E aqui temos. Ao final de quatro jornadas podemos
considerar o Treinador sensação da Premier League, o novo treinador dos
Hornets, Marco Silva. Invicto tal como Guardiola e Mourinho, o Watford continua
a surpreender, não só pelos pontos que tem amealhados, mas pela qualidade do
futebol da equipa. Os adeptos já felicitam Marco Silva porque, segundo
eles, quando vêm um jogo da sua equipa, divertem-se a vê-lo. Sabem de antemão que
serão 90 minutos de bom Futebol e que isso obviamente os aproximará do sucesso.
Com efeito,
durante a minha juventude prestei atenção e comecei a valorizar bastante a
opinião que os jogadores tinham dos Treinadores que pelas suas carreiras
passavam. Foi então que comecei a perceber que havia certos Treinadores que
eram bastante elogiados, e outros nem tanto. Mas que havia Treinadores que eram
elogiados porque o seu estilo de Liderança cativava os jogadores. Eles
trabalhavam para alguém que admiravam. A capacidade do Treinador em fazer com
que um jogador o admire certamente que será o primeiro passo para esse jogador
dar os 100% em campo por si próprio e pelo Treinador.
Fui verificando
que era muito difícil encontrar alguém que não gostasse ou criticasse José
Mourinho. Conhecemos o caso de Pedro Léon, que data a 2010. Foi então que
pensei: um Treinador que dispensa jogadores, vende outros, encosta alguns,
deixa sete no banco semanalmente e uns quantos na bancada, como é possível não
ser tão criticado como os demais? Com Mourinho é isto que se vê: uma capacidade
e humanidade pessoal tão forte, que é capaz de direccionar os seus atletas para
o foco. Consegue retirar deles o melhor que eles têm para dar, pois eles
admiram quem os dirige. Até me lembro de Mário Balotelli dizer que não gostava
de Mourinho, mas que ele era o melhor. E Balotelli não foi propriamente um caso
de sucesso… ou não foi o caso de sucesso que poderia ter sido.
Outro
caso é o de Jorge Jesus. É tido como senso comum que Jorge Jesus é exímio na
vertente táctica do jogo e que no treino é dos melhores. Será que o podemos
comprovar através de declarações de jogadores ou antigos jogadores por si
treinados? Elias, ex atleta do Sporting Clube de Portugal foi treinador por
Jorge Jesus durante cerca de quatro meses, tendo sido pouco utilizado. Ainda
assim atente o leitor Futebol Apoiado no que Elias falou sobre Jesus:
"Aprendi muito com Jesus. É fantástico.” Como Elias há muitos outros que
já proferiram declarações como esta sobre Jesus. Aquilo que podemos também
perceber é que, enquanto muitos elogiam a sua componente táctica, a pessoal
nunca é elogiada. Porque será? Não estamos todos enganados ou estamos?
Com
Marco Silva, as coisas não diferem muito das de Mourinho. Ultimamente temos
visto a capacidade do Treinador português, do qual me assumo fã do seu
trabalho, em conseguir amealhar admiradores, tanto na falange adepta dos clubes
por onde passa como pelos próprios jogadores. Conseguiu fazê-lo mais
precisamente na sua aventura por terras de Sua Majestade. Em Hull deixou
saudades, apesar de não ter conseguido a sua missão, que se revelava por si só
bastante difícil e, para já está a fazer um super trabalho em Watford. Haverá
melhor prenúncio que este para o sucesso?
Recordemo-nos que, após a saída de
Marco Silva do Sporting Clube de Portugal, o 1x4x3x3 clássico quase que se
extinguiu. Nuno Espírito Santo quebrou também com a tradição deste desenho
táctico no Dragão com a entrada de Tiquinho Soares e o 1x4x3x3, que em tempos
reinava, deixou de existir. Em Inglaterra vemos as mesmas ideias que Marco
Silva implementou nas suas restantes equipas (Estoril, Sporting CP,
Olympiakos). Façamos novo exercício de memória e lembremo-nos das duplas de
extremos usadas por Marco Silva: Sebá/Licá, Nani/Carrillo, Hernâni/Pardo,
Grosicki/Markovic e agora Richarlison/Carrillo.
Podemos inegavelmente afirmar que
se tu és extremo, e queres estar ou estás numa equipa treinada por Marco Silva,
ou tens gosto pela finta, pelo desequilíbrio, pela fantasia ou então escolhe
outra equipa trabalhada por outro Treinador. Não se vê muitas equipas com este
foco nos extremos e naquilo que eles conseguem produzir através da sua
competência técnica. No passado sábado o Watford visitou o Southampton e venceu
por 2-0. E o jogo, para lá da solidariedade defensiva, com o primeiro remate à
baliza de Heurelho Gomes ter sido aos 93min, para lá da rapidez de processos e
dos poucos toques que os demais jogadores de Marco Silva tem autorização para
dar, o jogo focou-se em dois craques: Richarlison que é estupendo de ver, e
Carrillo, não o Carrillo que jogou no Benfica, mas um novo Carrillo renascido
com o Treinador que mais o fez render na sua carreira. E estes sim, têm
autorização para fazerem qualquer defesa suspirar pelo apito final.
Para
mim o confronto mais interessante da próxima jornada será o Watford x
Manchester City, independentemente de no dia seguinte se jogar um Chelsea x
Arsenal… Simplesmente porque quando se é fã de algo, que se percebe que merece
ser valorizado, rapidamente a nossa atenção fica captada.
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