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Antevisão 2017/2018: Sporting Clube de Portugal


            Tendo já sido feitas antevisões sobre as possíveis épocas de Futebol Clube do Porto e Clube de Futebol Os Belenenses, é tempo agora de abordar aquilo que o Sporting Clube de Portugal, candidato ao título juntamente com Porto e Benfica, terá de fazer para alcançar o sucesso e salientar as dificuldades pelas quais terá de ultrapassar ao longo do seu 2017/2018.
Todos reconhecemos a vontade extrema e expressa de Bruno de Carvalho em obter o tão desejado campeonato português, ele que em quatro anos como Presidente do Sporting ainda não o conseguiu ser. Também Jorge Jesus, a caminho da terceira época no reinado do leão, entrou no Sporting com essa grande ambição que até agora não foi atingida. Devido a este contexto, a próxima época apresenta-se como um “ tudo ou nada “ para o clube, na sua secção de Futebol sénior. E quanto a mim, a próxima época incidirá numa premissa: do desinvestimento ao investimento. Passo a explicar…
Com efeito, 2016/2017 foi um ano muito difícil para o Futebol do Sporting. Arredado de todas as decisões ainda bastante cedo, Bruno de Carvalho viu-se forçado a cortar radicalmente com o enorme investimento feito no verão de 2016. Elogiou-se a Formação de Alcochete (estratégia de Comunicação) de modo a serem chamados Daniel Podence e Francisco Geraldes, enquanto vários jogadores que representavam encargos financeiros elevados foram dispensados. Mas, sejamos claros, uma decisão baseada na necessidade e na lógica (relembrar o facto da equipa estar fora das decisões desde cedo) e não na vontade do Treinador.
Sendo Jorge Jesus um treinador exigente ao nível da constituição do seu plantel, em 2017/2018, teremos um regresso a um investimento capaz de ombrear com o tetracampeão Benfica e com o FC Porto. Sendo Jorge Jesus um treinador exigente ao nível da constituição do seu plantel, teremos um Sporting a fugir aos seus pergaminhos de clube formador para dar primazia a jogadores experienciados. Então, a primeira conclusão que tiro em relação à próxima temporada será a difícil permanência de jogadores como Matheus Pereira, Francisco Geraldes e, quiçá, Iuri Medeiros. Já Daniel Podence, pela qualidade demonstrada desde Janeiro, poderá ter um lugar no plantel. A pré-época será vital para a definição destes dossiers.
Seguidamente importa falar das já confirmadas aquisições que o Sporting operou para a próxima época. Falo de Piccini (lateral direito, ex-Bétis), André Pinto (central, ex-SC Braga), Matheus (médio de cariz mais ofensivo, ex-Estoril Praia) e Rodrigo Battaglia (médio de cariz mais defensivo, ex-SC Braga). No caso do primeiro, fica patente a clara preferência de Jesus por laterais altos e os exemplos são inúmeros. Causa-me alguma perplexidade esta opção por uma questão muito simples: são poucos os laterais de renome com a estampa física de Piccini. Não quero com isto dizer que é uma contratação falhada. Invocando a minha opinião, a qual será muito sumária, vejo um lateral como um extremo, apenas com mais espaço para progredir e uma necessidade cabal de ter competências defensivas mais acentuadas. Mas cá estaremos para analisar a capacidade de Piccini. Quanto aos outros três reforços, considero-os importantes numa perspectiva de construir uma boa segunda linha, que tenha qualidade para substituir as habituais escolhas e que inclusive ponha em causa o lugar dos jogadores com mais minutos. Considero uma questão vital para um clube ser campeão: não só ter um excelente onze, como ter uma segunda linha capaz de fazer suar a primeira.


Viajando das confirmações às especulações, que fazem parte, especialmente nesta altura do ano (importante recordar que, este texto daqui a um mês poderia ser bastante mais preciso), penso que neste plantel leonino haverá mais uma ou duas saídas, que se juntarão a Rúben Semedo. Aqui, olho para William Carvalho e Adrien Silva como os principais candidatos. Entre os dois entendo que o Sporting deveria seriamente olhar para a possibilidade de vender o passe de Adrien Silva, por várias razões, entre as quais: o luso-francês tem 28 anos e certamente que olhará para este mercado como umas das últimas possibilidades de garantir um contrato mais vantajoso financeiramente e, quem sabe, almejar a assinar por uma equipa com outro tipo de ambições a nível europeu. Consequentemente seria o coroar de uma carreira de luxo de leão ao peito: jovem formado em Alcochete que se potenciou no clube, tornando-se no capitão de equipa, premiando os portugueses com a sua qualidade na Selecção Nacional, com um contributo bastante válido na conquista do Europeu de 2016. Por tudo isto, o Sporting estaria a premiar a vontade de Adrien em assumir um novo desafio. Por último, a tal conhecida vontade do jogador em rumar ao estrangeiro. Manter jogadores desmotivados no plantel pode ser contraproducente. Entendo que o rendimento de Adrien este ano foi condicionado por uma extrema vontade de abandonar o clube no verão passado. Vontades legítimas.
Mergulhando um bocadinho na especulação, ainda que com pouca vontade de a aprofundar, olhamos para nomes como Bruno Fernandes, Fábio Coentrão, Seydou Doumbia ou Jeremy Mathieu como a grande prova do que foi mencionado anteriormente. Uma clara aposta em jogadores experienciados e de qualidade inegável. O único contra tem a ver com jogadores emprestados e com a idade de Mathieu. Como é do nosso conhecimento, o campeonato português tem sido talvez a principal montra do atleta para os principais clubes do mundo. E o clube grande português tem operado segundo um ciclo vicioso, que é o seguinte: Formar/Adquirir -> Potenciar -> Vender. O Sporting é um clube novato neste ciclo. Iniciou-o o ano passado e pretende segui-lo nos próximos anos. Ora, jogadores emprestados não pertencem aos quadros futuros do clube (potenciação de activos de outros clubes) e Mathieu, devido à sua idade, jamais poderá garantir um encaixe financeiro no futuro. Isto poderá ser preocupante porque é o segundo ano que o clube assume esta estratégia de jogadores emprestados e o ano passado com os resultados conhecidos.


Nota final para aquilo que entendo ser uma enorme barreira no sucesso desportivo do Sporting na próxima temporada: a participação do Sporting no play-off de acesso à Champions. Por duas razões: primeiro, porque o êxito não é assegurado, logo gera sempre instabilidade administrativa na elaboração do orçamento de época; segundo, porque é um play-off bastante exigente, que poderá incentivar a uma perda de pontos precoce no campeonato, bem como abalar os índices psicológicos e físicos no decorrer do campeonato.
“Tudo ou nada”. Uma viagem do desinvestimento para o investimento. Da Formação para a experiência e inegável qualidade. Continuemos com a silly season com a certeza que em 2017/2018 teremos campeonato até ao fim.

Antevisões:
@FC Porto
             @CF "Os Belenenses"

Pedro Cardoso

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