Embora a época desportiva 2016/2017 não
tenha ainda terminado, podemos já constatar que esta será uma época com variadíssimos
casos de mudanças de Treinadores. Só entre a 1ª e a 2ª Ligas ocorreram mais de
duas dezenas das famosas “chicotadas psicológicas”. Houve clubes a recorrer a
este “feito” por mais do que uma vez! Se as mudanças visavam alterar a insatisfação
perante os resultados menos bons, as segundas ou terceiras escolhas para novo Treinador,
em muitos dos casos, nada de novo trouxe e por vezes até agravou os resultados!
Mas como se processa
a escolha de um Treinador para resultar repetidamente em insucessos, como se
tem verificado? Partindo do princípio de que são os Dirigentes a escolher o Treinador
para o clube, porque escolhem A em vez de B?
Existem Direcções
que contactam e escolhem os Treinadores apenas pelo seu nome, por “ter nome”,
por ser conhecido seja a nível local (se for um clube da distrital), seja a
nível nacional (se for um clube de Primeira e Segunda liga)! Quase que chega a
ser “diz-me como te chamas, dir-te-ei quem treinas”. Este tipo de contratação é,
na maioria das vezes, para agradar à massa associativa e aos elementos da Direcção,
pois ao ouvirem um nome que já conhecem é por eles considerado um sinal
positivo.
Um Treinador
deve ser contratado pelo seu perfil! Mas o que o que é isto do “Perfil do Treinador”?
Ou como reconhecer se o “Perfil do Treinador” se adequa à sua equipa?
Cada Treinador
tem as suas características e estas são perceptíveis na forma como, em campo, a
equipa consegue executar o Modelo de Jogo idealizado pelo seu líder.
A meu ver, uma
Direcção, em linhas gerais, deveria ponderar:
· Como quero que a equipa jogue?
o
Em Posse? Em Contra-Ataque?
· Que tipo de Futebol?
o
Apoiado? Directo?
· Que tipo de Treinador?
o
Traz jogadores com ele?
o
Aposte na Formação?
As Direcções, ao
não pensarem nestes e noutros aspectos, quando contratam o Treinador, correm o
risco de verificarem que a forma de jogar não se enquadra com a equipa ou não
vai ao encontro do que a Direcção quer e os adeptos desejam. O que vai
acontecer mais tarde ou mais cedo? Despedimentos…
Não parece
interessante referir ou abordar todas as alterações de Treinadores que
aconteceram esta época, mas o caso do Sporting de Braga parece o mais
ilustrativo e relevante neste raciocínio:
O Treinador José
Peseiro, mesmo conseguindo vitórias, é despedido por pressão dos adeptos e
dirigentes que não gostavam da forma como a equipa jogava. O que faz a Direcção?
Contrata Jorge Simão, “esquecendo-se” do mais importante: analisar a forma de
jogar do Chaves, a qual retractava o Perfil de Treinador de Jorge Simão, onde facilmente
se percebia a aposta no contra-ataque e no aproveitamento das bolas paradas. O
que aconteceu depois? Mais do mesmo! Adeptos (e possivelmente também a
Direcção) insatisfeitos com a forma de jogar. E pior… as vitórias do início de
época já não apareceram com tanta frequência.
A próxima
época avizinha-se e as prováveis mudanças de Treinadores também. Uma vez
que todos os anos existe um número elevado de despedimentos, não será altura de
procurar Treinadores de uma forma diferente?
Deixem de
olhar a nomes e procurem perfis de treinadores, quer tenham 20 ou 60 anos, quer
treinem no Distrital ou na Primeira Liga, tenham ou não empresário… Porque o
que realmente importa é como põem a equipa a jogar, pois é isso que vai ser
valorizado pelos jogadores, pelos adeptos e pela Direcção!
Entendo que
contratar um Treinador sem ter o tal “nome conhecido” pode causar alguma
desconfiança na massa associativa, porém, sempre ouvi dizer que “primeiro
estranha-se e depois entranha-se”. Quero com isso dizer que se jogar conforme
os objectivos e se for conseguindo vitórias, rapidamente terá a aceitação por
parte de todos.
Por último, a
escolha do treinador pelo seu perfil também fará diminuir o “jogo das cadeiras”
a que têm sido sujeitos, pois a procura será feita de forma mais criteriosa e
profissional.
Rui Gomes
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