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O futebol misto como etapa de formação da jogadora


A realidade do futebol feminino começou a mudar há relativamente pouco tempo. A questão da formação exclusivamente feminina que é, hoje em dia, um dado garantido, não era sequer uma possibilidade há meia dúzia de anos atrás. Talvez por isso se justifique uma reflexão acerca deste tema do futebol misto, uma vez que esta foi a realidade vivida por quase todas as jogadoras que neste momento fazem parte da nossa Seleção A feminina.
A pouca oferta de equipas femininas que existia antes obrigava as “miúdas” que quisessem jogar futebol a optar pela equipa masculina que ficasse do outro lado da rua. Quase todas se debateram com esta realidade no início da sua carreira desportiva. O aumento do número de atletas ao longo do tempo parece justificar a aposta das equipas na formação exclusivamente feminina, no entanto, será que haverá benefícios para a jogadora competindo ela no futebol misto? É importante começar por referir que nesta fase de formação não se colocam questões como, “Mas as raparigas são mais frágeis que os rapazes, como é que competem todos juntos?”, ou “As raparigas não têm menos força e menos velocidade?”. A resposta é não! Efetivamente, as mulheres apresentam diferenças ao nível cardiovascular, respiratório, hormonal, metabólico e de composição corporal comparativamente aos homens, ainda assim o salto pubertário nas raparigas acontece mais cedo do que nos rapazes. Este salto pubertário coincide precisamente com esta fase em que as raparigas podem jogar com os rapazes e, portanto, por esta altura até são elas que estão em vantagem.


As competições oficiais de futebol feminino em Portugal estão atualmente focadas nos escalões sub-19 e seniores e, mesmo nos indicadores de números de praticantes estes são os dois únicos escalões onde há distinção de género. Para os escalões sub-15 e sub-13 a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) organiza a Taça Nacional e foi criada recentemente a Taça Nacional de Futebol Misto Sub-14 na qual as equipas participantes devem ter sempre 2 jogadoras em campo.
No entanto, estas são competições que não vêm dar resposta competitiva regular a todas as jogadoras que ainda não integram competições sub-19, uma vez que os calendários se concentram nos últimos dois meses da época. Para estes escalões e em equipas exclusivamente femininas, poderá existir uma solução competitiva ao nível distrital, mas segundo regulamentos da FPF, raparigas podem fazer parte das competições do futebol masculino até ao escalão juvenil, inclusive. 
Ora, o salto pubertário nas raparigas acontece, normalmente no escalão de Infantis, enquanto nos rapazes inicia e termina mais tarde, nos escalões de sub-15 e sub-17. Todas estas informações levantam dúvidas nas atletas e pais como: até quando devo continuar a jogar com os rapazes?


Embora algumas jogadoras continuem a jogar no futebol misto até ser permitido pelos regulamentos, no escalão de juvenis a maioria dos rapazes já atingiram pico de crescimento e sabemos que têm vantagens ao nível cardiovascular, respiratório, hormonal, metabólico e de composição corporal.
Atualmente o melhor caminho para as jogadoras parece passar pela boa integração nos clubes em escalões mistos até ao momento em que deixem de ter estímulos positivos para o seu crescimento na modalidade. Ou seja, enquanto a atleta se sentir capaz de jogar com os rapazes deve fazê-lo. Haverá certamente um momento em que a própria atleta sentirá mais dificuldades em acompanhar os rapazes e será esse o momento ideal para passar a integrar uma equipa de formação feminina. Acima de tudo cabe à atleta perceber até onde é que pode/consegue ir no futebol misto e é neste aspeto que é importante que os pais estejam atentos aos sinais (se a filha sai contente dos treinos, se parece sentir-se inferiorizada, se tem vontade de treinar, etc). Fica a dica! Pais, conversem com as vossas filhas e, acima de tudo, leiam os sinais.

P.S: A integração em equipas exclusivamente femininas deve ser feita de forma gradual e deve ter sempre como principal objetivo a melhor formação e treino para as atletas.

                       
                                   Daniela Costa                                                      Juliana Almeida

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