Através de uma
rápida pesquisa na Internet deparo-me com um significado para a expressão “Zona
de Conforto” com o qual já esperava. “Um conjunto de comportamentos executados
pelo indivíduo que lhe permitem uma sensação de segurança”, os quais acabam por
se tornar recorrentes devido a essa mesma sensação. A zona de conforto,
dependendo da personalidade de cada um, poderá ser um caminho escolhido, caso
essa segurança seja valorizada e apreciada.
Na imagem
acima temos José Mourinho e Marco Materazzi que, após terem vencido todas as
competições em que estavam inseridos ao serviço do Inter de Milão na época
2009/2010, protagonizaram uma despedida emocionalmente bastante sentida, como
todos nós pudemos testemunhar através de gravações desse momento íntimo. José
Mourinho, após conquistar a Liga dos Campeões pelo Inter, quebrando um jejum de
mais de meio século, sairia do Inter rumo ao Real Madrid. Sairia também da sua
zona de conforto, ingressando no maior clube do mundo.
No ano passado
o mesmo José Mourinho, enquanto Treinador do Manchester United, admitiu
problemas ao desenvolver as capacidades dos seus atletas por os considerar
inseridos numa zona de conforto da qual deveriam sair para dar o próximo passo.
Encontrava-se no sexto lugar da BPL à 24ª jornada aquando dessa declaração,
lugar do qual acabou por não sair.
Com efeito,
quando confrontados com a necessidade de abandonar esta zona de conforto que
acabam por conquistar, vemos Treinadores tomarem decisões referentes ao rumo
das suas carreiras que visam aumentar a sua produtividade. Atentemos a José
Mourinho e ao facto de que assim que conquistou a admiração dos vários clubes
por onde passou, depressa se decidiu a sair. Fê-lo no F.C.Porto, Chelsea,
Inter, não o conseguindo fazer totalmente no Real Madrid, pois faltou vencer a
décima Liga dos Campeões da história dos madrilenos. Tomemos Pep Guardiola como exemplo: o técnico
ex-Barcelona teve a mestria de construir porventura a melhor equipa que o mundo
do Futebol já viu. O seu tiki-taka baseado nos ensinamentos que reteve de Johan
Cruijff encantou tudo e todos e arrecadou títulos ano após ano. Não tivesse
Guardiola saído do Barcelona e quantos títulos teria hoje? Possivelmente
conquistaria o dobro dos títulos que arrecadou em Bayern e Manchester City em
conjunto. Por aqui obtemos que esta decisão de abandonar a zona de conforto é unânime
entre os melhores do mundo.
Confrontado
com esta situação, com as devidas e grandes diferenças, entenda-se, confesso
que abandonar essa zona de conforto não é fácil. A questão da segurança e do
costume, a opção pelo incerto, por mais certo que possa parecer, é uma questão
que pode prender o rumo que o próprio Treinador teceu para si. Na verdade, a
zona de conforto leva a um facilitismo que em nada contribui para a evolução do
Treinador. Quando se apercebe que já conquistou as pessoas que tinham
autoridade para julgar o seu valor, caso não seja capaz de ir colocando a si próprio
objectivos aliciantes, pode cair numa rotina perigosa em que o razoável e o
fácil ganham lugar. Há segurança e o costume sabe bem porque é conhecido, já o
desconhecido é incerto e causa medo.
Mantendo a
análise a esta questão curta e concisa, sair da zona de conforto motiva o
Treinador, reforçando os seus índices de preparação, reforçando a sua
necessidade de provar as suas qualidades perante novas entidades, novas pessoas
e novos atletas que estarão em constante avaliação do Treinador. Tomar a
decisão mais difícil para um reagrupar, para uma reprodução e a necessidade
reforçada de criar. Com diferentes recursos, mas uma necessidade reforçada de
criar e mostrar. A tomada de decisão pensada contra o facilitismo e contra a
zona de conforto. As consequências dessa tomada de decisão nunca serão perspectivadas
de antemão. Até porque um simples lançamento de dados pode ter vários
resultados diferentes. Mas não os lançar nunca poderá ser solução.
Pedro Cardoso
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