Este
é um texto formativo. Pretendo assim dar a entender alguns erros comuns que a
maioria dos Treinadores principais cometem relativamente aos seus Guarda-Redes,
tanto em treino como em jogo. É um texto em forma de crítica construtiva para
todos evoluirmos, inclusive os mais importantes, os nossos atletas.
Muitos
clubes em Portugal, e não só, ainda vivem com um dilema relativamente aos
Guarda-Redes: o que fazer com estes quando não há Treinador de Guarda-Redes?
É importante
primeiro responder de uma forma mais abrangente. Se não há Treinador de
Guarda-Redes, devia haver. Tem de se procurar outras soluções: uma escola de
Guarda-Redes fora do clube, um treinador de Guarda-Redes em part-time e, em
último caso, como atleta, procurar um clube que dê condições para evoluir (o
jogar sempre só por si não chega). Mesmo assim, muitas das vezes o problema que
a maioria dos Treinadores se vai deparar é que durante o seu treino pode não
existir possibilidade de haver um Treinador de Guarda-Redes presente. E agora?
Aqui começam
alguns dos erros mais frequentes. Integrar toda a sessão com a equipa sem ter
qualquer tipo de preparação específica para a baliza? E depois? Entra na baliza
e vamos ter a mesma exigência para com eles? Não é a mesma coisa. Pessoalmente
passei por isso e era das piores coisas que me podiam fazer, entrar para um sítio
completamente “despreparado”. Não digo que uma por outra vez isto não possa
acontecer. É aliás importante para os Guarda-Redes desenvolver outro tipo de
capacidades, principalmente numa etapa formativa.
A questão vai
mais além. Como Treinador tenho de pensar qual a exigência que estou a colocar
ao meu Guarda-Redes e depois refletir realmente se lhe estou a dar ferramentas
para este trabalhar e evoluir necessidades que vão ser importantes ao
Guarda-Redes em jogo e treino mas na essência à equipa e ao Treinador. Ou seja,
se só vai ali para a baliza e defende quando é preciso, não o corrijo, e ainda
vou para cima dele quando ele erra. Não estou a ser justo para com o atleta mas
pior ainda não estou a ser coerente com os princípios básicos da formação.
Pode existir
uma solução. E existe. Um treinador adjunto pode ajudar numa parte inicial do
treino por exemplo. Mas não chega só mandar uns “chutos à baliza”. Tem de
procurar saber um pouco mais sobre o que é o Guarda-Redes e as suas
necessidades. Procurar desenvolver as características essências à equipa e aos
atletas. Trabalhar em função do que se pretende que o Guarda-Redes faça em jogo
para a equipa. E mesmo em treino.
Alguns erros
são mais abrangentes e podem existir mesmo com Treinadores de Guarda-Redes
presentes. Isto deve-se essencialmente ao desconhecimento das necessidades específicas
do que é ser Guarda-Redes, do que é estar sempre “no fio da navalha”. Bem,
alguns já me aconteceram. Ficam os exemplos: Dizer o onze titular e não dizer o
Guarda-Redes que joga (e nem dar por isso!); Não dar tempo suficiente em jogo e
ou em treino para os Guarda-Redes aquecerem; Criticar um erro perante toda a
equipa só porque foi golo quando na verdade o Guarda-Redes tudo fez correto;
Chamar a atenção em treino ao Guarda-Redes quando este tenta uma abordagem
diferente do que “está nos livros” (Foi eficaz? Foi eficiente?); Exigir algo ao
Guarda-Redes que este nunca fez nem está preparado para fazer (quer seja em
jogo ou treino).
Um dos
exemplos mais comuns a partir de certa idade é o dos Guarda-Redes trabalharem
sozinhos. Por um lado há que valorizar a autonomia e responsabilidade que lhes
estão a ser dadas mas por outro lado há que pensar se os atletas estão
preparados para tal tarefa. E mesmo assim precisam de orientação. Trabalhar
determinado contexto, inclusive dar-lhes os exercícios que fazer. Porque não?
A lista
estende-se e já vai longa mas como iniciei vou acabar. O que se pretende é um
ambiente de evolução, de crítica construtiva. Para mim crescer é isto.
Abro o texto à
discussão. Gostava de ouvir as opiniões dos Treinadores principais, dos
Guarda-Redes e dos Treinadores de Guarda-Redes acerca do tema e até mesmo de
alguns exemplos aqui dados.
Juntos somos
mais fortes,
Miguel Menezes
2 Comentários
Boa Tarde
ResponderEliminarNão estou de acordo com o modelo actual de treino dos GR . Na minha opinião o GR faz parte da equipa e não deve estar sempre a treinar à parte, por outro lado, o GR deve treinar situações de Jogo, saber colocar-se na baliza, e não como fazem agora, metem barreiras para o GR voar sobre as barreiras, hoje a maior parte dos GR não consegue blocar uma bola, porque nos treinos é habituado a faze-lo, fazem exercicios completamente contrários à função do GR, saber colocar-se na baliza, o GR que menos vezes tira os pés do chão é sinal de que está bem colocado, por agora é o que tenho a dizer. Obrigado
Antes de mais agradecer o seu comentário e pedir desculpa pela demora na resposta.
EliminarCada um tem o direito à sua opinião e apesar de discordar acho que pode ter alguma razão relativamente a alguns aspectos. Se calhar a justificação é que possa estar errada.
O Guarda-Redes faz e fará sempre parte da equipa e como já escrito em outros textos sobre Guarda-Redes é tão ou mais importante o trabalho integrado como o específico. A maneira como esta articulação é feita é que já tem muito que se lhe diga. Não podemos generalizar alguns casos para dizer que só se faz de determinada maneira. Cada treinador e cada equipa técnica tem a sua maneira de articular este processo do Guarda-Redes com a equipa.
Quanto a esse "show off" que fala das barreiras e outras coisas é normal... qualquer pesquisa de treino de Guarda-Redes leva-o na maior parte das vezes a esse tipo de trabalho porque é um trabalho "bonito de se ver". E é importante! Mas o treino do Guarda-Redes nunca é e nunca será só isso. Há muito mais além. O trabalho de posicionamento é feito... mas como com os treinadores principais nem todos trabalham da mesma forma e nem todos têm a mesma competência. Mais do que o que é feito devemos procurar saber/entender o porquê de ser feito.
Concluindo, a principal função do Guarda-Redes é defender. A forma como isso é trabalhado é que já pode variar imensamente.
Obrigado pela sua opinião e estaremos sempre aqui disponíveis para discussão.