Ano Novo, vida nova. Diz o Povo e com razão, mas espero que possamos ver
o mesmo no Futebol Português. Espero que possamos ver um ano futebolístico novo
em Portugal, um ano em que as responsabilidades sejam assumidas e imputadas, um
ano em que as ideias prevaleçam em relação aos orçamentos, um ano em que se fale
de tudo o que se passa dentro de campo e nada do que se passa fora dele.
Que em 2018 muitas possam ser as mudanças operadas no Futebol Português.
Do Distrital ao Profissional. Da Formação aos Seniores...
Que todos os agentes desportivos assumam as suas responsabilidades e
percebam qual o seu papel e a relevância do mesmo. Que os Pais compreendam que
a sua função é educar e apoiar os seus filhos e não definir qual o 7 ou o 11
inicial, quais as subsitituições a serem efectuadas, quem são os capitães de
equipa e em que posição jogam os seus filhos. Que os Directores percebam que
estão ali para dirigir o clube e apoiar o trabalho do Treinador escolhido pela
Direcção e não para fomentar pequenas guerrilhas entre Pais e Treinadores ou
para imiscuirem-se no trabalho do Treinador, seja na escolha da equipa inicial,
seja na definição do sistema táctico.
Que os Treinadores saibam proteger-se, sendo justos e coerentes através
da implementação e defesa intrasigente das suas próprias ideias, sem que haja
espaço para “afilhados”, influências e condicionalismos externos, pois um grupo
de trabalho deve ser gerido de dentro para fora e não de fora para dentro.
Que os Jogadores entendam que na equipa manda o Treinador e não o Pai, a
Mãe, o Avô ou o Padrinho. E que percebam também que tal, como ele, há mais
jogadores a darem tudo por tudo nos treinos e a ficarem de fora das escolhas
iniciais ou da própria convocatória, restando-lhes apenas serem firmes e continuarem
a trabalhar para chegar à equipa principal.
E caso alguns destes agentes desportivos queiram fugir às suas
responsabilidades, que as mesmas lhes sejam assacadas e imputadas, pois não
podemos viver num meio em que o que é verdade hoje é mentira amanhã (e
vice-versa) nem podemos querer coabitar num espaço onde os valores morais são
subjugados, ultrapassados e até mesmo esquecidos, sob pena de nos esquecermos
que também formamos os futuros cidadãos deste País através do Futebol.
Que em 2018 as Ideias prevaleçam em relação aos Orçamentos. Que as
equipas ditas pequenas se assumam como tal, não por falta de dinheiro, mas por
falta de ideias. Porque, meus senhores, ninguém é pequeno por falta de
dinheiro, mas todos podem ser minúsculos por falta de ideias. Que os
Treinadores destas mesmas equipas ousem ser diferentes e queiram fugir ao
cliché dos Orçamentos, pois têm uma excelente oportunidade para mostrar que as
Ideias podem e devem valer mais do que o Dinheiro. Um Homem pode até esgotar o
seu Dinheiro, mas não deve nunca deixar esgotar as suas Ideias...
Que em 2018 acabem todos os programas televisivos que fazem mal ao
Futebol, todos os programas que ajudam a dar notoriedade àqueles que se servem
do Futebol Português, em vez de servirem o Futebol Português. Que os clubes
ganhem vergonha e acabem com as cartilhas, as cadernetas de cromos, as “bíblias”
e com tudo aquilo que ajuda a descredibilizar o maior e mais belo desporto
mundial.
Que em 2018 se dê voz aos que realmente percebem de Futebol, nas suas
mais variadas vertentes. Que Carlos Daniel, Rui Malheiro, Bruno Prata, Rui Lança
sejam a regra e não a excepção. E que outros nomes do nosso panorama
futebolístico possam ter tempo e espaço para fazerem ouvir a sua voz, nomes como
José Boto, Blessing Lumueno e Nuno Amado, por exemplo.
Que em 2018 as Associações Distritais sejam mais organizadas e mais
visionárias. Que defendam a Formação e acabem com as equipas C, D, E e F de
alguns clubes, pois isso desvirtua a competição. Que defendam o Futebol Sénior,
organizando campeonatos que sirvam para o desenvolvimento de todos e não apenas
para o interesse de alguns. Que o Campeonato de Portugal (CP) tenha finalmente um modelo
competitivo que assente à realidade dos clubes que nele competem. Que os
Nacionais de Formação consigam criar novos quadros competitivos, nos quais a
verdadeira competição não esteja presente apenas na Fase de Apuramento de
Campeão.
Que a Mudança seja e esteja presente em 2018 no Futebol Português. É o
que mais desejo para todos nós...
Laurindo Filho
0 Comentários