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À Moda do Porto


          Contra muitas das previsões, o FC Porto consagrou-se ontem Campeão Nacional, conquistando o seu 29º Campeonato Português!
                Apesar das muitas críticas ao futebol praticado, à base do poderio físico e da vontade que metiam em cada lance, qual Detroit Pistons, conseguiram sempre ser a equipa mais consistente ao longo do campeonato e, com maior ou menor dificuldade, fizeram sempre o suficiente para conquistar os 3 pontos de cada jogo.
                Um grupo que no início de época foi reforçado com um forte investimento em algumas peças que se tornaram fundamentais dentro da estrutura habitual do FC Porto e que terão sido escolhas com dedo do Treinador pois, encaixavam na perfeição naquela que é a ideia de jogo do atual timoneiro da equipa. Alguns reforços importantes na sua experiência e consistência como foram os casos de Marchesin e Uribe, tanto como a frescura e criatividade que Luis Diaz emprestou à equipa ao longo da época. Alguns elementos que estavam na mó de baixo e encontraram o caminho da felicidade, sendo reaproveitado e mostrado valor para estar no plantel como Sérgio Oliveira e Otávio. A frente de ataque que nunca teve um verdadeiro dono e que foi distribuindo golos por Marega, Tiquinho Soares e Zé Luís consoante o rendimento e a necessidade da equipa em cada jogo. No entanto, o sucesso veio de outro lado…
                Estávamos habituados a ver equipas à Porto e, esta época, voltámos a encontrar jogadores que encarnaram a mística do Clube e sentiram cada jogo como se fosse o último das suas carreiras, só assim tornando este título possível, num casamento perfeito com a raça e que são características do seu treinador. Veja-se as lágrimas de Alex Telles e a raça que impunha em cada jogo! Um jogador à Porto!


                Além disto, Sérgio Conceição trouxe dois líderes para o centro da defesa. Pepe habituado a outras andanças e a grandes conquistas, veio trazer, por ventura, aquilo que faltou ao rival da 2ª Circular. LIDERANÇA! Pepe tornou-se em vários momentos a extensão do Treinador dentro de campo e, voltou a dar a consistência necessária ao centro da defesa. Do outro lado e enquanto durou, Marcano foi um esteio que complementava bem o seu colega de defesa, dando outra classe à saída em construção da equipa, sendo inteligente e rápido o suficiente para se entender bastante bem com Pepe. E se um foi o líder dentro de campo, o outro com a sua entrega e capacidade dentro do jogo fazia também os seus colegas se sentirem confortáveis o suficiente para se entregarem a cada batalha, na procura do que realmente interessa, a conquista dos 3 pontos.
                Neste momento conseguem ser líderes, a melhor defesa e o melhor ataque, mesmo que o 2º melhor marcador da equipa seja o Lateral Esquerdo da equipa, mesmo que os golos estejam divididos por Zé Luís, Soares e Marega. Houve um melhor aproveitamento também da qualidade de passe e desequilíbrio de Otávio que lhe permitem também estar no top de assistentes da equipa no campeonato.
                O jogador chave e, aquele que qualquer Treinador gosta de ter, acabaria por ser o Lateral, Extremo, Segundo Avançado, o que for necessário mesmo, Corona. E que qualidade este homem demonstrou ao longo da época! O jogador com mais assistências da equipa e um dos que mais desequilíbrios conseguiu criar no último terço do terreno, mesmo que tivesse de embalar desde trás, foi uma aposta chave no percurso da equipa ao longo do Campeonato. Uma defesa sólida, com laterais capazes de se envolver e sentirem-se protegidos pelo meio-campo e com a sagacidade e perspicácia de perceberem as características dos homens da frente, em cada momento. E, ainda deu tempo para ir lançando jovens na equipa principal, preparando-os para num futuro próximo se poderem realmente afirmar!


                E, claro está, Sérgio Conceição. Podemos dizer que a Ideia de Jogo não é a mais bonita esteticamente, mas será menos boa do que qualquer outra? Na verdade, conseguiu dois campeonatos em três épocas e conseguiu sempre ter uma equipa de combate, mesmo com todas as limitações e menor investimento e qualidade nos últimos anos, conseguiu trazer de volta a mística do Clube. E é aqui o maior sucesso do Treinador!
                Em momento algum se deixou pisar, dando mesmo um murro na mesa em Janeiro, quando contra tudo e contra todos foi transparente o suficiente para trazer à tona os reais problemas do momento. E aí, mérito do Presidente que o segurou na altura certa e manteve a confiança de que as grandes vitórias viriam em algum momento. E assim foi…
                Aqui esteve a chave do sucesso, um Treinador à Moda do Porto. Um Treinador que entende e vive a Cultura do Clube, que a consegue transmitir aos seus Atletas, que a consegue transportar para dentro do campo e que nos momentos difíceis conseguiu sempre manter o grupo suficientemente unido para lutarem até ao fim. Conseguiu que os jogadores continuassem a trabalhar nos limites, mesmo numa altura estranha e diferente como a paragem que assistimos provocada pela COVID-19. Porque ser Treinador de uma equipa do Norte e, principalmente, do FC Porto, é diferente de ser Treinador de outra região ou Clube pois, a Cultura está bem enraizada e, dentro das dificuldades, têm conseguido reerguer-se.
                Difícil não é chegar-se lá, difícil é manter-se lá. Difícil não é ser Treinador enquanto se vence, difícil é perder e saber dar a volta por cima e manter o grupo coeso e a acreditar nas suas Ideias. E aqui, Sérgio Conceição foi um Treinador à Moda do Porto.

Ricardo Carvalho

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