“Administração,
staff, jogadores e toda a gente que gosta do FC Porto continua e continuará a
ser FC Porto. Vamos ganhar sempre e cada vez mais. Somos o FC Porto e estamos
unidos. Não se esqueçam disso. É a nossa mensagem para todo o país!”
Recuando
a 2010, ouvíamos Nuno Espirito Santo a assumir as rédeas de um comunicado que
se viria a demonstrar o mais eficaz possível. Esperava-se, portanto, que
enquanto treinador num clube que lhe deve ser tão especial, viesse a assumir
este espírito e o conseguisse introduzir dentro do actual plantel portista.
É
sobejamente conhecida a construção deficitária do plantel do F.C. Porto para a
época 2016/2017. Por incapacidade financeira? Talvez. Aliar a falta de títulos
nos últimos anos, a dinheiro despendido em contratações que mais tarde se
viriam a revelar verdadeiros flops e com pouco contributo para a melhoria da
qualidade do plantel. Dando exemplos sobre as últimas 4 épocas (coincidentes
também com o último título portista):
- 2013/2014: Juan Quintero –
10,00 M€ & Diego Reyes – 7,00 M€
- 2014/2015: Adrián Lopez – 11,00 M€
- 2015/2016: Giannelli Imbula – 20,00 M€
- 2016/2017: Willy Bolly – 6,50 M€ & Laurent Depoitre – 6,00 M€
Apesar de todas estas condicionantes Nuno Espirito Santo viria a conseguir transformar os atletas e formar um grupo unido. Depois de um início de época titubeante com a primeira (e única) derrota a surgir logo na 3ª jornada frente ao Sporting CP fora de casa e a perda de pontos inesperados (Tondela, Vitória FC, Belenenses e Paços de Ferreira), a verdade é que conseguiu erguer a equipa e recuperar pontos face ao líder.
Com uma constituição inicial em
1-4-3-3 que rapidamente se modelou para 1-4-4-2, um dos aspectos que permitiu a
melhoria da equipa foi a regularidade e consistência que a defesa foi
consolidando desde início. Casillas, Maxi, Felipe, Marcano, Alex Telles e
Danilo foram cimentando o seu lugar dentro do 11 inicial, o que permite à
equipa ser de momento a defesa menos
batida da Liga NOS.
O problema parte daqui para a
frente onde a posição nº8 sofreu várias mexidas ao longo da época com Herrera
(bastante contestado), Oliver (que ora joga a 8, ora joga na linha) e André
André, por último, a dividirem a despesa sem que alguém assumisse a posição com
capacidade suficiente para encher aquele meio-campo como outrora outros
elementos o fizeram.
Nas linhas, Corona foi sendo o
mais regular na ficha inicial, sendo que Brahimi sem que ninguém o entendesse
apenas mais à frente viria a aparecer. Em detrimento Otávio (confirmando a
época anterior), vinha a ganhar o seu espaço, mas com uma lesão abriu espaço
para que outros aparecessem.
Na frente Depoitre nunca
demonstrou ser opção para um grande em Portugal, Adrián ainda foi testado, mas
as suas características não encaixam no estilo de jogo pretendido e André Silva
tem sido o titular absoluto, demonstrando as suas credenciais até ao
aparecimento de Soares, que viria a ganhar a sua importância e a retirar algum brilhantismo
à época que vinha a ser produzida pelo seu parceiro André Silva. O último
elemento Jota, agigantou-se por momentos, mas não conseguiu uma regularidade
exibicional que lhe permitisse consolidar o seu estatuto como jogador de equipa
principal.
Com a estabilização de Brahimi,
Corona e Soares no 11 inicial, desde Janeiro o F.C. Porto conseguiria 9
vitórias seguidas com deslocações difíceis a Guimarães, Estoril, Arouca e
Boavista e com uma vitória pelo meio frente ao eterno rival, Sporting C.P..
Neste breve resumo abordei a
trapalhada na constituição do plantel e do 11 inicial, da falta de maturidade e
de estofo de campeão. Falo agora na comunicação que a certo ponto foi
direccionado para as falhas de arbitragem. Não estando em causa o acerto ou não
na questão dos lances, a verdade é que até certo ponto a pressão foi retirada
de cima da equipa, sendo que nos momentos decisivos, não se pode apenas sacudir
a água do capote e não se assumir com um estilo de jogo de candidato ao título
e uma atitude dentro de campo condigna do mesmo. E a verdade é que nas falhas,
a abordagem foi muito para fora, não olhando e prevenindo as falhas que se
viriam a revelar decisivas.
E com esta última frase, chego ao
ponto principal. O estilo de jogo Portista revela-se bastante deficitário numa
fase adiantada da época para um candidato ao título. Aliado a isto a falta de
qualidade no plantel que permita resolver jogos sozinhos, justificam alguns dos
maus resultados conseguidos pela equipa. E aqui deixo um vídeo, demonstrando a
falta de qualidade na 1º fase de construção, com poucas dinâmicas ofensivas e
com a solução de chegar ao último terço e cruzar à espera que assim se resolva.
Mais do mesmo… As bolas paradas acabam por assumir grande importância, com
jogos resolvidos dessa forma.
Para terminar, sabiam que o F.C.
Porto perdeu apenas uma vez para o campeonato? É normal que o F.C. Porto tenha
9 empates e nessa vertente, apenas Chaves, Boavista e Paços de Ferreira tenham
mais empates? É normal que em 9 desses empates tenha a incapacidade de marcar
golos registando 5 nulos?
Ricardo Carvalho
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