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Pensar o Treino: Como Organizar o Microciclo do Treino de Guarda-Redes


         Uma das questões mais basilares para quem se inicia no Treino de Guarda-Redes prende-se com o que trabalhar (conteúdos) e quando trabalhar. É essencial primeiro conseguir entender o contexto para depois nos podermos enquadrar. Para isso é importante responder a algumas questões-base. O objectivo: rendimento ou formação? Com quem vamos trabalhar: crianças, jovens ou adultos? Onde vamos trabalhar: clube, escola ou outro? Quantos treinos vamos ter por semana? Quanto tempo realmente vamos ter para trabalhar só com os Guarda-Redes? De que material dispomos? De que espaço dispomos?
Na minha opinião é importante dividir duas formas de trabalhar diferentes tendo duas visões diferentes. Uma visão a longo prazo e uma visão a curto/médio prazo. A visão a longo prazo é o processo formativo e evolutivo da criança e/ou jovem, ou seja, o processo de formação que nunca deve ser descurado e que define “a linha” a seguir. Ou seja, a adaptação dos conteúdos às capacidades e necessidades da criança/atleta e o objectivo final: o Guarda-Redes completo (qualquer que seja a visão final) com capacidade de adaptação e, claro, recursos técnicos, tácticos e mentais que lhe permitam ingressar no futebol sénior.
Por outro lado temos a visão a curto/médio prazo que não pode descurar um objectivo a longo prazo (qualquer que seja ele) mas que se foca no rendimento. Corrigir o que foi feito de errado (no jogo anterior) e trabalhar em consonância com o que serão os próximos problemas a aparecer (o próximo adversário). A visão a longo prazo neste caso prende-se mais com a potenciação do atleta, ou seja, trabalhar as suas lacunas e potenciar as suas melhores características. 


Só após esta caracterização-base podemos prosseguir para o problema seguinte. Que conteúdos vamos abordar e quando os vamos abordar e/ou como os vamos dividir ao longo da semana?

Que conteúdos abordar?

Na formação:

Respeitando uma lógica de progressão, acho que devemos trabalhar através de conteúdos/contextos. Defesa de baliza, cruzamentos, 1x1, controlo profundidade, etc. Para além dos conteúdos, preocupar-nos sempre com o melhorar características fundamentais nos Guarda-Redes, quer seja a coordenação, a lateralidade, a mobilidade, etc. Depois ter em conta as fases sensíveis para potenciar determinadas características físicas: velocidade, força, flexibilidade, etc. Não há problema se numa semana só abordamos um conteúdo, pois o objectivo será progredir dentro desse conteúdo, trabalhando as bases essenciais.

No rendimento:

Uma visão claramente oposta, pois é importante dividirmos as várias componentes físicas ao longo da semana e, como disse antes, trabalhar erros realizados e situações que podem vir a acontecer. Pessoalmente gosto de trabalhar os erros ao início da semana e, à medida que esta avança, incidir nas situações-tipo que os Guarda-Redes podem vir a encontrar em jogo. Ao longo deste processo há sempre espaço para incidir em outros contextos (acumulação de situações). Para além deste trabalho guardo sempre espaço para trabalhar algumas rotinas de equipa, quer sejam as saídas de bola ou os posicionamentos na profundidade.

Como dividir os conteúdos ao longo da semana?

Na formação:

Pouco importa a divisão desde que seja feito de forma lógica, tendo em conta os princípios de progressão. 


No rendimento:

Para esta situação vou expor o meu caso. Treinos: terça, quarta de manhã e tarde, quinta, sexta e sábado de manhã. Jogo ao domingo. Terça: recuperação/princípios. Posicionamentos e técnica-base. Essencialmente trabalho de defesa de baliza. Princípios de trabalho. Intensidade média/baixa. Quarta manhã: força/potência em contexto (ou defesa baliza ou cruzamento, etc.). Quarta tarde: contextos tácticos intensidade baixa. Quinta: contextos tácticos (adversário). Sexta: contextos (adversário) + velocidade. Sábado manhã: defesa de baliza e velocidade de reacção (treino da confiança). É importante articular com o trabalho de equipa os conteúdos a abordar tanto em termos de disponibilidade física como de preparação para determinado exercício (quando só temos o aquecimento, por exemplo).

Para concluir referir que não há só uma forma de trabalhar. Temos de ser coerentes com as nossas ideias e princípios. A adaptação ao contexto é essencial.

Juntos somos mais fortes!


Miguel Menezes


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2 Comentários

  1. Muito interessante. Considero pertinente esta abordagem que remete para a organização do Microciclo ao longo da semana e a integração dos conteúdos. Considero também fundamental o controlo do padrão de esforço que deve também respeitar o nº de treinos semanais.
    Parabéns pelo conteúdo e apresentação acessível deste tema. Boa sorte para o Anadia! =)

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    1. Sr. Carlos obrigado antes de mais pelo comentário.
      Concordo plenamente consigo principalmente em patamares de rendimento. Muitas vezes mais do que a exigência física do treino específico devemos ter ainda em conta a exigência física do treino integrado que por vezes é onde o Guarda-Redes tem a maior parte das suas acções.
      Votos de sucesso.

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