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A Análise Vídeo e o Processo de Aprendizagem do Guarda-Redes


O processo de aprendizagem é um processo que se baseia num sistema de auto-feedback, principalmente quando falamos de aprendizagem ao nível motor/técnico. Muitas vezes esse auto-feedback é quase inconsciente, visto que o atleta avalia a sua acção baseando-se no sucesso que ela tenha ou não. Portanto é importante desde já frisar que um contexto de aprendizagem com sucesso e positivo é importante numa aprendizagem sustentada e de qualidade. É ainda importante referir a importância dos Treinadores neste processo de aprendizagem, pois são eles que vão disponibilizar o conhecimento e depois criar o contexto propício à aprendizagem, avaliando e corrigindo essas acções em função de um método adoptado.
Assim sendo quero falar um pouco desse contexto de aprendizagem e da importância que o feedback tem nessas aprendizagens, pelo que me vou focar na importância da análise das acções do Guarda-Redes, os vários métodos utilizados e algumas dicas em função das várias etapas de aprendizagem.
A análise de uma acção por parte do Treinador deve ter sempre em conta o que são os parâmetros de qualidades desejados em função do contexto em que foram executados. Em função desses parâmetros e do contexto acontece uma acção que pode passar por ser um feedback (seja de que tipo for, não é por aqui que quero entrar) ou até não dizer nada.
Existem vários métodos de análise:
- Observação directa (muito dependente da capacidade do Treinador analisar a situação no momento e de ser capaz de detectar e avaliar os parâmetros que são essenciais. Exige experiência, conhecimento sobre o tema e capacidade de observação detalhada e segmentada. Tem um alto grau de subjectividade)
- Observação indirecta, normalmente associado ao vídeo (depende se existem esses recursos ou não. Depende de como se filma e do local. Não permite ao Treinador uma análise no momento. Permite uma análise mais detalhada e o uso de recursos como o slow motion, etc.)


A principal questão que agora lanço vai ao encontro do vídeo: quando e como utilizar?
Antes de mais, é importante dizer que gosto bastante do vídeo e uso-o bastante na minha prática diária de treino e jogo. Começando de baixo, é interessante nos escalões mais baixos de Formação (até aos 12 anos) utilizar o vídeo para analisar principalmente as dinâmicas de exercício e “treinar o olho”, já que normalmente estamos a falar de Treinadores que estão a iniciar. Em jogo, a meu ver, não faz muito sentido, pois mesmo que mostremos às crianças o seu vídeo em jogo e as corrigirmos, elas ainda não têm a capacidade para analisar e perceber o que lhes está a ser pedido.
À medida que começamos a entrar no Futebol de 11 é interessante começar a dar um uso mais efectivo à câmara, analisar mais detalhadamente os aspectos técnicos, pois estamos a entrar no timing da especialização e, no caso dos Guarda-Redes, torna-se essencial, no escalão de Iniciados, na medida do possível, corrigir a generalidade das debilidades técnicas. Em jogo pode começar a tornar uma ferramenta bastante interessante na análise de alguns aspectos técnicos e tácticos. O uso do vídeo permite que não exista o caso do “eu fiz isto ou disse aquilo”, está ali “a prova”, no vídeo. Daqui para a frente acho bastante interessante o uso da câmara para melhorar o nosso treino e os nossos Guarda-Redes.
Algumas ideias relativas ao vídeo:  
- Ao início, os Guarda-Redes vão perceber a câmara como um objecto estranho, acabando por haver algum desconforto perante a sua presença. Antes de levarem a câmara para jogo (no caso dos Guarda-Redes principalmente atrás da baliza), habituem o Guarda-Redes à sua presença em treino. Basicamente é como testar umas chuteiras novas, as primeiras utilizações devem sempre ser em treino.
- Rentabilizar tempo e estratégias, ou seja, se estamos a gravar vamos analisar o que temos, quer seja de treino, quer seja de jogo. Não podemos cair no erro de “Ah está ali a câmara, eu depois corrijo” e no final de contas estamos a desleixar-nos na nossa observação directa dos Guarda-Redes. Não esquecer que há aspectos que têm de ser corrigidos no momento!
- Ter em conta o clima de sucesso, ou seja, não podemos ficar obcecados nas correcções e cair no erro de corrigir constantemente, passando uma ideia de insucesso ou incapacidade. O vídeo permite-nos analisar profundamente todas as acções, mas devemos focar-nos no essencial e filtrar a informação essencial para os nossos Guarda-Redes. 


Como nota final quero deixar-vos o meu método. Considero-me um Treinador em constante aprendizagem e evolução. O vídeo tem sido uma ferramenta muito forte nessa evolução. Quando analiso um vídeo de treino, a primeira coisa que analiso é a minha prestação, o que digo, como digo e o que faço. Além disso analiso as dinâmicas dos exercícios (tempos de paragens e de exercício, entre outras coisas). Nesta última época, em contexto de Futebol Sénior (rendimento) encontrei no vídeo um enorme aliado, tanto em treino como em jogo. Em treino, como expliquei anteriormente, gravando quase todas as sessões específicas (na medida do possível) e criando vídeos de análise técnica e táctica para os meus Guarda-Redes. Em jogo, o uso da câmara que grava a sequência do jogo e utilizando uma camara atrás da baliza que me permitiu descortinar outro tipo de pormenores em jogo, desde a comunicação, posicionamentos, posições base, etc.
Este é o meu método e cada Treinador de Guarda-Redes deve procurar o seu método. Espero que este texto vos possa ajudar na vossa caminhada. Deixo-vos ainda um exemplo prático: https://www.facebook.com/miguelmenezestgr/videos/1249576198446356/
Juntos somos mais fortes,

Miguel Menezes

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