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À Procura da Perfeição


Perfeição...Todos sabemos que a Perfeição não existe na vida real. Todos sabemos que a Perfeição, tal e qual como a entendemos (cada um à sua maneira), é uma utopia, mas ainda assim existem pessoas que continuam em busca da Perfeição. Como se apenas ela (Perfeição) as libertasse, como se apenas ela (Perfeição) lhes permitisse descansar, como se apenas ela (Perfeição) lhes garantisse o derradeiro e último troféu a alcançar em Vida.
Para os leitores do Futebol Apoiado este início de artigo poderá parecer algo surreal, quiçá imperfeito, não? Bem, “À Procura da Perfeição” mais não é do que um desabafo de um Treinador que, como tantos outros colegas de profissão (que eu sei existirem um pouco por todo o País), procura incessantemente a Perfeição para a sua equipa de Futebol. E procura incessantemente porque acredita que a Perfeição é possível e passível de ser alcançada, mesmo que essa seja a mais dura batalha de todos os Treinadores de Futebol.
Mas, afinal, o que é a Perfeição? Segundo o Dicionário Priberam, Perfeição é “o acto de acabar ou aperfeiçoar alguma coisa”, podendo ser também “o grau de excelência, bondade ou beleza a que pode chegar alguma coisa”. Sejamos sinceros: não é isso que todos nós, Treinadores com ambições profissionais, desejamos para as nossas equipas? Não é isso que nos move dia após dia, hora após hora, minuto após minuto dedicado à idealização, planificação e operacionalização das nossas Ideias, dos nossos Princípios, enfim, da execução do nosso Modelo de Jogo?
Claro que sim! Claro que é isso que todos nós almejamos! Claro que é isso que queremos ver em campo em todos os treinos, em todos os jogos-treino, em todos os jogos, sejam eles “a feijões” ou oficiais. Claro que é isso que pretendemos para a valorização do nosso Clube, da nossa Equipa, dos nossos Jogadores, das nossas Ideias e de nós próprios!
E como podemos então chegar à Perfeição, se ela, supostamente, não existe? Essa é a parte mais complexa, caros leitores. Nada de novo nesta resposta, pois não? Todos nós sabemos que é extremamente complexo trabalhar para chegar à Perfeição. Mas ainda assim devemos fazê-lo. Sempre. A toda a hora. A todo o instante. Sem desculpas. Sem queixas. Sem pretextos para que possamos relaxar. Sem brechas que permitam que o facilitismo entre e se apodere da nossa vontade, do nosso querer e da nossa ambição.


Como nos ensina o Dicionário Priberam, devemos trabalhar com afinco de modo a podermos acabar ou aperfeiçoar a nossa equipa, sabendo que ela nunca estará completamente acabada e nunca será totalmente perfeita...Devemos procurar atingir o grau de excelência, de bondade ou de beleza com os nossos Jogadores e com todos aqueles que gravitam à nossa volta com o intuito de nos ajudar. Devemos ser sérios, honestos, frontais, decididos, ambiciosos, destemidos...
Porque a única forma de chegarmos a algum lado é trabalhando. Em conjunto. Como equipa. De forma uníssona. Sem tréguas. Sem falsidades. Dando sempre tudo de nós em prol da tal Perfeição que muitos dizem não existir, mas que uns quantos teimam em querer provar ser real. De entre os quais, eu...
Mas será que ao fazermos tudo isto estaremos mais próximos da Perfeição? Não haverá caminhos mais fáceis, mais rectilíneos, menos complexos para atingirmos a Perfeição? Gostaria de vos poder dizer que basta sermos tudo o que descrevi antes para que a Perfeição seja uma realidade, mas não sou mentiroso nem sou hipócrita. Tenho a perfeita noção de que isso por si só não basta...
No entanto, podemos encarar esta busca pela Perfeição no Futebol como a preparação para um exame final que dá acesso ao Ensino Superior ou ao Mestrado, por exemplo. Quando estudam para um exame dessa natureza, de tamanha importância e com tamanha relevância para o vosso futuro, vocês estudam para ter um 20 ou estudam para ter um 10? Percebem o que quero dizer?


Se estudarem para obter um 20, estarão sempre mais perto de obter um 18 ou um 19 e, quem sabe, até mesmo um 20, a tal nota perfeita que é tão difícil de alcançar em algumas disciplinas de determinados cursos. E mesmo que não consigam o 20, se conseguirem “apenas” um 15 ou um 16 estarão sempre numa fasquia elevada da vossa avaliação. Facto que merece louvor, consideração e admiração.
Por outro lado, se estudarem apenas para obter um 10, estarão sempre mais próximos de um resultado menos satisfatório, podendo alcançar, de facto, um 10, mas sujeitando-se sempre a um 9, um 8 ou 7 ocasional...para não dizer menos do que isso.
Daí ser importante lutarmos pela Perfeição, estejamos nós a orientar uma equipa de Traquinas do clube x, uma equipa de Seniores da III Divisão Distrital ou uma equipa profissional de Seniores que luta apenas para não descer. Temos de trabalhar de modo a podermos ser perfeitos. Tentando, tentando e tentando uma e outra e outra vez. Seguindo o conselho de Andrea Pirlo, mago e mágico regista italiano:

“Não devemos tentar até conseguir acertar. Devemos tentar até nunca mais errar”

Que assim seja então. Que todos possamos continuar à procura da Perfeição de modo a que, quando a encontrarmos, estejamos dispostos a insistir, persistir e não desistir de a querer obter...


Laurindo Filho

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