No Futebol, como noutro qualquer
Desporto, há figuras que ficam marcadas na História, certamente que em várias e
diferentes categorias. Treinadores como Alex Ferguson, José Mourinho,
Guardiola ou Cruijff ficarão na História pelos novos métodos de treino que
aplicaram nas suas equipas e pela cultura vencedora que criaram ao longo de
anos e anos ao mais alto nível. Árbitros como Pierluigi Colina ou Mark Clattenburg serão conhecidos pela mestria com que conduziram os seus jogos enquanto juízes das incidências
dos noventa minutos. E jogadores como Péle, Maradona, Baggio ou Zidane
(entre muitos outros possíveis exemplos) marcaram o mundo do Futebol, são imortais pela sua qualidade, sendo ainda hoje em dia falados, seguidos,
estudados e considerados os melhores jogadores de sempre.
Ignorando as cores clubísticas,
quando procuramos um jogo de Futebol, ou nos deslocamos a um estádio para ver um
jogo, queremos ver espectáculo. Infelizmente nem todos os agentes desportivos
contribuem para o embelezamento do jogo, mas ainda há quem o faça. São os génios,
os grandes craques, os jogadores que marcam gerações e que jamais cairão no
esquecimento.
Zlatan Ibrahimovic é um deles. Estou preocupado em escrever um
artigo em jeito de despedida, da despedida de Zlatan dos relvados, bem
entendido. No meu sincero entender, estamos perante o melhor avançado centro dos
últimos quinze anos e todos sabemos como a lista é longa e recheada de grandes
goleadores.
O sueco nunca ganhou uma Champions League, o que acaba por ser um
infortúnio na sua carreira e nunca ganhou um título pela sua Selecção, estando
todos nós cientes da dificuldade de ver a Suécia a vencer títulos. Ainda assim,
atentemos no número de campeonatos ganhos por Zlatan, como ilustra a imagem em
baixo apresentada: são treze campeonatos, sendo Zlatan campeão holandês,
italiano, espanhol e francês.
No
passado dia 20 de Abril, em jogo a contar para os Quartos-de-Final da Liga Europa, frente ao Anderlecht, Zlatan contraiu uma
lesão que o manterá afastado dos relvados durante nove meses. Depressa deu-se como certa a sua retirada dos relvados, devido ao contexto em que esta lesão aparece: uma lesão
altamente limitadora num atleta de 35 anos. "Ibra", ao longo da sua carreira, construiu a sua própria identidade, a sua filosofia própria, criando a ideia de um atleta imune
ao fracasso, de um vencedor nato, de um ser humano sobrenatural. Muitas vezes
associamos tais egos à falta de humildade, mas se alguém pode dizer que é bom
no que faz, esse alguém é o sueco. Após a garantia do próprio de que a sua carreira estaria
longe de terminar após a lesão, uma coisa me parece óbvia: teremos Zlatan de
volta, custe o que lhe custar. Agora em que condições?
Serei sincero ao dizer que,
apesar de todos os títulos, das centenas de golos, dos milhares de lances
memoráveis que protagonizou dentro das quatro linhas, muito do estatuto que
hoje lhe reconheço o ganhou no Manchester United. Parece estranha esta opinião,
dado que são mais de quinze anos de grandes sucessos, em comparação com nove
meses em que venceu duas taças é certo, mas a classificação do clube na Premier League em nada condiz com a grandeza de Zlatan, nem com a do próprio
clube, habituado a grandes temporadas.
Mas Zlatan entra na Premier League com 34
anos e passado um mês fez 35, tornando-se na grande estrela da equipa, uma estrela que o Manchester United há muito necessitava. Aos 35 anos chegar à Premier League,
após quatro temporadas na Ligue 1, um campeonato em termos de intensidade ainda aquém do melhor campeonato do planeta, é obra sobrenatural. Todos os pergaminhos
que Zlatan a si chama são demonstrados em campo. E este ano não foi diferente.
O Futebol ficou mais pobre a
semana passada, isso ninguém pode contrariar. Sabemos que Zlatan voltará aos
relvados...pelo menos eu permaneço optimista em relação a isso. Sabemos que
acontecendo, veremos grandes coisas do craque sueco, porque o insucesso
simplesmente não passa pela carreira de "Ibra". Sabemos que dificilmente o fará
no Manchester United, porque é difícil aguentar um contrato como o de "Ibra",
para um jogador a recuperar de lesão e com regresso incerto. E também sabemos
todos que Zlatan Ibrahimovic, sueco de nacionalidade, rei de cognome, será para
sempre lembrado como um dos melhores avançados da História do Futebol, porque
foi precisamente ele mesmo: Zlatan Ibrahimovic.
Pedro Cardoso
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