Todos
somos perfeitos conhecedores do desinvestimento que o Benfica protagonizou para
2017/2018. As vendas de jogadores como Éderson, Nélson Semedo, Lindelof e
Mitroglou, que não foram devidamente substituídos e a crise na Luz adensa-se
com a falta de resultados e, com a gritante falta de confiança em sobreviver às
vantagens que tem conseguido construir.
A
penúltima dessas vantagens, o jogo no Bessa, foi perdida através de um erro
colossal do Guarda-Redes merecedor da confiança de Rui Vitória, Bruno Varela.
Primeiro ponto assente: Bruno Varela resulta da inércia em reforçar a baliza
benfiquista face às constantes lesões de Júlio César. A dada altura do mercado
de transferências, parece ficar clara a ideia de que o Benfica tentou vários
alvos, mas que por razão “a”, “b” ou “c” não conseguiu adquirir nenhum. Podemos
então afirmar que Varela é uma quarta ou quinta opção.
Tirada
esta questão do caminho, parece claro que Varela falhou no preciso momento em
que não o podia fazer e isso poderá obrigar Rui Vitória a mudanças. Este é
precisamente o tema deste artigo: matar ou reforçar? Matar o pouco que Bruno
Varela conquistou ao serviço do clube (titularidade, uma mão cheia de boas
exibições que pareciam levar o guardião a um bom nível de confiança) ou reforçar
a confiança e manter a aposta?
Retirar
Varela do onze é aniquilar qualquer chance deste Guarda-Redes ter uma época de
sucesso na Luz. Mas como ignorar o facto de o Benfica ter um Guarda-Redes que
já foi eleito o melhor do mundo aquando da conquista da Liga dos Campeões com o
Inter de José Mourinho? Como ignorar que com Júlio César na baliza benfiquista,
a equipa automaticamente jogará com uma segurança reforçada por um veterano de
inegável qualidade? Como ignorar que nem todos são Édersons e Oblaks? E será
que estas vantagens atingidas pelo Benfica não são perdidas por uma falta de
segurança da equipa?
Obviamente
que Varela não será o principal responsável por todos os males que padecem na
Luz. Varela apenas no último jogo em que jogou errou, mas não me parece ser
aquele Guarda-Redes que, quando necessário, consiga fazer uma defesa ou apanhar
uma bola que salve pontos, logo não me parece ter a qualidade necessária para
assumir uma equipa tetracampeã, com uma ambição imensurável de voltar a
conquistar a Liga Portuguesa.
Todos nos
lembramos do processo de integração de Rui Patrício enquanto principal
Guarda-Redes do Sporting Clube de Portugal. Patrício é hoje o melhor
Guarda-Redes português desde Vítor Baía, é campeão europeu e tem já uma
carreira no seu clube que o leva a ser um dos ídolos dos adeptos e um dos
capitães de equipa. Tem um senão na sua carreira quanto a mim… não ter tido a
fortuna de sair para uma liga mais competitiva. Mas a sua qualidade é inegável.
A integração de Patrício no seu clube foi levada a
cabo por Paulo Bento. Senhores, quantos erros foram precisos Patrício cometer
para o considerarmos um guardião seguro e digno de uma baliza outrora ocupada
por nomes como Vítor Damas e Peter Schmeichel? E durante quantas época Rui
Patrício cometeu esses erros? Paulo Bento nunca deixou cair Rui Patrício e essa
foi uma das suas grandes vitórias enquanto treinador do Sporting.
Para acharmos resposta à pergunta que o título do
artigo coloca analisemos as circunstâncias das equipas em que ambos os
Guarda-Redes foram aposta. Bruno Varela, como dito anteriormente, é aposta num
contexto de uma equipa tetracampeã pela primeira vez na sua centenária
história, e que tem como objetivo claro aumentar o jejum dos dois rivais pelo
título. Rui Patrício é aposta num contexto diferente. Um contexto de um clube
numa situação financeira muito complicada, em que havia um investimento muito
reduzido, devido ao elevado passivo que na altura assolava Alvalade. Perante as
dificuldades financeiras de outrora, havia espaço para que erros pudessem
acontecer com vista a um crescimento sustentado de certos atletas.
A resposta torna-se então simples: encontra-se o
Benfica neste contexto de abertura a possíveis falhas dos seus jogadores? Não.
Pedro Cardoso
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