Pensar o treino é uma crónica dentro da temática de Guarda-Redes,
idealizado e focado essencialmente em debater questões relativas ao treino de
Guarda-Redes.
No nosso dia-a-dia existem inúmeras situações a acontecer a todo o
momento à nossa volta. Umas afectam-nos diretamente e outras não. Sobre as que
nos afectam ao nível pessoal (os ditos problemas), a forma/processo como os
percepcionamos internamente pode condicionar desde o nosso estado emocional, à
nossa postura e até mesmo às acções seguintes.
Transportando esta capacidade de percepcionar as situações sobre
diferentes prismas para o treino é vantajoso sermos capazes de lidar
(Treinadores) na forma como ajudamos, ou não, os nossos atletas a procurar mudar
o foco. Ou seja, a forma/maneira como olhamos para as várias situações à nossa
volta, quer seja de um modo mais positivista ou negativista e/ou procurando uma
solução internamente ou externamente.
Quero crer que a forma como olhamos para as situações que nos são
apresentadas em treino e/ou em jogo exerce uma grande influência na performance
. E não tem a ver apenas com estados de humor. Tem a ver com a capacidade que
temos, ou não, de percepcionar o treino, o exercício ou determinado
enquadramento de forma a tirar o maior proveito da situação, quer seja em
termos motivacionais e/ou de me sentir melhor comigo mesmo.
Partindo para a situação concreta do Guarda-Redes, e partindo da vantagem
de normalmente ser um trabalho específico e mais individualizado (o contacto
individualizado é bastante superior ao que, por exemplo, um Treinador que tenha
um grupo de 20 atletas), o Treinador de Guarda-Redes tem de ser capaz de
“treinar” esta capacidade nos seus Guarda-Redes. Porque na minha opinião pode
ser treinável. Como qualquer técnica e/ou situação concreta. A realidade é que
as mudanças nunca serão vistas a curto prazo, mas os resultados virão a
médio/longo prazo.
Exemplos concretos? Não ser convocado, ficar no banco (não ter sido
opção), não conseguir realizar determinado exercício e/ou técnica, etc. Mais do
que a variabilidade das situações é importante o foco passar para a resposta. E
a resposta surge para as questões que o Guarda-Redes e/ou qualquer outra pessoa
coloca perante determinada situação. Fazemo-lo mentalmente através dos pensamentos.
É quase como que uma conversa com a nossa pessoa (a nossa voz interior). Essas
respostas às questões que eu coloco a mim mesmo podem basear-se em mim ou nos
outros. E posso olhar de forma positivista ou negativista. Tudo isto, como
referi anteriormente, vai influenciar tudo o que irá suceder daí para a frente.
Se não foi opção se calhar a questão que o Guarda-Redes deve colocar a si
mesmo é a seguinte: Porque não fui o escolhido? O que o Treinador pretendia que
eu não fiz?
O que acontece muitas vezes é fazermos as questões erradas. Porque ele e
não eu? Ou seja é importante centrar o foco naquilo que dominamos e controlamos
– nós próprios. É importante referir que para isto acontecer de forma eficaz os
nossos atletas têm de ter a capacidade de se auto-avaliarem e auto-criticarem,
e todos sabemos que nem todos têm essa capacidade.
Já referi a mudança do foco de factores externos para os factores
internos (no meu domínio). Vou agora voltar-me para a forma como pensamos sobre
a situação (positiva ou negativa) e a influência que isso tem.
Se eu encarar o ter sido suplente como uma não aposta do Treinador, mas
sim como um caminho que tenho de percorrer para me tornar mais forte, certamente
a minha atitude na semana seguinte será diferente. Ao invés de criar um fosso
sem fim (um rodopio de pensamentos negativos que só leva ao decair da minha
performance).
Para concluir, quero voltar a referir que a forma como pensamos e vemos o
mundo à nossa volta afecta a forma como o vivemos de seguida. Se penso positivo
estarei sempre mais perto do sucesso. Pelo contrário, se penso negativo a minha
performance irá estar negativamente influenciada. A resposta está nos factores
internos e não nos factores externos. A desculpabilização será o caminho para o
insucesso. A solução serei sempre eu.
Juntos somos mais fortes!
Miguel Menezes
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