Desde a conquista da Liga dos
Campeões em 2004 pelo Futebol Clube do Porto de José Mourinho que estamos
habituados a que vários milhões sejam atirados para cima da mesa dos clubes
portugueses, a fim de levar os craques do nosso campeonato às ligas europeias
mais competitivas. O campeonato português tornou-se uma montra para o atleta,
conseguindo potenciar a carreira de muitos. Clubes como o Real Madrid, Chelsea,
Zenit, Manchester United, entre outros, enriqueceram os cofres dos três grandes
portugueses e enriqueceram os seus planteis de qualidade proveniente da Primeira Liga portuguesa.
Fazendo um apanhado de todos
os jogadores que saíram do nosso país desde 2004, conseguíamos fazer dois ou
três planteis para rivalizar com as melhores equipas que o Futebol conhece.
Todavia, fazendo uma rápida análise dos jogadores que saíram o ano passado para
o estrangeiro compreendemos que nenhum triunfou. Nem um. Senão Vejamos…
Renato Sanches,
entrou no meio-campo do SL Benfica revolucionando a manobra ofensiva da
equipa. Aos dezoito anos foi um dos responsáveis pelo campeonato obtido pela
sua equipa bem como pelo Europeu de 2016 ganho por Portugal. Com um brilhante
futuro à sua frente rapidamente foi associado aos grandes clubes por valores exorbitantes, tendo o Bayern Munique adquirido o seu passe. Ao todo, na sua
época de estreia, foram 17 jogos, num total de 617 minutos sem nenhum golo
marcado. Desilusão? Temos de ter em conta que um jogador com mercado pode e
deve escolher o seu clube de uma forma cuidada. Isto porque um jovem atleta de
dezoito anos precisa de jogar. E vamos ser sérios e dizer que, o Bayern conta
com Vidal, Xavi Alonso, Thiago Alcântara, Javi Martínez, Kimmich, o que torna a
tarefa de Renato bastante complicada. Entrar e assumir um meio-campo destes è tarefa difícil. Pelo que de todos, será aquele que pouco me surpreende a sua
época menos conseguida. Interessante será perceber se a crença nas qualidades
de Renato é a mesma agora, comparativamente há um ano, quando decidiram avançar para a sua contratação.
Gonçalo Guedes, mais
um elemento proveniente da fábrica do Seixal, foi ganhando espaço no Benfica de
Rui Vitória, nunca se assumindo como um verdadeiro titular. Ainda assim, o PSG
de Unay Emery entendeu avançar para a sua contratação em Janeiro deste ano,
totalizando o jovem luso cerca de 139 minutos distribuídos por 7 jogos, isto na Liga Francesa. Muito pouco. Com efeito, o que serviu para Renato serve para
Gonçalo. Entrar a meio da época num colosso como o PSG com craques como Lucas
Moura, Cavani, Pastore, Di Maria, Ben Arfa , Draxler e esperar ser primeira
opção é quase impensável. Entendo que Guedes terá mais do que tempo para provar
a sua qualidade em terras gaulesas, mas terá de enfrentar a difícil concorrência
que tem dentro da sua equipa. Importante referir que com Rui Vitória estava a
assumir um papel importante como o segundo avançado do 1x4x4x2 idealizado pelo Treinador campeão nacional e agora, com Emery, terá de se adaptar a um 1x4x3x3, possivelmente numa ala.
Nico Gaitán é
classe. Qualquer adepto de Futebol é obrigado a conseguir apreciar um jogador
deste calibre independentemente da sua cor clubística. O Atlético de Madrid
bateu a porta à procura de um criativo, um jogador capaz de encantar as bancadas
do Vicente Calderón. Contudo, digamos que Gaitán ingressou numa das equipas com
o maior coração que temos visto jogar na Europa nos últimos anos. A equipa do
Atlético de Madrid tem tido fantásticas épocas à custa de um Treinador
sensacional, sendo conhecida como a equipa que mais corre em
campo. “ O esforço é a magia que transforma os êxitos em realidade”. Frase de
Simeone. Conhecendo Gaitán, será que se enquadra neste paradigma? Teria de se
transformar num jogador que não é e que, porventura, nem quer ser. Um contraste
de filosofias. O esforço através do suor contra a magia do individual no
momento certo, com aquele perfume específico. Gaitán somou 1021 minutos
divididos por 23 jogos. Marcou por 3 vezes.
Viajando até ao reino do leão,
novo nestas andanças no primeiro mandato de Bruno de Carvalho aparece Islam Slimani. Durante três anos como
avançado da turma de Alvalade progrediu, e de que maneira, a sua capacidade
técnica individual e após 26 golos, na Liga, convenceu Claudio Ranieri, o
surpreendente campeão inglês a pedir a sua contratação. Saiu como a segunda
melhor venda da História do Sporting Clube de Portugal. Sendo honesto, nunca
esperei muito desta aventura do argelino na Premier League. Ouso mesmo dizer
que, assim que se aumentasse um bocadinho o nível de exigência para com o ex-Sporting, a coisa ia tremer. E tremeu de que maneira. Apenas 7 golos na Premier
League em 1279, distribuídos por 23 jogos. A sua capacidade técnica continua a
ser um entrave a sua evolução. Tem a valia de cansar as defesas contrárias
porque é um avançado que nunca dá uma bola por perdida. Mais surpreendente, é
que sendo o único ponta de lança do Leicester, nem nas situações de maior apuro
do clube na tabela classificativa foi chamado ao onze titular, sendo inclusive
o principal culpado aos olhos dos adeptos pelos maus resultados que levaram ao
despedimento do treinador que conseguiu um absoluto milagre. O seu futuro
releva-se uma incógnita.
Analisando a maior desilusão
do mercado anterior, falemos de João
Mário. Vendo jogos de João Mário no primeiro ano de Jesus no Sporting
sempre achei que este jogador era capaz de pensar o jogo muito à frente dos
restantes vinte e um presentes em campo. Um falso ala que deambulava pelo campo
criando desequilíbrios e mantendo a equipa coesa na fase defensiva, que
espalhava perfume a cada acção com bola e que não precisava de grandes
correrias para espalhar o seu jogo. Destaque para a titularidade também na
equipa das quinas onde, tal como Renato Sanches, se tornou campeão europeu.
Em
relação a João Mário, nunca idealizei para si nem um campeonato nem uma equipa.
Verdade é que, passado um ano, o jogador formado na academia de Alcochete não
foi convocado para os últimos compromissos do Inter, por razões aparentemente
disciplinares e não foi convocado para a Taça das Confederações por aparente
lesão. Como ressuscitar João Mário? Maior estabilidade directiva e uma aposta
clara do seu novo treinador, Luciano Spalletti poderão ser a chave. Maior
estabilidade de resultados também ajudaria. O ex-Sporting conta com 30 jogos,
nos quais somou mais de dois mil minutos, contribuindo com 3 golos para a sua
equipa. João Mário desiludiu, mas vai muito a tempo de virar a situação a seu
favor.
Portugal
mantém-se como uma montra. Várias equipas investem em Portugal. Nova época,
nova silly season e nada parece ter
mudado. Ederson Moraes já rumou a
Manchester tornando-se pupilo de Pep Guardiola e Lindelof parece ser o próximo, enriquecendo as opções de José
Mourinho no centro da defesa.
Importante será atentar que, vencendo o Europeu
de 2016, muitos jogadores portugueses tiveram a possibilidade de se mostrar, ou
seja, de atrair o interesse dos “tubarões” europeus. Este ano, dado que a Liga Portuguesa muitas vezes se revela insuficiente para despertar o interesse, e
olhando para a prestação europeia do Sporting que se revelou miserável e que
F.C.Porto e Benfica se apresentaram incapazes de competir com Juventus e
Dortmund respectivamente, o interesse no
jogador a competir em Portugal continua activo. Ganhou o Campeonato Português
esse rótulo? Que jogadores poderão seguir Ederson? Estando ausente das vendas no
ano passado, quem conseguirá garantir milhões aos cofres do F.C.Porto? Let the silly season begin…
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