[Não perca em directo o resumo ao vivo do jogo de Portugal com a Nova Zelândia e troque ideias connosco, dando-nos a sua opinião sobre o jogo e o resumo, pelas 16h (hora de Portugal Continental)]
Diz o ditado
que “recordar é viver”. Derivada deste ditado está a frase “recordar o passado,
viver o presente e preparar o futuro”. Quanto ao futuro, diz-nos Peter Drucker,
escritor austríaco, o seguinte: “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”.
Como podemos aplicar estas expressões à Selecção Portuguesa de Futebol?
O
ano de 2016 foi o ano mais importante para a História do Futebol Português. A
conquista do Europeu em França contra a Selecção anfitriã deixou um marco
difícil de superar. Ainda que a qualidade exibicional demonstrada por Portugal
tenha deixado muito a desejar, a equipa foi avançando até à final através de
muita luta, eficácia e de um espírito de grupo inabalável. Este espírito de
grupo será alvo de problematização mais à frente.
A temática em
análise neste artigo não será o passado, nem o presente da Selecção Portuguesa
(Taça das Confederações), muito menos o futuro próximo. Aquilo que abordarei
será o futuro prolongado da equipa lusa depois de lançar aqui alguns dados
estatísticos. Então vejamos…
- A média de idades da convocatória de
Fernando Santos para a Taça das Confederações está situada nos 28,42 anos de
idade
- Após o Mundial de 2018 na Rússia
serão sete os jogadores com 33 ou mais anos de idade, da actual convocatória: Beto,
Eliseu, Bruno Alves, José Fonte, Pepe, Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo.
Com 30 ou mais anos de idade estarão, fora os listados anteriormente, Rui
Patrício, Luís Neto, João Moutinho e Nani
Perante estes
dados, surge uma necessidade cabal de preparar e potenciar uma próxima fornada
capaz de seguir as pegadas da elencada acima. Não será por falta de talento que
nos devemos preocupar. Ter um jogador como Cristiano Ronaldo que parte para a
5ª Bola de Ouro, prémio entregue ao melhor jogador de Futebol do ano, e
conquistar um troféu como o Europeu de 2016 tem cativado os jovens pelo país
fora. Acima de tudo tem-nos feito sonhar que, com trabalho e dedicação, é
possível chegar a um patamar de absoluta excelência. Portugal terá este factor
a favor na construção das futuras gerações.
Para alguns, a
exemplo da estratégia germânica para esta Taça das Confederações, Portugal
poderia ter feito algumas experiências com jovens valores. Todavia, Portugal
optou por usar uma larga maioria dos jogadores campeões europeus e apetrechar a
equipa de sub-21 no Europeu que está a ser jogado na Polónia. Mais do que
discutir os resultados de ambas as equipas, até porque não considero demasiado
importante a vitória na Taça das Confederações, enquanto que os sub-21 foram
infelizmente eliminados na fase de grupos, ainda que tenham tido a oportunidade
de demonstrar o enorme valor que têm, há que olhar a uma consequência clara
para o próximo Mundial: os jogadores portugueses chegarão à Rússia praticamente
sem férias pelo terceiro ano consecutivo. E acreditem, vai condicionar, e de
que maneira.
Ora, o que
temos visto nas escolhas de Fernando Santos tem sido uma dificuldade em
integrar elementos que não tenham sido campeões europeus, tanto nas
convocatórias como no habitual onze inicial. Nélson Semedo e Pizzi foram, na
minha modesta opinião, os dois melhores jogadores do campeonato português,
sendo confesso admirador do primeiro. Não têm sido opção nesta Selecção na Taça
das Confederações. Gelson Martins, que facilmente se colaria aos dois primeiros
como um dos destaques de 2016/2017 tem tido, muita dificuldade em entrar na
equipa perante a confiança em Quaresma e Nani. André Gomes e João Moutinho
continuam a somar minutos apesar de um rendimento aquém do exigido, enquanto
André Silva, apesar de ter sido figura de destaque durante o apuramento para a
Rússia foi preterido no onze inicial na estreia da Selecção nesta competição,
frente ao México. Bernardo Silva, apontado por muitos como o principal talento
jovem do futebol português também foi preterido frente ao México, mostrando
frente à Rússia que deveria ser indiscutível.
Com efeito, só
vejo uma razão que permita explicar este fenómeno: em França, até pela maneira
como Portugal venceu o Europeu, sobretudo a final (muito sofrimento, lesão
prematura e saída em lágrimas de Cristiano Ronaldo, juntamente com as suas
entusiasmadas intervenções no banco de suplentes na sombra de Fernando Santos),
construiu-se o tal espírito de grupo que apontei no início do artigo. Uma
família, e enquanto essa família estiver no activo, os jovens talentos terão
vida difícil, ou seja, poucas oportunidades. Os jogadores presentes no Europeu
de França presentearam Fernando Santos com o seu maior êxito profissional, um
marco incontestável na sua carreira de Treinador e até ele terá alguma
dificuldade em deixar cair essa confiança, essa estima e, porventura, uma certa
admiração que tem pelos seus guerreiros.
Numa perspectiva
de progressão e continuação do trabalho feito na Selecção A Portuguesa, juntamente
com a Selecção Sub-21, quem melhor para conduzir a nova geração, a Selecção do
pós-Rússia, que Rui Jorge, actual Seleccionador sub-21 português. Sendo um
Treinador cobiçado, entendo a recente renovação de contrato de Rui Jorge com
vista ao objectivo futuro de liderar a sua principal Selecção. Exímio
conhecedor das valias da futura geração, perspectiva-se como o homem certo no
lugar certo. Não se pretende com isto diminuir o contributo do Engenheiro
enquanto Seleccionador, tanto aquele já conquistado como o que ainda poderá ser
adquirido. Mas poderá Portugal necessitar de ideias novas, provenientes de um Seleccionador
também ele da nova geração.
Dizia Peter
Drucker que “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”. Esta reflexão
podia ser aprofundada ate aos Escalões de Formação e imaginem quantos mais
parágrafos teria este texto…
Pedro Cardoso
0 Comentários