Será possível
definir uma posição para um atleta de tenra idade? Experimentar a polivalência será
positivo para a sua evolução? Será exequível fazer isso?
O Futebol de 7
é jogado até por volta dos 13 anos de idade e, tendo substituições ilimitadas,
favorece a sua prática a todos os seus intervenientes. Nestas idades, até
porque ninguém possui uma bola de cristal, não se sabe em que posição
específica vai o atleta completar a sua Formação e/ou em que posição específica
a sua Formação terá continuidade nos Seniores (caso venha a chegar ao Futebol
Sénior).
Desde muito
cedo que aos atletas (quer seja por influência dos Treinadores, da ”televisão”
ou até dos Pais) são “definidas” as suas posições no campo. Normalmente, as
suas características individuais fazem com que ele "escolha" a sua
posição logo nos primeiros pontapés dados nas Escolinhas de Futebol: “Mister,
sou ponta de lança”; “Mister, só jogo à defesa”; “Mister, quero jogar na linha
e ter o 7”…São exemplos de algumas expressões que certamente alguns de nós já
ouviram e que poderá afectar a primeira tentativa de o Treinador testar os
atletas, facultando-lhes outras experiências através da polivalência no campo.
Outra
dificuldade com que o Treinador se depara ao arriscar este tipo de experiências
é passar por “louco” e “burro” ao colocar o atleta a jogar “fora do sítio” e
assim não dar “estabilidade à equipa”… São comentários que por vezes se ouvem,
esquecendo-se, contudo, que o Futebol de 7 poderá servir também para dotar os
atletas de experiências para serem usadas no seu futuro.
Com este tipo
de opções é possível também que aumente a pressão na procura da vitória, pois é
sabido que todos gostam de ganhar e que a probabilidade de perder um jogo por
rodar as posições da equipa é maior! Essas mudanças tácticas podem ser
animicamente menos estimulantes, podendo até causar algum desagrado.
Será
certamente mais fácil fazer este tipo de experiências nos jogos em que se está
com vantagem (por vários golos) sobre o adversário, não comprometendo assim vitória
e a satisfação de todos.
Este tipo de
experiências e de trabalho de versatilidade tem lógica no Futebol de 7 em
diferentes contextos para o atleta. O Treinador olha para as suas melhores
opções e usa os treinos de forma a potenciar as individualidades de cada atleta,
podendo fazer com que se “descubram” qualidades anteriormente desconhecidas. As
posições no Futebol levam os jogadores a realizar uma determinada função no
campo, procurando explorar as suas principais características.
Obviamente que
se formos atender apenas ao resultado presente, poderá haver a tendência para
colocar o atleta na posição onde “rende mais” e deixá-lo estar lá. Podemos recordar
vários casos em que jogadores ao longo da sua carreira vão mudando de posição
no campo…
Quantos
centrais passaram a ser pontas de lança? E extremos para laterais? Quantos
laterais passaram para médios? Será que este tipo de experiências é mesmo
importante para o futuro dos atletas? Quantos atletas chegam a seniores e mudam
também de posição?
Rui Gomes
0 Comentários