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Liderar (parte 1)


                Não existe um modelo perfeito de líder nem um manual instrutivo de como um líder se deve comportar, relacionar e motivar, no entanto, a base para todo o desenvolvimento do trabalho de um líder é o contentamento dos liderados, que seguem de forma quase religiosa o seu líder, acreditando não só na palavra, mas em cada acção desempenhada por si. De todos os diferentes modelos de líder, há uma palavra que define o objectivo final: sucesso. Lourenço caracteriza o modelo de Liderança de José Mourinho referindo que todo o processo tem um ponto comum final: o sucesso. Aliás, para Mourinho, “tudo está integrado, tudo está relacionado, sempre em torno de um objectivo que é jogar o jogo que se pretende”, e jogar, neste caso, é desenvolver a acção com sucesso.
                Os diferentes modelos de Liderança tentam responder a todos os pontos e fases de forma a manter a motivação, coesão e estabilidade do grupo, com o objectivo secundário de não haver um desfoco do objectivo principal.  Numa equipa o objectivo tem que ser claro e a positividade ou sentimento de alcançar o objectivo tem que ser implementado e promovido pelo Líder, na sua maneira própria, mas sempre de forma a que não seja questionável.
                Identificar um modelo de liderança pode partir de diferentes interpretações, dados avaliativos e características diferenciadas, no entanto, Daniel Goleman caracterizou e separou os diferentes tipos de liderança da seguinte forma:
·         Coach: Principal atenção no feedback para, de forma correctiva, aperfeiçoar o comportamento de uma equipa de forma faseada e identificada com objectivos individuais que potenciam a possibilidade de sucesso com o objectivo colectivo e principal;
·         Democrático: Lidera através da aceitação, discussão e integração, fazendo sentir que todos são parte activa do processo e havendo uma comunicação contínua nos dois sentidos;
·         Dirigista: Não aproxima os elementos do projecto, baseia-se no exemplo-acção e não no desenvolvimento individual e colectivo, passa a mensagem de forma directa e simples, não existindo abertura para grande comunicação;
·         Pressionador: Tem como principal característica a rapidez de execução de um processo, com pouca comunicação, mas muita dependência da posição e estrutura do Líder;
·         Relacional: Próximo, preocupado e construtor de relações, protege o conforto e a felicidade dos liderados sendo extremamente positivo e opositor do confronto negativo;
·         Visionário: Relacional, comunicativo e criador de objectivos individuais faseados para que existam variadas fases de avaliação. Tenta aproximar os ideias da equipa dos seus através das suas ideias e visões;


                Em todos os modelos é possível encontrar pontos positivos e pontos negativos, e o sucesso de um modelo não garante o seu repetido sucesso com outros objectivos ou realidades, sendo que um Líder se deve identificar com o modelo que mais características partilha, corrigindo e evoluindo de forma a poder responder e actuar perante o seu grupo ou equipa.
                A todos os Modelos, um Líder deve acrescentar um conjunto de características para que possa estar mais próximo do sucesso e de um bom nível de liderança, sendo essas caracteríscitas apontadas por Prive:
·         Honestidade: Isto porque quando se lidera um grupo é importante ou crucial ter a confiança máxima dos liderados, nunca criando a dúvida na palavra e de forma, também, a que seja mais célere a descoberta e resolução de possíveis problemas que influenciem o sucesso;
·         Delegar: Para criar mais eficiência, mais velocidade de execução e também com que exista uma maior capacidade pro activa dentro do grupo. Delegar também pode funcionar como factor de motivação junto do grupo demonstrando confiança por parte do líder nas suas capacidades;
·         Comunicação: A capacidade de comunicar é crucial para um bom líder, seja em que modelo de liderança for, a incapacidade de entregar a mensagem rapidamente aniquila um líder. É importante também para a criação de um ambiente saudável e para o mais rápido desenvolvimento dos liderados derivado de uma mais rápida compreensão;
·         Confiança: Um Líder tem que ser o motivador do grupo e tem que ter a capacidade de criar um foco de acção e reacção quando momentos negativos surgem, a confiança na realizacão e obtenção do sucesso é um factor importante para o sucesso;
·         Compromisso: Para se exigir há que exemplificar, na atitude, seriedade e capacidade de trabalho, daí o compromisso com o grupo e de todo o grupo para com o objectivo estarem dependentes daquilo que o Líder transmite para o grupo;
·         Atitude Positiva: Um Líder é definido pela capacidade de criar soluções mesmo que as mesmas pareçam impossíveis, demonstrando sempre um caminho positivo e uma realidade positiva para que os índices de confiança e alegria não sejam afectados;
·          Criatividade: Para se criar soluções, o Líder necessita de imaginação e por vezes desvios daquilo que seria o programa inicial, sendo que, o que define um bom líder neste ponto concreto é a capacidade de encontrar uma solução para um problema, no imediato e sem colocar em causa o objectivo inicial mesmo tendo-se desviado do programa e projecto inicial;
·         Intuição: Nos momentos em que o imprevisto acontece e a resposta não está prevista, o grupo coloca de imediato os olhos no líder, tendo que seguir a intuição para liderar o seu grupo, de forma confiante, por algo desconhecido;
·         Inspirar: Um Líder tem que saber criar um sentimento de compromisso, motivação e paixão nos liderados, apelando aos sentimentos e sabendo como entrar na cabeça e mente dos seus liderados, só desta forma pode inspirar e criar uma maior e mais forte empatia entre o grupo e a relação entre a confiança que é depositada na sua liderança;
·         Sensibilidade: Porque num grupo ninguém é igual, é necessário saber como lidar com cada elemento, tendo a capacidade de ler e entender como deve reagir e falar com cada elemento de forma a passar a mensagem e a manter todos os pontos anteriores intocáveis;

                A um Líder pode-se pedir todas estas características, no entanto as mesmas não garantem um bom Líder, nem a ausência resulta no insucesso na liderança. Liderar não é exacto, não é caracterizável ao detalhe e muito menos se consegue copiar. Desta forma defendo que um bom Líder é aquele que cria o seu modelo, inspirado por outros, com capacidade de adaptação pelo grupo ou objectivo e acima de tudo com capacidade de gerir o seu orgulho e o seu ego em prol da qualidade de trabalho da sua liderança. Tal como Goleman refere, “os líderes admiráveis têm diversas formas de dirigir a sua equipa”, e isto enquadra-se precisamente com a ideia que defendo, um Líder tem que saber adaptar-se à sua realidade, fazendo com que a sua liderança flutue perante as necessidades do grupo.
                Na parte 2 deste texto, irei abordar a realidade e a influência num Líder e os erros mais comuns cometidos por Líderes, não colocando tudo de uma só vez com o objectivo de não me alongar demasiado e acabar por ser um texto enfadonho.

João Almeida

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