Muito se tem
falado sobre o “podre” do futebol. Muito tem sido o protagonismo dado pela
comunicação social ao que menos interessa nos recintos desportivos. Tudo isto é
certo e sabido, mas nada é feito em prol de um futebol português cada vez mais
forte.
Olhando
para o caso dos “Big 5”, a diferença de lutar por um campeonato interno mais
forte e competitivo para a nossa realidade desportiva é gritante. Os clubes
unem-se e nuns casos até fazem a distribuição dos direitos por todos ou,
noutros casos, unem-se e tentam criar condições para que a curto/médio prazo haja
uma remodelação da formação do jovem atleta para que cheguem, num futuro
próximo, muito melhor preparados a uma realidade e transição agressiva no
futebol sénior e profissional.
No
Futebol Português e, porque outros valores continuam a ser mais importantes,
não existe o Patriotismo suficiente para beneficiar um Futebol diferente e com maior
qualidade. Raramente se analisa o jogo em si e se explica ao adepto onde a
equipa errou ou acertou, como ganhou ou perdeu um jogo. Não se analisam as
substituições, os erros de principiante ou se o processo poderá estar a
caminhar no caminho correto. É dado, de uma forma geral, espaço para a análise
ao trabalho do árbitro (colocando-o em praça pública e enxovalhando em alguns
casos) e, para o jogo extra-desportivo a jornalistas que são, por ventura, especialistas
da matéria. O Futebol jogado dentro das 4 linhas não é detalhado para o adepto
e, essa mudança seria o cultivar de uma nova Mentalidade e Cultura Desportiva.
Nos
últimos tempos apareceram aquilo a que eu chamo os “apaixonados pela bola”.
Miguel Cardoso e Abel Ferreira a liderarem uma escola, com mais alguns adeptos, têm dado constantemente aulas de futebol e conseguem passar a sua mensagem. Conseguem
traduzir ao adepto comum todo o tipo de detalhe e importam uma linguagem do “Futebolês”
que, por incrível que vos pareça é comum para quem anda lá dentro. Apenas não é
conhecida no adepto, pois até as perguntas dos jornalistas são direcionadas
para as polémicas e o espaço “pós-jogo” é sobejamente mal utilizado.
Esta
classe de Treinadores procura dar expressão aos denominados “Melhores do Mundo”
na sua profissão, querendo impor-se através do trabalho e de uma marca a ser
deixada dentro do Futebol. Certamente não estarão muito tempo na “República das
Bananas” que é o Futebol Português e conseguirão rumar ao estrelato, onde
depois daremos valor, como em tantos outros casos…
Deixo
esta questão para o Leitor: - O Adepto de Futebol vai à bola seja com um amigo
ou com a família. Dentro desta cultura instalada, chega ao Estádio e, depois de
uma semana com os jornais a encherem-se de capas e notícias sobre os “podres",
ou com os Pinas, Serrões e Guerras desta vida a criarem a paródia do futebol
português, constata alguns erros de arbitragem e, depois de uns quantos
#%$%&%&$ dirigidos ao árbitro, não volta ao estádio pois “é sempre o
mesmo todas as semanas”. Agora imaginemos o contrário, com a sua semana a ser
enchida de análises sobre o bom e o mau da sua equipa, quando chegasse ao estádio
não estaria mais atento aos detalhes e ao real trabalho dos homens da bola? Não
iria mais vezes ao estádio para perceber e falar disso nas redes sociais? Bom
Futebol não traz mais público? Penso que sim.
Esta
época, assistiu-se incredulamente a um Tetracampeão apático e com um Futebol horrível,
com pouca alegria mesmo. Muitas semanas depois de constantes críticas e, perdas
de competições pelo meio, Rui Vitória manteve sempre um discurso pouco atrativo
e, que não poderia nunca coincidir com o momento desportivo da equipa.
Pelo
meio foi passando pelos pingos da chuva e trabalhando internamente e, apesar de
muitas opções serem discutíveis, conseguiu através da mudança de dinâmicas e,
com o plantel sem as 1500 lesões do costume operar um Futebol novamente
atrativo e com resultados, até ver, à vista dos seus adeptos. Passou-se a
acreditar novamente na possibilidade da conquista de novo campeonato e novos
talentos emergiram pelo meio mais uma vez.
Com
o aproximar da abertura do Mercado de Transferências tem deixado a ideia de que
é com estes atletas que vai para a Guerra e que não é necessário entrar um
camião de reforços, como noutras épocas. Quem vier, terá de acrescentar sempre
qualidade… vamos ver, se quem lá está corresponde, ou haverá através deste
discurso, bastantes problemas num futuro próximo para o Mister Rui Vitória.
Por
outro lado, e, com uma história bastante parecida, temos o Real Madrid de
Zidane. Digo-o desta forma, pois este é efetivamente o Real de Zidane. Com um
discurso bastante idêntico ao de Rui Vitória diz não necessitar de reforços.
Estarão os reforços dentro do plantel? Com lesões e suspensões pelo meio, a
defesa continua a não dar a estabilidade e confiança necessária à equipa. A
chave estará aí, dando segurança para que os mais criativos possam brilhar novamente
sem a preocupação de a qualquer momento sofrer um golo e “ai jesus”.
Não
necessitando de reforços estarão os miúdos finalmente preparados para conseguir
assumir a pressão e cativarem lugar no 11 de Madrid? Ou novas dinâmicas (como o
SL Benfica) estarão a ser operadas e teremos novamente um Real demolidor nos
próximos 6 meses? Só o tempo o dirá, mas acredito que o Francês não é tão mau
como querem fazer crer agora e, em breve irá dar resposta, voltando a ser o
Gestor de um Grupo nada fácil como aquele.
Vários
estilos de discurso e várias formas de ver o Futebol. Não seria bom ouvir mais
sobre isto nos programas desportivos? Para um amante do desporto como eu gostava
que os “professores” nos dessem mais aulas sobre o assunto e, não são poucos os
novos analistas de jogo que a curto prazo darão que falar.
Ricardo Carvalho
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