(Sérgio Conceição no seu discurso de apresentação no FC Porto)
“Eu não vim para
aprender, vim para ensinar“. Terá sido esta a frase mais sonante de todo o
discurso de apresentação de Sérgio Conceição, no seu primeiro discurso público
enquanto Treinador do FC Porto. Uma frase reveladora da ambição, da confiança e
da sede de vitórias do antigo técnico do Nantes…mas igualmente um “recado” para
todos aqueles que poderiam (ou poderão) vir a desconfiar de mais esta aposta de
Pinto da Costa num Treinador sem grandes conquistas alcançadas.
A verdade é
que grande parte das pessoas que assistiram à cerimónia de apresentação do
antigo extremo direito dos dragões fixaram bem aquela frase. Em conversas de
café, em tertúlias futebolísticas, nas capas dos jornais, enfim, um pouco por
todo o lado, era disso que se falava no dia seguinte. Porquê? Porque foi
claramente a ideia forte do discurso de Sérgio Conceição. Mais do que o
habitual chavão “estamos aqui para ganhar todos os jogos, para vencer todas as
competições”, foi com o “eu não vim aqui para aprender, vim para ensinar” que o
novo Treinador portista captou a atenção de tudo e de todos.
Tendo em conta
isto, que tal olharmos para outros discursos de apresentação marcantes, de modo
a percebermos o que será melhor para cada um de nós, jovens Treinadores
aspirantes ao profissionalismo?
“Apertem os cintos, porque
estamos prestes a iniciar uma viagem”. Eis uma das frases mais enigmáticas do
discurso de apresentação de Pep Guardiola como Treinador do FC Barcelona. Uma
frase que aguçou a curiosidade de todos quantos queriam saber até que ponto um
Treinador inexperiente teria capacidade para comandar os destinos de uma das
melhores equipas do Mundo. O resto já todos nós sabemos: em quatro anos
Guardiola recriou e aprimorou o Dream Team de Cruijff, criando a máquina futebolística
mais perfeita que eu alguma vez vi.
O enigma
presente nesta frase proferida em público contrastou com a clareza do discurso
do técnico catalão aquando da sua primeira palestra com o seu grupo de
trabalho: “ Senhores, bons dias. Não
vou criticá-los se falharem um passe ou um cabeceamento que nos custe um golo,
desde que estejam a dar 100 por cento. Não vou perdoar se não derem o vosso
coração e a vossa alma ao Barcelona. Não estou a pedir resultados, apenas rendimento.
Isto é o Barcelona, senhores.”
Guardiola cativou ainda mais os seus
pupilos quando lhes mostrou o caminho: “O estilo de jogo vem determinado pela
história do Barcelona e vamos ser fiéis a ela. Quando tivermos a bola, não a
podemos perder. Quando isso acontecer, temos de correr e recuperá-la. Isso é
tudo, basicamente” e lhes assegurou que “estamos aqui para nos ajudarmos
uns aos outros e assegurar que há paz espiritual, para que os jogadores não
sintam tensão e que não haja tensão. Não somos pequenos grupos, porque isso é o
que acaba por matar o espírito de equipa”.
José Mourinho
é um dos melhores comunicadores do Mundo, no que diz respeito a Treinadores.
Tanto que torna-se difícil escolher as frases mais marcantes dos seus discursos
de apresentação. Mas ainda assim é possível “agarrar” em três ou quatro frases
que ficaram (e ficarão) para sempre na História das apresentações oficiais de
Treinadores.
Quem não se
lembra da sua chegada ao FC Porto, a meio da época 2001/2002, e do seu momento
alto aquando do seu discurso de apresentação, quando desafiou tudo e todos ao
afirmar que “o FC Porto será Campeão Nacional na próxima época”? Lembram-se do “escândalo”
criado à volta desta frase? Quem não se lembra do épico “I won the Champions
League, i’m sorry but i think i’m special” aquando da sua apresentação em
Stamford Bridge?
E em ambas as
situações, o que aconteceu às equipas lideradas por José Mourinho? Tal como com
Pep Guardiola, fez-se História. O FC Porto de 2002/2003 e 2003/2004 foi uma das
equipas que mais me marcaram enquanto Treinador e o Chelsea voltou a ser
grande, de tal modo que ainda hoje vive das bases vencedoras lançadas e
promovidas pelo técnico português.
Então e nós,
jovens Treinadores que ambicionamos chegar ao Profissionalismo? O que podemos nós
aprender e depreender de todos estes exemplos? Devemos/podemos copiar os
estilos, os discursos? Devemos/podemos apostar num replicar de ideias?
Sinceramente,
e até porque não existem fórmulas mágicas quanto ao discurso, a minha opinião é
simples e clara: devemos ser iguais a nós próprios, fiéis às nossas ideias,
fiéis aos nossos valores, aos nossos princípios e aos nossos ideais. Não vale a
pena querermos ser aquilo que não somos nem nunca seremos. Até porque como diz o
Professor Manuel Sérgio, “é o Homem que se é que triunfa no Treinador que se
pode vir a ser”.
Laurindo Filho
2 Comentários
Mais um excelente artigo, parabéns e obrigado!
ResponderEliminarObrigado pelo comentário.
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Cumprimentos