está em constante mudança e portanto todos os seus intervenientes estão obrigatoriamente em mudança. Se pensarmos somente nos últimos 10 anos já denotamos mudanças significativas no que é o Treino do Guarda-Redes. Isso trás implicações nesta constante mudança de hábitos. Hoje faz-se assim, amanhã já se faz de outra maneira. 


O treino tem como pressuposto preparar os atletas para a competição, desafiando-os e criando novos estímulos. Temos sempre de medir o que pode ser bom para o nosso atleta a curto, médio e longo prazo. É eficiente nas suas ações? O que pode melhorar? Quanto tempo vai demorar a mudar?

Novo ano, novos hábitos (ou não). Que como Treinadores trabalhemos cada vez mais para ter atletas mais completos, um Futebol interessante e Treinos desafiantes. 

Juntos somos mais fortes,
Miguel Menezes

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