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Pensar o Treino: o Jogo na Iniciação do Guarda-Redes


Pensar o treino é uma crónica dentro da temática de Guarda-Redes, idealizado e focado essencialmente em debater questões relativas ao treino de Guarda-Redes.
O Futebol é um JOGO colectivo do qual o Guarda-Redes faz parte, sendo o último defensor do objectivo do jogo: marcar golo. Sendo o Futebol um jogo complexo, uma das questões que se coloca logo à partida é como vamos trabalhar o atleta no treino para o jogo. A minha indagação hoje vai ao encontro do trabalho específico de Guarda-Redes nos escalões de iniciação (até aos 10 anos de idade) e como esse trabalho por vezes é demasiado analítico, fechado e descontextualizado.
Apesar de, no momento, não estar a trabalhar com Escalões de Formação, foi por aí que comecei e é aí onde começa a maioria dos Treinadores. Já na altura me questionava sobre quais seriam as melhores maneiras para trabalhar o Guarda-Redes na iniciação, onde o principal foco deve ser o ganhar o gosto pela posição, mas também conhecer e executar algumas acções básicas da posição (principalmente técnicos e de regras específicas).
Sou apologista do trabalho específico de Guarda-Redes pensado para o jogo e através do jogo, quer seja “partindo” o jogo em momentos específicos de modo a trazê-los para o treino, quer seja trabalhar o jogo através de formas jogadas condicionadas (jogos reduzidos, etc.). Na iniciação, o caso torna-se ligeiramente diferente, principalmente porque a criança ainda nem o próprio corpo controla adequadamente e já lhe estamos a falar em aspectos técnicos demasiado específicos e aborrecidos. Este é um dilema grande na iniciação: como trabalhar os aspectos técnicos que são essenciais à performance do Guarda-Redes e ao mesmo tempo tornar essa aprendizagem em algo produtivo, com real tempo de prática, divertido e interessante.


Não tenho a solução para este problema. Ou será que tenho? Tudo o que preciso é do jogo, de adaptar formas jogadas. O jogo é a chave para o jogo! Na iniciação os jogos lúdicos adaptados e transformados podem trazer-nos tudo ou quase tudo o que precisamos para o treino específico. Para isso é preciso imaginação. Pensar o problema que temos em mão e procurar formas de o resolver. Nunca será fácil, mas a experiência diz-me que é nestes momentos que as crianças vão aprender mais, estar mais focadas e realmente ganhar prazer pelo que pretendemos: Defender.
Quero concluir afirmando que o jogo é uma ferramenta poderosa, mas que devemos saber que há alturas e “timings” apropriados para correcções mais técnicas e, claro, para ensinar os princípios básicos técnicos e tácticos do Guarda-Redes. Como em tudo é preciso um equilíbrio, mas nunca devemos abusar desse trabalho analítico e fechado. Um aspecto extremamente importante vai ao encontro da linguagem utilizada/comunicação: não pode ser demasiado específica e convém falarmos de coisas práticas e que sejam fáceis para as crianças reterem. Um exemplo: nas quedas, um erro extremamente comum na iniciação é a criança acabar por cair de peito para baixo. A minha resposta? “Já estás outra vez a ir como o Super-Homem!”. Porque, na realidade, todos os Guarda-Redes são super-homens…

                                                                       Miguel Menezes

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