Tentarei neste
“destreinado” artigo de opinião agregar os Treinadores José Mourinho, Paulo
Fonseca, Miguel Cardoso, Rui Vitória e Pep Guardiola e como alguns deles
inspiram a nova vaga de Treinadores. Se são, ou não, referências e se criam
tendências no mundo do Futebol.
Na
passada semana desportiva tivemos dois jogos de elevado grau de
espetacularidade, um deles na inevitável Premier League e o outro a contar para
a Taça de Portugal: o dérbi de Manchester e o Rio Ave x Benfica apenas
resolvido recorrendo aos trinta minutos de prolongamento. Vamos por partes…
Pep Guardiola, na sua segunda
época no Manchester City está absolutamente imparável averbando apenas uma
derrota perante o Shakhtar Donetsk de Paulo Fonseca. Além dos resultados o seu
futebol espetáculo voltou e a capacidade de tirar a máxima performance dos seus
jogadores é inegável, basta vermos jogadores como Silva, De Bruyne, Sané,
Éderson, Sterling, entre outros, a jogar. Com isto, dizer que o futebol que
tinha imposto em Barcelona, e com mais dificuldade no Bayern, o futebol que
tinha criado tendências e tinha feito de Guardiola uma referência para a nova
vaga de treinadores regressou.
Em Vila do Conde, a chegada de
um novo Treinador aguçou o apetite dos adeptos do Futebol Português. De seu
nome Miguel Cardoso, à partida conhecido como adjunto de… Paulo Fonseca,
depressa conseguiu impor o seu estilo, diga-se com bastantes tendências de Pep,
conseguindo bons resultados, fazendo a vida negra aos grandes, que o diga o
Benfica, batendo F.C.Porto, Benfica e Sporting na guerra da posse de bola,
tornando-se até à pouco tempo a equipa que mais foras-de-jogo sacava em escala
europeia e potenciando os seus atletas ao ponto de começarem a fazer capas de
jornais, seja Rúben Ribeiro, Cássio, Marcelo, João Novais, ou Francisco
Geraldes. O futebol apoiado, de pé para pé, controlando todos os momentos de
jogo e com uma atitude defensiva bastante agressiva, com uma linha de quatro
defesas bastante subida com os tais foras-de-jogo como a principal arma para
parar o ataque adversário criaram algumas dúvidas nos adeptos vila-condenses,
que quando o resultado não lhes sorria não resistem a pedir o habitual
“chuveirinho”, mas foram suficientes para eliminar o Benfica da Taça num
espetacular esforço do Rio Ave após o intervalo.
Ideias, Modelos de Jogo, Operacionalização. Tenho para comigo que todas
as Ideias são válidas de serem impostas. Tenho para comigo que todos os Modelos
de Jogo podem servir o propósito de uma equipa desde que a sua
Operacionalização tenha em vista um resultado: a vitória. Sendo uma afirmação
forte, continuo a pensar que as tais tendências que Guardiola trouxe ao Futebol
só estão cada vez mais presentes porque essas tendências permitiram que o
catalão tenha ganho já na sua curta carreira o número de títulos que ganhou. Só
consigo entender Guardiola como uma referência pelo número de títulos que
ganhou, porque o que seria deste futebol se fosse incapaz de ganhar? E convém
dizer, que aprecio bastante o Futebol que consegue meter as suas equipas a
jogar.
No reverso da medalha, os derrotados José Mourinho e Rui Vitória. Uma
ideia que me vem a cabeça, e que não era de todo objetivo de discussão para
este artigo, é que o Futebol é cada vez mais o momento e que um resultado pode
pôr em causa tudo, ou servir para endeusar qualquer um. José Mourinho ganhou
três títulos o ano passado, não querendo discutir a importância dos mesmos, e
Rui Vitória já ganhou mais títulos do que os que perdeu, mas… têm sido
incapazes de colocar as suas equipas a jogar um futebol atraente e parece que
quando essa espetacularidade é mostrada em campo se deve ao talento individual
de jogadores como Jonas, Krovinovic, Salvio, Pogba, Lingard, Martial ou Lukaku.
E a questão que coloco é a seguinte: terá José Mourinho perdido o toque
de Midas? Não inovou? Ficou preso ao passado? Quantos treinadores não terão
Mourinho como referência? Um estratega inato, capaz de tirar a máxima
performance dos seus atletas, expert nos mind-games e acima de tudo um
vencedor. Com efeito, aquilo que me parece ter acontecido a Mourinho é o efeito
“Tendência Guardiola”. Por esta expressão pretendo dizer que o aparecimento de
Guardiola e das suas ideias, e o facto de, devido a ter ganho tantos títulos,
ser hoje uma referência, levou o jogo para um patamar onde Mourinho não é tao
forte. Daí que quando comparamos os confrontos entre os dois, Guardiola leva
claramente a melhor.
É curioso, ou talvez não, que tenha sido Paulo Fonseca a vender Pep.
Estamos a falar de ideias e estilos de jogo bastante semelhantes. Mas deixo
algumas perguntas:
Conseguirão Miguel Cardoso e Paulo Fonseca levar o bom nome do futebol
português ainda mais longe, superando José Mourinho, num país que foi campeão
europeu com Fernando Santos e com o futebol que todos vimos? Terá Rui Vitória a
habilidade de voltar a ganhar, estando F.C.Porto e Sporting melhor
qualitativamente? Na passada semana desportiva os poetas venceram os
resultadistas e no futuro como será?
Pedro Cardoso
2 Comentários
Boa tarde.
ResponderEliminarA propósito do assunto, gostava de ler a vossa opinião sobre o meu artigo:
http://davidjosepereira.blogspot.pt/2017/12/romantismo-ate-certo-ponto-diferenca.html
Abraço.
Boa noite, David.
EliminarAntes de mais, dar-lhe os parabéns pelo artigo, e como esta é uma boa altura para tal, Feliz Natal e Boas Entradas.
Em relação a esta questão do embelezamento do jogo trazido para o nosso campeonato por Miguel Cardoso e Luís Castro com Guardiola como referência é sem dúvida de salutar. Aprofundando um pouco a questão, nao me parece ser só iniciativa dos Treinadores. Vários exemplos, que podem ser levados como coincidências ou como acontecimentos propositados:
- Diretores: o facto da direção do Rio Ave ter escolhido Miguel Cardoso, Treinador que começa aqui a sua carreira como responsável principal. Um homem de ideias positivas para substituir um homem de ideias positivas.
Também em termos diretivos, há que apreciar a paciência em manter Luís Castro no Chaves perante um início titubeante. Foi o melhor para o clube e para nós adeptos, mas penso que o que agarrou o Treinador ao seu cargo foram as boas exibições mesmo com resultados aquém do esperado.
- Comunicação Social: Tenho achado muito mais fácil elogiar-se o trabalho de Luis Castro, tanto no Rio Ave como no Chaves, e o de Miguel Cardoso, do que propriamente o de Pedro Martins no ano passado e o de Daniel Ramos. Será impressão minha? Caso não seja, tem alguma coisa a ver com o que estes Treinadores conseguiram fazer com as suas equipas, não em termos de pontos, mas em termos exibicionais?
- Massas Adeptas: Como se explica aqui que Rui Vitória não seja para os benfiquistas um Treinador de eleição? A verdade é que exibicionalmente não é tão capaz como outros já o provaram ser na nossa Liga, apesar de ter outras qualidade essenciais.
Quanto ao seu artigo David, compreendo a sua opinião. Parece o Chaves de Luís Castro uma equipa mais capaz de se adaptar às circunstâncias de cada jogo. Já quanto a Miguel Cardoso parece haver pouca vontade de mudar perante o poderio dos adversários, mas há questões importantes a assinalar: é o primeiro ano de Miguel Cardoso como Treinador principal e acho que todos estamos expectantes para acompanhar a sua evolução. Apesar da diferença notória entre as duas equipas ambos já sentiram a necessidade de vincar as suas ideias perante algum desconforto vindo das bancadas. Outra questão interessante é perceber, perante esta amostra do F.C.Porto x Rio Ave, como vai Miguel Cardoso preparar as visitas a Dragão, Luz e Alvalade para o campeonato.
É uma questão bastante interessa a que o David levanta no seu artigo. Teremos um Rio Ave 100% fiel às suas ideias, ou a ceder à tentação em certos momentos do jogo. É uma questão, não para ser respondida no imediato, mas para ser respondida através daquilo que os jogos nos mostrarem.
Cumprimentos da equipa do Futebol Apoiado, continue a seguir o Blog.