Advertisement

Main Ad

A Crise do Sporting – O Que Foi e o Que Podia Ter Sido – Parte 2


                Através de várias perspetivas foi ontem analisada a Crise do Sporting e faltou analisar uma perspetiva, a do Treinador. Com a sua “bagagem” parecia claro que Jorge Jesus nunca aceitaria ir a jogo com a equipa B. A dada altura deixou-o bem claro ao seu presidente Bruno de Carvalho e mais tarde na flash-interview depois do apito final do jogo frente ao Paços de Ferreira. Só por isto se evitou um escândalo global.
                Considerando, como considerei ontem, que este mau ambiente em Alvalade já vem de trás e que o jogo de Madrid foi apenas o culminar de uma insatisfação em relação aos resultados averbados ao longo da época. E esses maus resultados são consequência de uma incapacidade exibicional que o Sporting demonstra desde o jogo frente ao Sporting de Braga em Alvalade e essa incapacidade exibicional e consequência do trabalho do Treinador.
               Repetidamente ouvimos aquele ditado que ganhar por Meio-0 chega, porque com boas ou más exibições, a vitória valerá sempre três pontos. Aquilo em que acredito é que mais cedo ou mais tarde as más exibições, mesmo que sejam coroadas com os três pontos, vão custar pontos. Mesmo assim o Sporting foi sobrevivendo, com algumas vitórias sacadas nos últimos minutos, mas vejamos o score quando analisamos os jogos grandes. Na Luz o Benfica massacrou o Sporting, que até esteve mais perto de vencer, pois aguentou a vantagem até aos últimos minutos. Nos três jogos frente ao F.C.Porto, apesar de não ter havido uma equipa dominadora, o Porto pareceu sempre mais merecedor das vitórias que o rival. Frente ao S.C.Braga dois jogos, uma derrota e um empate em cima do apito final.
                Também ontem classifiquei o facto de o Sporting estar em todas as frentes como uma lengalenga. Ora, a afirmação é verdadeira, mas analisemos: o Sporting vence a Taça da Liga com apenas uma vitória no tempo regulamentar. O Sporting está na Taça de Portugal sem precisar de eliminar nenhuma equipa da Primeira Liga, por circunstâncias do resultado do sorteio, estando em desvantagem para a segunda mão das meias-finais. O Sporting eliminou Astana e Viktoria Plzen na Liga Europa, estando agora com uma considerável desvantagem nos quartos-de-final. Ora, onde está aqui o mérito? O que aqui está é uma obrigação tornada realidade. Não tendo ganho um único jogo grande este ano é espectável que o faça frente a F.C.Porto e Atlético de Madrid?


                Mas, apontando ao assunto em discussão, Jorge Jesus foi absolutamente vital em todo este processo. Os próximos apontamentos serão de um foro mais especulativo que perentório, mas acredito vivamente que não fosse pelo timoneiro leonino e pela pouca influência que tem perante Bruno de Carvalho, e pela grande influência que o seu salário tem perante os cofres do clube e as cautelas que esse mesmo salário e o facto de existir mais um ano de contrato acarretam, o Sporting teria entrado a jogo com a equipa B e teria sido uma crise sem retorno.
                Desde a forma emocionada como cantou “O mundo sabe que”, para a forma como comandou a equipa na volta olímpica após o término do jogo, Jorge Jesus sabia perfeitamente que numa semana de decisões importantíssimas, o que não lhe convinha nada era que a massa associativa se virasse contra a equipa. Consequentemente os adeptos viraram-se contra o presidente, porque nestes casos alguém tem de levar a culpa e parece-me que a culpa foi bem entregue.
                Com dois jogos importantíssimos frente a Atlético de Madrid e F.C.Porto, o primeiro amanhã, o segundo na próxima semana, Jorge Jesus tem a derradeira oportunidade para mostrar aos sportinguistas que este ciclo de três anos não foram um completo fracasso e que um forte investimento como o que foi feito não teve praticamente consequências nenhumas em termos de sucesso desportivo. Não será fácil, pois para ultrapassar algum destes dois adversários terá de se superar “exibicionalmente”.


Pedro Cardoso

Enviar um comentário

0 Comentários