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Organização de um Clube - Fases Sensíveis da Formação


Todos os clubes que possuem uma boa Formação debatem, a nível interno e de forma geral, a organização dentro de cada uma das suas equipas de Formação: a organização dos treinos, a planificação dos treinos, os mesociclos, os microciclos, etc.
Partindo do princípio de que nos escalões de Formação as famosas “quintas” não existem, seria necessário que cada clube se organizasse para que o seu principal objectivo fosse a potencialização do atleta ao longo das suas fases de crescimento.
Nesse sentido, e seguindo o formato que considero necessário para os clubes se organizarem, é pertinente abordar a importância das Fases Sensíveis neste processo. As Fases Sensíveis são períodos limitados de tempo na vida dos indivíduos em que eles respondem de forma mais intensa do que noutros períodos, a determinados estímulos do ambiente exterior. O termo “fase sensível” refere-se ao intervalo do desenvolvimento durante o qual o efeito de um estímulo é maximizado.
Obviamente que não se deve treinar essas capacidades apenas nessas idades, mas sim dar primazia a essas e (se necessário) “deixar para trás” outras com menos relevância, definindo-se, dessa forma, as prioridades de cada escalão etário.


Tomando como exemplo um treino para atletas de 6/7 anos, em que se promove o exercício cuja principal intenção é a componente força, poderá numa competição resultar na vitória, já que possivelmente estes rematarão de mais longe e terão também mais vantagem no “choque” com o adversário. Porém, este tipo de treino é desaconselhável, pois pode afectar o desenvolvimento da criança. Nestas idades deve favorecer-se o treino da coordenação dos movimentos e a relação do atleta com a bola.
Existem muitos outros exemplos em que, quer seja por desconhecimento ou por “obsessão” de vitória, alguns treinadores não aproveitam essas fases sensíveis para potenciar os jovens atletas. Mas estaremos a formar para essa época? Ou queremos formar para o futuro?
A competência de um Treinador da Formação não deveria ser avaliada em função das vitórias ou das derrotas. Devem ser valorizados aqueles que potenciam os jogadores e que se focam no mais importante para cada escalão, mesmo que isso os faça perder pontos e jogos.
Em entrevista, Aurélio Pereira disse que “Ronaldo nunca foi campeão na formação” e relembrou que “a prioridade dos clubes deve ser formar os jogadores. Depois, vêm as equipas recheadas de títulos”.
Como é sabido, existem clubes onde é necessário melhorar a organização e para isso será importante criar linhas orientadoras a todos os Treinadores. Evidentemente que todos os Treinadores gostam de ter liberdade no seu treino, mas estas linhas orientadoras não retirariam essa autonomia ao Treinador. Pretendem apenas ser uma planificação-base sobre o que desenvolver em cada escalão. Essas linhas orientadoras poderão ser mais ou menos rígidas, embora possa não concordar com aquelas que são adoptadas em alguns clubes, sobretudo quando chegam a ditar o Modelo de Jogo e o Sistema Táctico preferencial.
Caso não haja organização, os Treinadores correm o risco de estar uma época a treinar preferencialmente uma forma de jogar e na época seguinte fazer exactamente o contrário. Por exemplo, uma época jogar futebol directo e na próxima jogar apoiado e vice-versa. Acham que será fácil para o próprio atleta?
Concluindo: na minha opinião, as idades sensíveis poderiam ser a base para a organização e criação das linhas orientadoras, pois trata-se da Formação dos atletas e isso não se faz apenas num ano ou num único escalão. É um longo caminho a percorrer!

                                                                                         Rui Gomes

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